Na quarta-feira (4), o governo do Canadá anunciou que mulheres americanas poderão ir ao país para abortar, após o vazamento de documentos da Suprema Corte dos Estados Unidos, apontando a provável anulação do direito ao aborto.
A ministra de Famílias, Crianças e Desenvolvimento Social do Canadá, Karina Gould, afirmou que o país vai oferecer “serviços de interrupção da gravidez” às cidadãs norte-americanas.
Também na quarta-feira, jornais dos EUA, localizados na fronteira com o Canadá, lembraram ao público que, caso a vitória pró-vida seja conquistada, as mulheres poderão recorrer a clínicas no país vizinho, onde o aborto é legalizado.
A ministra Karina ainda se declarou preocupada de que a revogação do aborto também chegue ao Canadá. Ela disse que permanecerá vigilante para que "algo assim não aconteça aqui", observando que 74% dos deputados do Partido Conservador do Canadá são contra o aborto.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também se manifestou a favor do direito ao aborto para as mulheres do Canadá e do restante do mundo. “Todas as mulheres canadenses têm direito a um aborto legal e seguro", afirmou.
Trudeau acrescentou que seu governo poderá apresentar uma proposta de lei para garantir a permissão do aborto no país. Apesar da prática ser legal no Canadá desde 1988, não existe uma legislação que regulamente o tema.
Nesta semana, a Amazon anunciou que pagará para funcionárias dos EUA terem acesso a aborto em outros países.
Várias outras empresas, como Yelp e Citigroup, também anunciaram planos para garantir que funcionárias tenham acesso a abortos. O Citigroup disse que a política foi "em resposta a mudanças nas leis de saúde reprodutiva em certos estados".
Lei Roe v Wade
O comunicado da Amazon ocorre em um momento em que vários governos estaduais republicanos nos EUA aprovaram leis que restringem o acesso ao aborto em suas jurisdições.
A Suprema Corte americana, de tendência conservadora, deve decidir sobre um caso que pode derrubar Roe v Wade, uma decisão judicial de 1973 que legalizou o aborto nos EUA.
Se a lei for revogada, cada estado dos EUA pode ter permissão para determinar suas próprias regras de aborto, com mais de 20 estados esperados para limitar o atendimento ao aborto ou até mesmo proibir o aborto na maioria dos casos.
No Texas - que tem uma das leis de aborto mais rígidas do país e proíbe o procedimento após seis semanas de gravidez - um estudo recente descobriu que cerca de 1.400 texanos viajavam para fora do estado para fazer abortos mensalmente.