
Mark Carney foi eleito nas legislativas canadenses, confirmadas na manhã desta terça-feira (29). Ele conduziu o Partido Liberal a mais uma vitória, garantindo a permanência do governo, embora em condição de minoria.
Os liberais conquistaram 168 cadeiras no Parlamento, correspondendo a cerca de 46% do total, um número abaixo da maioria absoluta de 172 assentos.
Mesmo assim, Carney reafirmou o compromisso de implementar políticas progressistas e de promover estabilidade governamental.
Carney assumiu o cargo de primeiro-ministro do Canadá após a renúncia de Justin Trudeau em março passado.
Embate com Trump
Sua campanha para se tornar o premiê foi marcada por tensões com o presidente dos EUA, Donald Trump, que propõe anexar o Canadá como 51º estado norte-americano, o que segundo comentaristas políticos impulsionou o sentimento de nacionalismo dos canadenses.
Nos últimos meses, Carney direcionou sua campanha e suas políticas quase inteiramente ao relacionamento com o vizinho ao sul, o que ficou evidente em seu discurso de vitória.
"O presidente Trump está tentando nos destruir para que os Estados Unidos possam nos dominar. Isso nunca acontecerá", declarou o premiê, acusando os EUA de ambicionarem o território e os recursos do Canadá.
Políticas progressistas
Mark Carney, como líder do Partido Liberal, apoia agenda LGBT, incluindo o acesso a cuidados de saúde para pessoas trans e a proteção contra discriminação em todas as esferas da sociedade.
“Somos todos canadenses, mas todos temos identidades e distinções diferentes, e uma das grandes forças deste país é reconhecer que as pessoas podem ser quem são, podem amar quem amam, podem viver onde estão, e é fundamental que o governo federal seja o defensor desses direitos, defensor da Carta de Direitos e Liberdades, e o acesso à saúde no Canadá é um direito fundamental para todos os canadenses, sem exceção”, declarou.
Em relação ao aborto, Carney segue a linha tradicional do Partido Liberal, defendendo o direito das mulheres de tomar decisões sobre seus próprios corpos e garantindo acesso seguro e legal ao aborto como parte dos direitos reprodutivos.
“Eu apoio absolutamente o direito de uma mulher escolher, sem reservas, e defenderei isso como o Partido Liberal tem defendido – com orgulho e consistência”, disse.
Conservadorismo perde
Antes de Trump reassumir o poder, o Partido Conservador liderado por Pierre Poilievre aparentava ter uma vantagem significativa e praticamente imbatível nas pesquisas, impulsionado pela insatisfação generalizada com a economia canadense e por quase dez anos de governo liberal sob a liderança do ex-primeiro-ministro Justin Trudeau.
O ano passado foi marcado por um cenário difícil para governos em exercício ao redor do mundo, com partidos de diferentes espectros políticos enfrentando perdas de apoio ou controle - sendo os EUA, Reino Unido, Japão, Alemanha, França e Índia alguns dos exemplos mais evidentes.
A eleição geral canadense rompeu essa tendência quando os liberais pressionaram pela renúncia de Trudeau e optaram por um outsider político, Carney, ex-chefe dos bancos centrais do Canadá e da Inglaterra, como novo líder.