Após aprovar casamento gay, líder da Igreja da Inglaterra aceita sexo fora do casamento

Declaração pública de Justin Welby foi a mais clara sobre sua aceitação não apenas das relações homossexuais, mas também do sexo fora do casamento.

fonte: Guiame, com informações do Evangelical Focus

Atualizado: Segunda-feira, 28 Outubro de 2024 as 1:22

O arcebispo de Canterbury, Justin Welby. (Foto: Flickr/Palácio de Lambeth).
O arcebispo de Canterbury, Justin Welby. (Foto: Flickr/Palácio de Lambeth).

O líder espiritual da Igreja da Inglaterra e da Comunhão Anglicana mundial, Justin Welby, Arcebispo de Canterbury, diz que sexo fora do casamento é aceitável se ocorrer em um relacionamento estável.

O pensamento de Welby “evoluiu ao longo dos anos” para “incluir as pessoas LGBTQ+ de maneira mais plena na vida da Igreja”, justificou o Palácio de Lambeth, a residência oficial do Arcebispo de Canterbury.

Sua resposta foi dada em entrevista no podcast The Rest is Politics, quando ele foi questionado se considerava o sexo gay um pecado.

O arcebispo já havia sido questionado sobre o mesmo tema pelo mesmo entrevistador em 2017, quando respondeu:

“O que o arcebispo de York e eu, assim como a maioria dos bispos, chegaram a um consenso, embora não unânime, é que toda atividade sexual deve acontecer dentro de um relacionamento comprometido, seja este heterossexual ou gay”.

Esta é a declaração pública mais clara até o momento de Justin Welby, arcebispo da Igreja da Inglaterra desde 2013, sobre sua aceitação não apenas das relações homossexuais, mas também do sexo fora do casamento.

Na mesma entrevista, ele reconheceu que “a Igreja da Inglaterra está profunda e intensamente dividida” em relação à possibilidade de permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo na instituição.

Visões pessoais antes da discussão principal

As opiniões de Welby, que ele descreveu como "pessoais e sinceras", surgem poucos dias antes de a Câmara dos Bispos da Igreja da Inglaterra retomar as discussões sobre os próximos passos a serem dados em "Viver no Amor e na Fé". o processo interno pelo qual a Igreja está definindo como abordará questões relacionadas à sexualidade humana, identidade de gênero, uniões entre pessoas do mesmo sexo, definição de casamento e inclusão de pessoas LGBTQI+.

Em janeiro de 2023, a Igreja da Inglaterra formalizou a bênção de casais do mesmo sexo, oferecendo "orações" específicas na igreja.

Na ocasião, ficou claro que isso não equiparava essas uniões ao casamento. A decisão gerou críticas tanto do setor evangélico quanto do liberal da igreja.

Conservadores pedem sua renúncia

As declarações do arcebispo provocaram reações de alguns teólogos evangélicos e reverendos de paróquias locais, que pediram sua “renúncia” por supostamente “negar a doutrina da Igreja da Inglaterra”.

O Conselho Evangélico da Igreja da Inglaterra (CEEC), que reúne os principais pastores e teólogos evangélicos da Igreja, manifestou “surpresa” diante da “admissão impressionante” do arcebispo.

Eles afirmaram que sua posição representa uma “declaração devastadora”, pois sinaliza um claro afastamento da doutrina da Igreja da Inglaterra, da Comunhão Anglicana e de todas as demais grandes denominações cristãs ao redor do mundo.

"Como [Justin Welby] pode manter sua posição se não concorda com a posição doutrinária da Igreja da Inglaterra? Estou perplexo", disse um diretor da IVP, uma editora que tem vários autores anglicanos em seu catálogo.

Repercussões para o anglicanismo em todo o mundo

A nova posição do líder da Comunhão Anglicana (anglicanismo mundial) fortalece os argumentos das igrejas anglicanas nacionais na África, Ásia e América do Sul, que se uniram em movimentos como Gafcon ou GSFA para resistir ao que consideram um desvio persistente da autoridade das Escrituras em questões teológicas.

Os bispos anglicanos dessas regiões solicitaram uma “separação estrutural” que esclareceria a divisão teológica fundamental sobre a interpretação das Escrituras entre anglicanos conservadores e anglicanos liberais.

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