Mísseis e bombas russos atingiram o Memorial do Holocausto, onde dezenas de milhares de judeus foram massacrados durante o ataque de Moscou a Kiev na terça-feira (01).
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenksy foi ao Twitter para condenar o ataque.
“Para o mundo: qual é o sentido de dizer 'nunca mais' por 80 anos, se o mundo fica em silêncio quando uma bomba cai no mesmo local de Babyn Yar?”, escreveu Zelenski. “Pelo menos 5 mortos. História se repetindo…”
Andriy Yermak, presidente do Gabinete Presidencial Ucraniano, twittou: “Esses vilões estão matando vítimas do Holocausto pela segunda vez”.
Os Serviços de Emergência do Estado da Ucrânia divulgaram fotos e vídeos do incêndio e de uma estrutura desmoronada no memorial de Babyn Yar e no cemitério judaico adjacente.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, se manifestou contra o ataque, mas não mencionou a Rússia.
“Condenamos o ataque ao cemitério judeu ao lado do Memorial do Holocausto dos judeus em Kiev e do povo judeu em Babyn Yar”, disse Lapid. “Pedimos respeito ao local... Continuamos a monitorar os eventos e expressamos nosso pesar pela perda de vidas humanas.”
Lapid instruiu o embaixador na Ucrânia, Michael Brodsky, a oferecer a ajuda de Israel nos reparos do local.
“Estamos entristecidos por esta guerra desnecessária, por ferimentos a civis inocentes e danos a instalações civis, incluindo locais judaicos, como o importante centro memorial do Holocausto Babyn Yar”, disse o ministro de Assuntos da Diáspora, Nachman Shai. “Estamos rezando para que essa guerra termine.”
Natan Sharansky, ex-chefe da Agência Judaica e atual presidente do Conselho Consultivo do Memorial do Holocausto Babyn Yar, criticou o ataque e o presidente russo, Vladimir Putin.
“Putin tentar distorcer e manipular o Holocausto para justificar uma invasão ilegal de um país democrático soberano é totalmente abominável”, afirmou Sharansky. “É simbólico que ele comece a atacar Kiev bombardeando o local do Babyn Yar, o maior dos massacres nazistas.”
Sharansky disse que o memorial visa “preservar a memória histórica após décadas de supressão soviética da verdade histórica, para que os males do passado nunca possam ser repetidos. Não devemos permitir que a verdade – mais uma vez – se torne vítima da guerra.”
A liderança do memorial condenou o uso de linguagem relacionada ao Holocausto por Putin para justificar sua invasão da Ucrânia: “Como especialistas que trabalham com pesquisa e comemoração do Holocausto, estamos profundamente indignados que o país agressor tenha usado retórica genocida para justificar suas ações vergonhosas”, eles disseram. “A Rússia instrumentalizou vulgarmente a retórica antinazista e está tentando assumir o papel de um combatente contra o nazismo.”
Judeus mortos
De 29 a 30 de setembro de 1941, cerca de 34 mil judeus foram sistematicamente mortos a tiros e enterrados em uma ravina durante o período de 48 horas em Babyn Yar (Babi Yar em russo).
Cerca de 150 mil pessoas – ucranianos, ciganos, soviéticos e deficientes físicos e mentais – foram assassinados pelos nazistas durante um longo período, tornando a cidade a maior vala comum da Europa.
O Yad Vashem expressou sua “condenação veemente” e pediu à comunidade internacional que proteja vidas civis e locais históricos.
“Em vez de serem submetidos a violência flagrante, locais sagrados como Babi Yar devem ser protegidos”, disse o Memorial do Holocausto em Jerusalém. “O Yad Vashem reitera seu apelo para que se abstenha de abusar e distorcer a memória do Holocausto...”
Parque memorial
Uma cerimônia de dedicação foi realizada em outubro em Babyn Yar, agora um verdejante parque memorial público suburbano.
Zelensky e os presidentes Isaac Herzog de Israel e Frank-Walter Steinmeier da Alemanha participaram da cerimônia, assim como o presidente albanês Ilir Meta e os financiadores privados do projeto, além de várias figuras proeminentes, atuais e ex-políticos, líderes de comunidades judaicas e outras.
Zelenksy foi ao Twitter para condenar o silêncio do mundo sobre o ataque. "Para o mundo: qual é o sentido de dizer 'nunca mais' por 80 anos, se o mundo fica em silêncio quando uma bomba cai no mesmo local de Babyn Yar? Pelo menos 5 mortos. História se repetindo...", escreveu ele.