
Crimes de ódio anticristão em toda a Europa estão sendo ignorados e minimizados, de acordo com um novo relatório.
O documento de 125 páginas, divulgado na Conferência da Dimensão Humana de Varsóvia no início de outubro, relatou diversos casos de perseguição e violência contra cristãos e igrejas no continente europeu.
Os crime de ódio incluem pichações, vandalismo, ataques violentos, discriminação, ameaças e até assassinatos.
O relatório, feito pelo Escritório de Instituições Democráticas e Direitos Humanos (ODIHR) e pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), também menciona várias igrejas que precisaram intensificar a segurança devido ao aumento de ameaças.
Um fator que contribui para os crimes de ódio anticristãos são as tensões com outras religiões, como o islamismo, segundo os especialistas.
"A violência relacionada à religião ou inspirada na religião também pode resultar da percepção do cristianismo como uma fé rival, inferior ou adversária – muitas vezes enquadrada em narrativas extremistas violentas, queixas históricas e tensões geopolíticas", afirmou o relatório.
"Por exemplo, algumas formas de retórica violenta 'extremista' retratam os cristãos como 'infiéis' e 'inimigos do Islã' que devem ser subjugados”.
Ex-muçulmanos convertidos em risco
Ex-muçulmanos que se converteram à fé cristã são os que mais correm risco de serem vítimas de crimes de ódio anticristão na Europa.
O relatório citou o caso de um cristão que foi esfaqueado por um muçulmano, em que dividia a casa, na Grã-Bretanha, em 2023.
Conforme o promotor do caso, o assassino matou o colega, gritando "Allahu Akbar", após saber que o homem deixou o Islã para se converter a Jesus.
Os especialistas ainda observaram que as mulheres cristãs convertidas do Islã estão "especialmente em risco de serem punidas por suas famílias assim que sua nova fé for descoberta, inclusive por meio de violência física e ameaças".
Narrativas anticristãs na esfera pública
O relatório também denunciou que os crimes de ódio anticristãos são frequentemente "minimizados, subnotificados ou politicamente negligenciados" pela sociedade e autoridades europeias.
"O discurso e as narrativas políticas ajudaram a perpetuar preconceitos e estereótipos anticristãos na esfera pública”, relatou.
"Crimes de ódio anticristãos não ocorrem no vácuo, todos têm um papel a desempenhar na promoção de um clima de respeito e compreensão mútuos", defendeu.
No documento, as organizações pedem uma maior conscientização sobre o problema e a criação de leis que protejam a comunidade cristã europeia.
O relatório também recomenda que medidas de segurança sejam tomadas durante festivais cristãos como o Natal, e que o governo promova "uma compreensão clara e precisa das características específicas do preconceito anticristão contemporâneo, bem como das narrativas discriminatórias comuns que impulsionam a intolerância contra os cristãos".
Há ainda uma recomendação para a imprensa “transmitir informações imparciais e precisas", garantindo que as reportagens não "perpetuem ou reforcem o preconceito anticristão".