Especialistas explicam sofrimento de Jesus na crucificação: “Respirar causava dor intensa”

Segundo estudiosos, Cristo foi crucificado nu para ser humilhado e sofreu asfixia, choque hipovolêmico e falência cardíaca.

fonte: Guiame, com informações de Gazeta do Povo

Atualizado: Terça-feira, 15 Abril de 2025 as 4:03

Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/YouTube/Fernanda SantosJ.C).
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/YouTube/Fernanda SantosJ.C).

O arqueólogo Rodrigo Silva e o médico cardiologista Ricardo Costa se uniram para explicar os detalhes do sofrimento físico e espiritual da crucificação de Jesus, relatada nos quatro evangelhos da Bíblia.

Durante participação recente no podcast Inteligência Ltda, os estudiosos explicaram que a morte na cruz era uma forma de execução usada pelo Império Romano para torturar e humilhar condenados, e servia de exemplo da repressão do Estado, conforme a Gazeta do Povo.

Os sentenciados eram crucificados nus e ficavam suspensos sob um sol escaldante, diante de uma multidão, com o objetivo de causar dor intensa e vergonha.

“Eles não queriam matar apenas o corpo, eles queriam matar a moral da pessoa. Era uma tortura psicológica também”, comentou Rodrigo Silva.

A tortura durava de três a quatro dias, até o condenado não resistir e morrer. Logo depois, os corpos eram descartados em valas comuns. Exceto Jesus, que teve o corpo resgatado e sepultado por José de Arimateia e Nicodemos, segundo o relato bíblico.

Pregos nos calcanhares

Rodrigo observou que, segundo vestígios históricos, pregos longos de ferro eram inseridos nos dois calcanhares dos pés dos condenados, ao contrário do que se imaginou por muito tempo de que os dois pés juntos eram perfurados por um prego.

Do ponto de vista médico, a crucificação é uma das formas de execução mais dolorosas e letais. O médico cristão Domingos Mantelli explicou que era muito difícil respirar para o crucificado. 

“Na cruz, o corpo de Jesus ficou suspenso pelos braços, com os pulsos fixados com pregos, e os pés também. Isso resultava em ombros sendo puxados para cima e para fora, tórax ficando em uma posição de inspiração parcial constante (com dificuldade extrema para expirar, ou seja, soltar o ar)”, descreveu ele, em postagem no Instagram.

“Para conseguir expirar e depois inspirar novamente, Ele precisava se apoiar nos pés pregados e fazer força com as pernas e puxar com os braços também pregados. Esse esforço causava dor excruciante e exaustão rápida”.

Com o passar do tempo, a respiração se tornava cada vez mais difícil. Quando o condenado não conseguia mais sustentar o peso do corpo, ocorria a asfixia progressiva. “Levando à hipoxia (falta de oxigênio) e, por fim, à morte”, observou o médico.

Causas médicas da morte de Cristo

Domingos ainda falou sobre as causas médicas da morte de Cristo. “Provavelmente, envolveu uma combinação de fatores, como choque hipovolêmico devido a perda excessiva de sangue, associado a uma asfixia por exaustão, uma vez que o peso do corpo suspenso dificultava a respiração, levando também à falência cardíaca”, relatou.

Alguns estudiosos também sugerem que Jesus pode ter morrido de tamponamento cardíaco ou ruptura do miocárdio.

“O que explicaria o relato em João 19:34, onde, ao ser perfurado com uma lança, saiu ‘sangue e água’, o que pode indicar acúmulo de líquido no pericárdio (derrame pericárdico) e no pulmão (derrame pleural)”, acrescentou Domingos.

Na tradição romana, os soldados quebravam os ossos das pernas do crucificado, para impedir que respirasse e assim acelerasse a morte.

Foi o que aconteceu com os ladrões crucificados ao lado de Jesus. Porém, com Cristo isso não aconteceu. 

Conforme o relato bíblico, quando os soldados chegaram Ele já estava morto, se cumprindo a profecia de que nenhum de seus ossos seria quebrado, no Velho Testamento.

Sofrimento espiritual

Para Rodrigo Silva, além do sofrimento físico e psicológico, Jesus também enfrentou o sofrimento espiritual.

Ao clamar “Deus meu, por que me abandonaste?”, Cristo revela a intensa angústia da separação entre o Filho e o Pai naquele momento.

“Mas sabe o que mais impressiona nisso tudo? É que ele passou por todo esse sofrimento por amor por mim e por você. Consegue imaginar o tamanho desse amor? Mas a boa notícia é que vivo Ele está!”, refletiu Domingos Mantelli.

veja também