Alexandre Canhoni, que foi um dos“Paquitos” nos anos 1980, abandonou sua carreira internacional quando estava no auge da fama para seguir a Cristo e se tornar um missionário.
Durante participação do podcast “Café com Eles”, apresentado pelo pastor Rodrigo Salvitti em parceria com o Guiame, Alexandre contou como foi seu encontro radical com Jesus.
Criado em São Paulo, ele começou a trabalhar no meio artístico desde cedo. Ainda criança, Alexandre atuou em comerciais e propagandas.
Em busca da fama
Seu talento para dança e música logo foi descoberto. Enquanto crescia, ele integrou bandas de rock e grupos de covers, se revelando como um artista completo.
“Eu corri atrás do sonho que era ser famoso. O problema não era ter dinheiro ou não. Eu queria ter a fama, então eu corri atrás. Meus pais, sempre muito solícitos nisso, deixavam. Inclusive, meu pai me emancipou com 16 anos pra eu poder já viajar sozinho, correr atrás de carreira artística”, contou ele.
Mais tarde, Alexandre fez testes para integrar a boy band “Paquitos”, que foi febre no Brasil nos anos 1990. O artista passou na seleção e ganhou muita fama.
Em 1992, ele decidiu sair da banda e seguir carreira solo. “Iniciei minha trajetória solo gravando discos de vinil. Lançamos uma música que logo começou a tocar nas rádios: ‘La Cucaracha’, uma versão em estilo meio rumba. Foi o início de uma nova fase, que deslanchou entre 1993 e 1994, com uma turnê internacional na América Latina”, lembrou o ex-paquito.
Alexandre se apresentando em show na época da fama. (Foto: Arquivo pessoal/Alexandre Canhoni).
Ele revelou que chegou a fazer rituais ocultos para conquistar destaque no show business. “No auge da minha carreira, fiz pactos e rituais para alcançar fama e poder. Diferente de muitos, eu tinha plena consciência do que estava fazendo. Não era ignorância”, disse.
Após consolidar sua carreira solo, Alexandre começou a trabalhar em um grande lançamento no cenário mundial.
“A ideia era começar fora do Brasil e trazer o sucesso de volta ao país. Estava tudo pronto: estádios lotados, o que eu sempre sonhei. Mas foi nesse ponto que Deus começou a trabalhar em minha vida de uma forma que eu jamais imaginava”, relatou.
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Em fevereiro de 1995, os planos e sonhos do cantor mudaram para sempre. Ao sair de um estúdio no centro de São Paulo, Alexandre ouviu uma música que o impactou tanto a ponto de procurar de onde era.
“Andei até a Galeria Copan e, quase sem querer, me deparei com um culto acontecendo em um cinema. Entrei contrariado, pensando: ‘O que esses crentes podem me oferecer? Eu já tenho tudo!’ Mas naquele momento, algo sobrenatural aconteceu”, comentou.
Durante o culto, o artista foi tocado por Deus de forma poderosa, o levando ao arrependimento. “Ali, pela primeira vez, senti algo que nunca tinha experimentado: a presença de Deus”, testemunhou.
“Eu disse a Deus: ‘Se é para mudar, mude minha vida completamente’. Aquele momento mudou completamente o rumo da minha vida”.
Deixando tudo por Cristo
Alexandre na missão no Níger. (Foto: Arquivo pessoal/Alexandre Canhoni).
O artista se entregou a Jesus e decidiu abandonar sua carreira para mudar de vida. “Não fui ao lançamento mundial, não continuei com os planos de carreira internacional. Decidi romper com tudo que representava meu passado. Queimei objetos, roupas e materiais que não estavam consagrados ao Senhor. Reconheço que, na época, poderia ter agido de forma diferente em alguns aspectos, mas tudo foi feito com a convicção de que eu precisava cortar completamente os laços com aquilo que não agradava a Deus”, observou.
A mudança drástica do ex-paquito foi notícia na imprensa. Mesmo enfrentando críticas, o cantor se manteve firme em seu propósito.
“Quando Jesus entrou na minha vida, tudo isso perdeu o sentido. O que experimentei naquele culto foi completamente diferente de qualquer ritual ou prática que eu já conhecia. Era a presença verdadeira de Deus”, enfatizou.
E acrescentou: “Pedi perdão aos fãs que se sentiram magoados, e, ao longo dos anos, muitos entenderam minha transformação. Meu foco sempre foi o mesmo: viver para Jesus e ganhar almas”.
Para Alexandre, sua transformação foi algo sobrenatural. “Foi um processo, mas eu permiti que o Espírito de Deus operasse em minha vida. É algo que nenhuma filosofia ou lógica humana pode explicar”, afirmou.
“Eu sabia da onde Jesus tinha me tirado, e isso era suficiente para que eu nunca mais quisesse voltar. Não existia proposta, seja de dinheiro, seja de fama, capaz de me fazer negociar minha fé em Cristo”.
Em 2001, o ex-paquito sentiu Deus o chamando para as missões, cuidando de pessoas vulneráveis.
“Foi como se Deus me tirasse do estrelato e me colocasse em meio àqueles que viviam na escória da sociedade. Passei a ter um olhar de misericórdia pelos mendigos, pelos pobres e miseráveis”, disse.
“Cheguei ao ponto de levar mendigos para minha casa. Eles comiam comigo, tomavam banho, e isso gerava um verdadeiro caos no prédio. Muitos no condomínio não entendiam, achavam que eu tinha enlouquecido”, revelou.
Alexandre se formou em capelania e também começou a servir em prisões, como o Carandiru, hospitais e ruas. Segundo o cristão, esse período foi uma preparação do Senhor para ao campo missionário mais tarde.
“Ele estava quebrando em mim o nojo, a repulsa, me ensinando a lidar com situações que muitos evitam: o cheiro forte, a sujeira, a falta de higiene, e até abraçar bêbados que haviam vomitado. Tudo isso fazia parte do processo de transformação que o Senhor estava realizando na minha vida”, admitiu ele.
Missão no Níger
Alexandre na missão no Níger. (Foto: Arquivo pessoal/Alexandre Canhoni).
O ex-paquito começou a ser tocado para servir crianças, adolescentes e jovens. “Em oração, pedi algo ousado a Deus: ‘Pai, se o Senhor tiver isso para mim, eu quero falar do seu amor para crianças, jovens e adolescentes do país mais pobre do planeta’. Era um desejo genuíno, que parecia impossível. Mas Deus começou a abrir portas”, contou.
Com a provisão do Senhor, Alexandre iniciou uma missão no Níger, um país que tem ocupado o último lugar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
“Quando cheguei a Níger, as condições eram desafiadoras: 99,9% da população muçulmana, calor extremo que chegava a 50 °C, mais de 20 dialetos além do francês, e quatro facções terroristas ativas no país. No entanto, comecei de forma simples: levei algumas bolas de futebol e organizei brincadeiras com as crianças. Ali, Deus começou a mover algo grande”, lembrou.
Junto com sua esposa, Alexandre se tornou missionário no país africano. “O Níger se tornou nosso lar e nossa missão. Deus nos deu uma base que estava abandonada há mais de dez anos, em troca de uma casa que tínhamos no Brasil. Foi um passo de fé, mas Deus tem nos sustentado em todos os desafios”, declarou.
E destacou: “Hoje, quando olho para trás, vejo que Deus usou cada detalhe – do estrelato à escória, do presídio ao campo missionário – para me moldar. Nada foi em vão. Ele transformou o desejo de fama em uma paixão por vidas. E é isso que continua me movendo até hoje”.