Na última quarta-feira (10), o escritor Roney Lemes falou sobre a crescente influência islâmica na Europa e no ambiente digital durante o lançamento de seu livro “Dez Refutações ao Islão”, na Zion Church Lisboa. A obra expõe as principais incoerências teológicas, morais e históricas do Islã e busca ampliar o conhecimento dos cristãos sobre a religião.
Casado e pai de quatro filhos, Roney é escritor, pregador e formador na área de apologética cristã. No evento, ele explicou o que o motivou a escrever o livro após mais de um ano de pesquisa:
“O livro nasceu a partir da perspectiva de que a nossa realidade estava cada vez mais, digamos, obstruída pela presença islâmica na Europa, mas não só na Europa, na internet também. Surgiu ainda do desejo de que os cristãos tenham mais conhecimento sobre o Islã, porque, infelizmente, os muçulmanos conseguem levar a melhor na conversa deles com cristãos por conta da ignorância. E a ignorância é uma grande arma que os muçulmanos, hoje em dia, usam”.
A realidade do Islã no mundo e na Europa
Roney afirmou que não tem uma visão “apocalíptica” em relação ao Islã, mas demonstrou preocupação com a grande influência da religião no continente europeu.
Ao citar a eleição de prefeitos muçulmanos em cidades como Londres e Birmingham, na Inglaterra, e a formação de bairros majoritariamente muçulmanos em países como a França, ele destacou:
“Parece que isso gera em nós um medo do Islã tomar tudo. Só que cremos no Senhor Jesus Cristo, temos que contar com o avivamento. E se nós contamos com o avivamento, e com o mover e o poder de Deus em nós, de repente, os muçulmanos na Europa estão numa ‘armadilha’ e não sabem ainda”.
“O Senhor vai se mover grandemente no Reino Unido, na França, na Alemanha, onde o Islã é muito forte. E tenho a certeza que vamos poder testemunhar milhares, senão milhões de salvações nos próximos 20, 30 anos, como já temos visto”, acrescentou.
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Segundo o autor, o crescimento do Islã na Europa está ligado, em grande parte, à imigração em massa. Ele citou estudos do Reino Unido que indicam que uma parcela significativa da segunda geração de muçulmanos tende a abandonar a religião ao longo da vida, assim como a maioria dos ocidentais que se convertem ao Islã acaba deixando a fé poucos anos depois, à medida que passa a conhecer mais profundamente seus fundamentos.
O fundamento do Islã
Ao abordar o fundamento do Islã, Roney afirmou que a origem da religião não é claramente explicada nem mesmo por líderes islâmicos. Ele disse que, de acordo com relatos das hadiths — narrativas externas ao Alcorão — o Islã teria surgido no século 6 a partir de uma experiência espiritual vivida por Maomé em uma caverna, quando ele teria recebido a primeira revelação do anjo Jibril (Gabriel).
O autor acrescentou que algumas dessas histórias descrevem o episódio de forma controversa, o que levanta questionamentos sobre a natureza dessa experiência e sobre os fundamentos da fé islâmica.
“Basicamente, o Islã começa como uma experiência mal explicada deste homem dentro de uma caverna que não havia nenhuma testemunha. É bom lembrar isso, não havia nenhuma testemunha”, disse ele.
Roney também observou que a expansão da religião ocorreu em um contexto de isolamento geográfico e, posteriormente, de imposição pela força quando seus seguidores se tornaram maioria.
Segundo ele, esse processo envolveu a combinação de uma experiência inicial pouco esclarecida, o uso da violência para difundir a fé e a criação progressiva de normas conforme as circunstâncias do período.
“Quando eles se tornam maioria, eles se impõem. E de repente, a maioria que ficou do lado do Maomé e lhe aceitou como profeta, eles começaram a desembainhar a espada e a forçar todos aqueles que não eram muçulmanos a crer na mensagem de Alá”, expluicou ele.
Os muçulmanos amam Jesus?
O autor também abordou a forma como o Islã se refere a Jesus, destacando que, embora o Alcorão mencione a figura de Jesus, se trata de um personagem diferente do que é apresentado na Bíblia.
“Quando você conversa com um muçulmano, 99,9% das vezes ele vai te dizer: ‘Mas nós também amamos Jesus’. Isso é uma mentira para te aproximar do Islã”, declarou Roney.
Ele contou que relatos de milagres atribuídos a Jesus no Islã tem origem em textos apócrifos rejeitados pela tradição cristã, o que evidencia diferenças fundamentais entre o Jesus do Alcorão e o Jesus da Bíblia, especialmente quanto à divindade, à crucificação e à ressurreição.
