A Bethel Church é uma das igrejas americanas que têm maior impacto sobre os evangélicos brasileiros. Seja pelos seus louvores, cantados em muitas igrejas pelo país, ou pelos livros e vídeos de pastores como Bill Johnson e Kris Vallatton, que ajudaram a tornar “mover profético” e “avivalista” termos mais populares no meio.
Entre os outros líderes dessa igreja multicultural norte-americana em Redding, Califórnia, estão alguns brasileiros. A brasiliense Paula Romez, foi uma das pioneiras nesse movimento e hoje dirige a versão em português da Bethel School of Supernatural Ministry, mais conhecida como BSSM. Oferecida nas modalidades presencial e online, a Escola Bethel de Ministério Sobrenatural já formou quase 700 avivalistas de fala portuguesa. São cerca de 1200 alunos atualmente e, a partir de fevereiro de 2025, devem ser mais de 1400. Na maioria brasileiros, eles vivem em mais oito países: Estados Unidos, Moçambique, Portugal, França, Alemanha, Japão, Canadá e Itália.
Paula mudou-se para Redding em 2014, para cursar a BSSM em inglês. Fundada no ano 1998, logo se destacou como mais que um curso bíblico, seu objetivo declarado é formar homens e mulheres que vivam estilos de vida sobrenaturais e promovam o avivamento pelo mundo.
Em entrevista ao Guiame, a pastora brasileira fala sobre como tem sido a experiência e o desafio de popularizar essa “cultura do avivamento”. De modo especial pelas palavras liberadas pela Bethel sobre um grande mover espiritual que deve mexer com o Brasil num futuro próximo.
“Acreditamos que o Brasil tem vivido um grande avivamento por muitos anos, mas acreditamos que chegou a hora de não só experimentarmos coisas poderosas na Presença de Deus”, avaliou Paula. “Precisamos de uma igreja madura e equipada para transformar a sua vida e da sociedade.”
A pastora Paula Romez. (Foto: Paula Romez).
Para quem opta pela formação presencial, a BSSM é oferecida em três anos. A versão online teve o conteúdo e a carga horária dividida em três semestres. O preço para alunos brasileiros também é diferenciado, custando cerca de um quinto do que pagam os nativos dos Estados Unidos. Isso ocorre porque a liderança da escola pretende facilitar o acesso, entendendo que a realidade econômica dos falantes de língua portuguesa é diferente.
É possível fazer o primeiro e o segundo ano pela internet, em qualquer lugar do mundo. Porém, o terceiro ano só é realizado presencialmente em Redding, pois exige o acompanhamento de um mentor mais experiente. A próxima turma inicia em fevereiro de 2025 e todas as informações estão disponíveis no site oficial, totalmente em português. Saiba mais aqui.
Veja, abaixo, a entrevista com Paula Romez na íntegra:
Qual foi a visão que Deus lhe deu para levar a BSSM para os brasileiros e como foi formada a equipe de pastores brasileiros que hoje estão na Bethel?
Quando eu vim pra cá como aluna, em 2014, sentia que tinha algo do Senhor que eu ainda não tinha experimentado ou vivido. Cada dia na escola era transformador e, apesar de ter caminhado com o Senhor minha vida inteira, eu pensava “como ninguém me ensinou isso antes?”. Nisso, foi crescendo em mim um sonho de conseguir levar essa cultura para o meu povo, que fala português. Mas eu ainda não sabia como.
Com o início das escolas online aqui, um novo caminho foi aberto e nós como casa entendemos que tinha chegado a hora do povo que falava português. Em plena pandemia, no ano de 2021, recebi uma palavra que o Senhor tinha plantado uma semente em mim que iria alimentar meu povo não só no Brasil mas também no mundo todo. Essa semente era o sonho da BSSM Português.
Quando me convidaram para liderar o projeto, reuni toda a comunidade brasileira em Redding e pelo ZOOM todos os alunos já graduados na BSSM em inglês e eu disse: “Esse projeto pode ser meu ou pode ser nosso. Se você traduzir um dever de casa, você vai saber que semeou uma semente na nossa escola”. Assim, o Senhor foi trazendo as pessoas certas, cada uma com uma habilidade especial e necessária para o desenvolvimento da BSSM Português e assim que o time de pastores foi criado: pelo próprio Deus!
