Estudantes fazem abaixo-assinado contra peça que ataca a fé cristã na UFRGS

Em entrevista ao Guiame, o estudante Bruno Franzoso relatou que a peça “Missa do Pecado” desrespeita a fé cristã.

fonte: Guiame, Cássia de Oliveira

Atualizado: Quinta-feira, 29 Agosto de 2024 as 12:39

(Foto: Bibiana Davila/UFRGS/Instagram/UFRGS Notícias).
(Foto: Bibiana Davila/UFRGS/Instagram/UFRGS Notícias).

Um grupo de universitários cristãos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) iniciou um abaixo-assinado contra uma peça teatral com temática anticristã, que será exibida na faculdade a partir de sexta-feira (30).

Em entrevista exclusiva ao Guiame, Bruno Franzoso, estudante de História, relatou que a peça chamada “Missa do Pecado” foi divulgada no Instagram da universidade na semana passada, como parte da programação da Mostra de Teatro do Instituto de Artes.

“Uma peça teatral que, já em sua divulgação, ataca nossa fé”, criticou Bruno, de 23 anos, um dos líderes da REDE (Reunião de Evangelismo e Desenvolvimento Espiritual) – um grupo formado por estudantes cristãos da UFRGS.

Na publicação no Instagram, o anúncio da peça afirma: “A Profana Igreja da Insurreição da Carne te convida para a Missa do Pecado”.

O enredo da peça, com classificação indicativa de 16 anos, ainda apresenta personagens com nomes sombrios, como “Sabrina Satânica”, “Maligna Lopes” e “Lux Luxúria”.

 
 
 
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A sinopse da obra, divulgada no site do Instituto de Artes da UFRGS, convida: “Venha compartilhar nossa cerimônia satânica”.

“É com muita malícia que a Profana Igreja da Insurreição da Carne convida vocês, seres pecantes, para a deliciosa Missa do Pecado. Um espaço de celebração do prazer e da liberdade, e de combate à culpa e ao ódio de si”, afirma.

Desrespeito a fé

Segundo Bruno, muitos estudantes cristãos da faculdade se sentiram que sua fé está sendo desrespeitada na peça.

“Sentimos que a peça ataca a nossa fé porque logo na sua divulgação vimos que ela junta algo que para nós é sagrado – culto ou a missa – com algo profano. Da mesma forma que nós não atacamos e nem desrespeitamos outras religiões, desejamos o mesmo conosco”, contou o estudante.

Por causa disso, os universitários iniciaram o abaixo-assinado para protestar contra o ataque à fé cristã. O documento possuía 305 assinaturas, até o fechamento desta matéria.

“O objetivo do abaixo-assinado é mostrar que há cristãos dentro da universidade que não se amedrontam diante das ofensas e, dessa forma, encorajar outros cristãos que sofrem, muitas vezes calados, diante das injustiças, e assim demonstrar que eles não estão sozinhos, porque além do suporte que há em Jesus, também encontrarão suporte nos irmãos em Cristo que estão ali na universidade: como nós, do REDE”, explicou Bruno.

Discriminação na universidade

Embora não existam meios legais para cancelar a peça, o estudante cristão afirmou que a ação é uma forma de denunciar a falta de respeito a outros pensamentos na universidade pública.

“Entrei em contato com o Instituto Brasileiro de Direito e Religião, e me comunicaram que não há prerrogativa jurídica para cancelar a peça, mas o nosso intuito vai além disso: buscamos descortinar que apenas um lado do discurso tem voz na universidade”, enfatizou.

Junto com a Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) divulgou uma nota de repúdio, condenando a peça "Missa do Pecado".

As instituições classificaram a obra como um "escárnio contra a religião Católica Apostólica Romana". "A realização do evento pode configurar crime contra o sentimento religioso, nos termos do artigo 208, do Código Penal, ao promover o escárnio de crença e vilipendio de ato e do objeto de culto religioso", afirmou a nota.

Para Eloísa Vargas, estudante de Enfermagem na UFRGS, a fé cristã ser depreciada no meio acadêmico já é algo recorrente.

“Infelizmente esse é um tipo de coisa comum que ocorre em universidades”, disse a jovem cristã, de 20 anos.

A própria estudante, junto com outros alunos cristãos, já foi alvo de piadas de colegas por causa de suas crenças.

“A universidade é uma reprodução da sociedade. Então, se a sociedade é hostil [à fé cristã], a universidade também será. Estar em uma universidade te deixa vulnerável a sofrer algum tipo de discriminação, julgamento ou intolerância assim como em qualquer outro lugar”, refletiu Eloísa.

Em defesa da fé

Apesar de enfrentar situações de intolerância religiosa, Bruno Franzoso afirmou que é importante o jovem cristão defender sua fé na universidade.

“A nossa fé não é um apetrecho que se descarta às portas da universidade, mas está conosco em todos os momentos, porque faz parte do nosso ser”, lembrou ele.

“Então defender a fé para o cristão é mais do que obrigação, mas também é parte do nosso comissionamento. Apesar de terem muitas vozes contrárias ao que acreditamos, devemos nos inclinar à voz verdadeira, que é a voz do nosso Senhor”.

O estudante ainda encorajou a juventude cristã a brilhar a luz de Cristo em sua faculdade. “Devemos ir sem medo para a universidade, não a encarando como uma fornalha ardente, mas como um campo missionário, pois somos sal da terra e luz do mundo e devemos demonstrar a real face do Evangelho”, declarou.

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