Os cristãos estão desaparecendo das terras bíblicas, nas últimas décadas, segundo uma pesquisadora do International Christian Concern (ICC), organização que monitora a perseguição no mundo.
Linda Burkle revelou que a população cristã nas regiões descritas na Bíblia, lugares onde o cristianismo nasceu e a Igreja foi estabelecida, estão diminuindo.
Hoje, Belém, a cidade em que Jesus nasceu em Israel, é controlada pelos palestinos e o número de cristãos caiu de cerca de 85% para cerca de 10%, de 1947 a 2017.
Segundo a pesquisadora, os seguidores de Jesus estão saindo da cidade em massa, devido à discriminação da população de maioria muçulmana e à falta de emprego.
Síria
Na Síria, país considerado o "berço do cristianismo" no primeiro século e onde aconteceu a conversão de Saulo na estrada para Damasco, a porcentagem de cristãos também caiu drasticamente.
“Historicamente, os cristãos constituíam uma porcentagem considerável da população, cerca de 12%. Em 2011, havia 1,5 milhão de cristãos na Síria. Devido à perseguição generalizada por terroristas islâmicos e à Guerra Civil Síria, o número de cristãos caiu para apenas 300 mil em 2022, menos de 2% da população”, afirmou Linda, em artigo no ICC.
Igrejas foram destruídas, confiscadas e convertidas em quarteis-generais militares no país. Atualmente, os cristãos sírios estão enfrentando um clima de incerteza após a queda do regime de Bashar al-Assad com a tomada do governo por extremistas islâmicos do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), no início de dezembro de 2024.
Segundo a Missão Portas Abertas, os cristãos vivem uma mistura de otimismo cauteloso e ceticismo em relação ao futuro do país nas mãos dos rebeldes.
Turquia
A Turquia também foi uma região importante no início do cristianismo. Citada na Bíblia como Ásia Menor e um dos destino das viagens missionárias do apóstolo Paulo, hoje o país possui um governo islâmico e apenas 0,02% a 0,04% da população é cristã, entre 180.000 e 370.000 pessoas.
“O principal fator do encolhimento da presença cristã foi o genocídio realizado pelo Império Otomano: o genocídio armênio, o genocídio grego e o genocídio assírio seguidos pela emigração em massa no início dos anos 1900”, informou a pesquisadora Linda.
Hoje, com o risco de discriminação e perseguição por parte dos muçulmanos, muitos cristãos precisam manter sua fé em segredo na Turquia.
“Desde um golpe abortado em 2016, há uma campanha de propaganda anticristã orquestrada pelo governo, acompanhada por crescentes restrições à liberdade religiosa na Turquia”, destacou Linda.
Egito
O Egito, que foi evangelizado pelo apóstolo Marcos anos após a ressurreição e ascensão de Jesus, também foi berço das primeiras comunidades cristãs, que evoluíram para três denominações: a Igreja Ortodoxa Copta, a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Católica Copta.
“Sob o domínio romano, os cristãos enfrentaram extrema perseguição por várias centenas de anos. Desde oséculo 7, o Egito está sob domínio muçulmano. Ao longo dos anos, os cristãos coptas sofreram vários graus de discriminação sob vários governos”, explicou a estudiosa.
Hoje, a população cristã no Egito é estimada em cerca de 10%. Para Linda, o exemplo desses três países mostra que a principal causa do desaparecimento dos cristãos em terras bíblicas é a perseguição islâmica.
“Outro fator das reduções é que, proporcionalmente, os muçulmanos tendem a ter famílias muito maiores do que os cristãos”, observou ela.
E a pesquisadora concluiu: “Dadas essas tendências, a Igreja global deve chamar a atenção e apoiar nossos irmãos e irmãs sob a opressão islâmica. Oramos diariamente por sua proteção, provisão e liberdade”.