Como tem sido a experiência de dirigir uma escola online nos EUA, sendo que já existem tantas opções de escolas e seminários teológicos online no próprio Brasil?
O desafio é grande, mas entendo que nem todos são confiados a nós, e não devem ser! Cada ministério e igreja espalhados pelo mundo tem algo específico que representa a multiforme sabedoria do Senhor. Acredito que cada escola ou seminário teológico tem um mandato específico pelo Senhor e pessoas que são confiadas a eles.
No nosso caso, o objetivo é levantar avivalistas que têm sua vida transformada e que transformam cada área da sociedade em que tocam, pois acreditamos que devemos ao mundo um encontro com Deus. Nossos alunos são esse canal de encontro! Começa com eles mesmos e uma vez que eles encontram o Senhor, eles apresentam o Seu Melhor Amigo às pessoas a sua volta. Eu acredito que cada escola tenha seu chamado e objetivo.
Nosso maior desafio é o choque cultural e ajudar a criar essa ponte entre nossos alunos e a cultura do Reino na forma que vivemos na Bethel. É muito chocante a forma como vivemos a cultura de honra, como experimentamos o sobrenatural e como vencemos a religiosidade. No processo de construção dessa ponte, meu maior desafio é permanecer em um lugar de dependência dEle para que Ele possa me mostrar como agir e responder a cada situação.
Quantos alunos brasileiros já se formaram na BSSM, quantos estão cursando e quantos devem iniciar em 2025? Além do Brasil, quais países de língua portuguesa possuem alunos?
Antes do lançamento da BSSM Português, a escola presencial em inglês em Redding tinha formado cerca de 260 brasileiros. Hoje, com a BSSM Português já formamos quase 700 de fala portuguesa. São cerca de 1200 alunos. Em fevereiro de 2025 devemos ter cerca de 1400. Além do Brasil, atualmente temos alunos vivendo em 8 países: Estados Unidos, Moçambique, Portugal, França, Alemanha, Japão, Canadá e Itália.
Por que a escola para brasileiros tem um preço diferenciado, sendo que é o mesmo conteúdo dos alunos americanos?
Nosso objetivo com a BSSM Português nunca foi ganhar dinheiro, mas sim alcançar o povo que fala português, então fizemos a escola com um valor que pudesse ser acessível para o povo brasileiro. Nós calculamos todas nossas “tuitions” baseadas na renda média dos principais países. Fomos subsidiados pelo inglês por muito tempo até que conseguíssemos nos custear, mas a ideia era exatamente essa, investir no povo que fala português. Enxergamos isso como uma missão e não queríamos que o valor determinasse quem seriam nossos alunos, mas sim pessoas que têm fome por mais de Deus.
Qual a percepção da Bethel sobre o sucesso da escola entre os brasileiros e por que o Brasil é o único país que eles vem fazendo a escola presencial anualmente nesse modelo fora dos Estados Unidos?
Amamos ver o que o Senhor tem feito no meio do povo que fala português. Acreditamos que o Brasil tem vivido um grande avivamento por muitos anos, mas acreditamos que chegou a hora de não só experimentarmos coisas poderosas na Presença de Deus, precisamos de uma igreja madura e equipada para transformar a sua vida e da sociedade. Por isso temos investido tanto em escolas, a ideia é equipar os santos! Não mais apenas grandes eventos e reuniões cheias da Presença, tudo isso é lindo e importante, mas queremos levantar avivalistas.
A liderança da Bethel é multicultural, com líderes de diferentes nações. Como tem sido essa convivência, sendo que existem necessidades específicas em cada público que a escola está disponível, pois além do inglês e português, há uma versão em espanhol?
Tivemos que construir muitas pontes e trazer muita conscientização das diferenças culturais para que permanecêssemos relevantes. Nosso desafio foi encontrar a diferença entre o que era cultura do Reino e o que era cultura americana e que poderia ser adaptado para a cultura brasileira. Por exemplo, na BSSM Português temos grupos no WhatsApp com cada grupo de avivamento e os pastores fazem parte desses grupos. Isso seria um terror dos pastores do inglês! Eles têm grupos no Facebook com os alunos, uma conexão bem mais limitada.