“Então, um muçulmano vai dizer que crê nos milagres de Jesus, mas eu vou dizer que eu também creio nos milagres de Jesus, mas eu creio nos milagres que a Bíblia aponta como milagre”, afirmou Roney.
“O Jesus das Escrituras é o Filho de Deus. Ele é enviado por Deus, foi crucificado e ressuscitou no terceiro dia. Mas, o Alcorão não diz isso. Então, não tem como eles dizerem que amam a Jesus como nós amamos. Isso é mentira”, acrescentou.
Principais diferenças entre o cristianismo e o Islã
Roney afirmou que uma das principais diferenças entre o cristianismo e o Islã está na compreensão sobre Deus e a filiação divina de Jesus. Segundo ele, o Alcorão descreve Alá como “alguém que não pode ter filhos porque precisa de uma parceira”.
“Como é que Deus Pai enviou e gerou seu filho, não tendo parceira? Porque ele é Deus todo poderoso, tudo pode e tudo faz. E Jesus nasceu de maneira miraculosa através de Maria. Agora, Alá, que diz ser todo poderoso, está tão limitado, que tem que ser tipo uma espécie de Zeus, tem que encontrar uma mulher humana para ter relações com ela. É essa a ideia que o muçulmano tem”.
Sobre a tradução de “Allah” como “Deus” para o árabe, Roney explicou: “É uma tradução. Não é nome, mas termo, Deus. Ou seja, como tem God, tens Dios, tens Deus. Em árabe seria Allah”.
Ele também comentou a afirmação comum de que o Islã seria uma continuação da fé abraâmica, explicando que essa ligação não é sustentada de forma consistente pela própria tradição islâmica sem recorrer à Bíblia.
Sobre a confiabilidade da Bíblia, Roney afirmou que o argumento de que as Escrituras teriam sido corrompidas não é exclusivo do Islã e também é utilizado por ateus. Segundo ele, a credibilidade da Palavra de Deus pode ser avaliada ao considerar sua formação histórica, a diversidade de seus autores e o cumprimento de profecias anunciadas anos antes de se realizarem.
Roney destacou que a confiabilidade da Bíblia é o primeiro e mais recorrente ponto de ataque dos muçulmanos aos cristãos. Segundo ele, por isso é fundamental que os cristãos conheçam as Escrituras, compreendam sua formação histórica e saibam explicá-las:
“A primeira coisa é: focar em conseguir compreender as Escrituras. É muito importante. Basicamente, é, quando nós cremos em Deus, a nossa fé é uma fé bonita, porque não é só crer, é uma fé que se crê e que se explica”.
Roney acrescentou que, diferentemente dos cristãos, os muçulmanos passam por um processo contínuo de formação doutrinária, sendo treinados para responder a críticas e questionamentos sobre sua fé. Por isso, ele encorajou os cristãos a estarem igualmente preparados:
“Todo o muçulmano é treinado para responder questionamentos porque ele tem uma escola diária. Ele cresce na fé dele, entendendo o Alcorão e também tendo refutações para argumentos. Hoje em dia, a gente sabe o que é que eles ensinam nas mesquitas. Então, a gente vai com argumentos daquilo que a gente sabe que eles não ensinam nas mesquitas. Eles ficam perdidos, porque toda a religião islâmica é muito em prol de repetição”.
O autor afirmou ainda que a defesa das Escrituras também é essencial para responder a argumentos que vão contra a divindade de Cristo e a Trindade: “Eles sempre vão dizer: ‘Como é que um Deus que é três, Ele é o Pai, mas que depois envia o Filho e que depois envia o Espírito Santo?’. Então, quando você abre as Escrituras no Antigo Testamento um Deus que é multipessoal, já não há mais argumento para isso”.
Qual o papel da Igreja?
Por fim, Roney falou sobre a evangelização de muçulmanos e alertou os cristaos sobre o papel da Igreja:
“A missão da Igreja é purificar o leproso. É olhar para esse grupo como um campo missionário. É um campo missionário que é espinhoso porque envolve um aspecto doutrinário. Eles são mais treinados do que outros grupos e até são mais violentos. A gente precisa amar, precisa falar a verdade”.
“Nós estamos aqui falando de um livro que refuta o Islã, mas a prática do amor independe disso. A prática do amor é para todos. E se eu creio num Deus que se entregou e eu fui feito à imagem Dele, eu vou me entregar também. Eu vou gastar e investir o meu tempo”, concluiu.