Os Batistas do Sul, a maior denominação protestante dos Estados Unidos, aprovaram uma força-tarefa contra o abuso sexual de pastores em uma votação história, durante sua convenção anual, na terça-feira (14), na Califórina.
A igreja que tem lidado com denúncias de acobertamento de casos de abuso por parte de líderes nos últimos anos, vai criar um sistema para combater a violência sexual e cuidar das vítimas.
Aos líderes reunidos, Bruce Frank, que presidiu a operação do abuso sexual da Convenção Batista do Sul no ano passado, declarou: “Hoje, vamos escolher entre humildade ou arrogância”.
“Vamos escolher entre o arrependimento genuíno ou ser continuamente passivos em nossa abordagem ao abuso sexual na Convenção Batista do Sul. Escolheremos entre fazer o melhor para a Glória de Deus e para o bem das pessoas, ou escolheremos, novamente, os negócios como de costume”.
A operação liderada por Frank supervisionou uma investigação independente, realizada pela Guidepost Solutions, sobre como os pastores lidaram com casos de abuso sexual, nas últimas décadas.
Segundo o relatório da investigação, divulgado no mês passado, os líderes batistas do sul maltrataram sobreviventes de abuso, lidaram de forma incorreta com as denúncias e tentaram proteger a denominação a todo custo.
A Igreja Batista do Sul vai criar um sistema para combater o abuso e cuidar das vítimas. (Foto: Baptist Press/Sonya Singh).
Em resposta a esse relatório, a operação recomendou a implantação de um conjunto de ações para a igreja lidar com o abuso, incluindo uma força-tarefa para responder às denúncias.
Também será criado o site “Ministry Check”, com o objetivo de rastrear pastores, funcionários da igreja e voluntários abusivos.
Além disso, será avaliado a criação de um fundo para ajudar os sobreviventes e a criação de um comitê permanente para lidar com o abuso sexual na denominação.
Apenas a ponta do iceberg
Na convenção, Bruce Frank enfatizou aos colegas de ministério que a violência sexual não é algo que se possa ignorar.
De acordo com estudos, os casos de abuso relatados nos Batistas do Sul são apenas a “ponta do iceberg" e que lidar com o problema irá encorajar outras vítimas a também denunciarem.
"Você vai receber um telefonema. Isso não é uma palavra de profecia. Isso é apenas matemática”, observou Frank.
O co-presidente da força-tarefa, Marshall Blalock, pediu uma mudança de pensamento na forma como a igreja lida com o abuso. “Nossos instintos, às vezes, são sobre a proteção da instituição”, afirmou.
“Temos que ter uma mudança de cultura em nosso pensamento. Agora eu sei que nosso primeiro instinto deve ser cuidar e fornecer o melhor atendimento para uma pessoa traumatizada que foi abusada”.