Entendemos que nossa cultura brasileira é muito mais de comunidade e conexão, então tivemos que aprender como fazer isso. O processo de adaptação da BSSM Português para que fosse relevante ao nosso público foi desafiador, no sentido de que quisemos fazer muitas coisas diferentes do inglês. Uma vez que eles viram que nosso modelo estava funcionando bem, aos poucos fomos ganhando mais favor em podermos fazer as coisas do nosso jeitinho. Hoje somos referencial para muitas coisas para as outras escolas da Bethel.
Existem muitas palavras sobre o avivamento que virá sobre o Brasil. Como vocês veem o papel da BSSM nesse processo?
Nosso papel é equipar a igreja, que o avivamento não seja só em grandes reuniões cheias de cristãos apaixonados, mas quem quando saem não impactam a sociedade. Queremos ver um país transformado, com líderes saudáveis, que possuem uma cultura de honra, não só buscam ser honrados, crentes maduros que profetizam e sabem julgar profecias (não só nos comentários de inInstagram pessoas que amam a Deus e que de fato amam ao próximo, cristãos que curam os enfermos e que ressuscitam os mortos. Queremos deixar uma marca não só para essa geração, mas para a eternidade. Acreditamos que o Senhor nos levantou para equipararmos o Corpo de Cristo para vivermos um verdadeiro avivamento, que começa dentro de cada um de nós.
A BSSM forma “avivalistas” e “reformadores”. O que vocês querem dizer com esses termos e por que eles são importantes no contexto da Igreja atual?
Um avivalista é um cristão focado e apaixonado, disposto a pagar qualquer preço para viver em comunidade, pureza e poder, transformando vidas e culturas, pois ama a Deus e é amado por Ele. Nossa missão na BSSM é desenvolver o avivalista que há em cada aluno. Jesus nos chamou para ir às nações e ser o sal e a luz do mundo. Queremos ensinar nossos alunos a multiplicar tudo aquilo que aprendem, “ensinando a obedecer a tudo o que Jesus Cristo nos ordenou” (Mateus 28). Como Paulo diz: “Siga meu exemplo enquanto eu sigo o exemplo de Cristo”.
Isso é importante para que tenhamos filhos e filhas que tenham contato e acesso com o Pai, que sabem discernir a sua voz, uma igreja empoderada e ir pelo mundo e pregar um evangelho de poder e transformação. Como Corpo de Cristo, vivemos muitas coisas poderosas dentro das 4 paredes da igreja, mas precisamos que nossa transformação interior gere uma transformação exterior na sociedade.
Estamos acostumados a ouvir de profetas norte-americanos sobre direções específicas de Deus sobre o futuro do Brasil. De que maneiras a BSSM está ajudando a moldar uma cultura profética de falantes da língua portuguesa a partir do Brasil e de nações lusófonas?
Começa com cada pessoa, a partir do entendimento que a Voz de Deus está disponível e acessível para cada um de nós. Começa com o entendimento de que somos filhos amados de um Bom Pai celestial que nada negou para que tivéssemos acesso a Ele. Muito do que vivemos como cultura profética foi de grandes profetas que vem e nos contam tudo que já vivemos ou vamos viver e tudo isso é lindo. Porém, como casa queremos que cada pessoa possa profetizar, não queremos levantar um grande profeta, mas pessoas proféticas que ouvem a voz de Deus para si mesmas e para seus irmãos. Nosso objetivo é trabalhar a identidade de filhos que ouvem a voz de Seu Pai Celestial.
Acreditamos que o Senhor nos confiou algo especial. Muitos líderes de projeção no Brasil, ao longo dos anos, vieram e receberam da nossa casa e conseguimos ver as marcas daquilo que receberam aqui em seus ministérios, o que é muito precioso e especial para nós. Nossa ideia é só aumentar a ponte. Criar um caminho para aqueles que sabem que existe algo do Senhor e que ainda não experimentaram, viveram ou aprenderam. Para aqueles que sentem um chamado do Senhor de caminharem com a gente!