Exercícios militares da China em Taiwan: há algum papel no fim dos tempos?

O conflito entre China e Taiwan e a influência dos Estados Unidos pode escalar?

fonte: Guiame, com informações do The Guardian

Atualizado: Quinta-feira, 4 Agosto de 2022 as 12:15

Exercícios militares foram realizados pela China próximo a Taiwan. (Foto: Captura de Tela/CNN)
Exercícios militares foram realizados pela China próximo a Taiwan. (Foto: Captura de Tela/CNN)

Depois que Taiwan recebeu a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a China iniciou exercícios militares em seis áreas que circundam a ilha nesta quinta-feira (4).

A visita de Pelosi a Taiwan foi encarada pela China como uma grande provocação, já que Pequim considera a ilha um território chinês. Por outro lado, Taiwan destaca que nunca fez parte da China e que já é uma nação soberana, sem precisar declarar independência. 

Enquanto imagens de mísseis e projéteis sendo lançados pelo Exército chinês causam temores, surge a questão: a crise entre China, Taiwan e Estados Unidos pode escalar globalmente?

Nesta quinta, a China realizou seu maior exercício militar próximo a Taiwan: foram lançados 11 mísseis balísticos e foram mobilizados 27 aviões de guerra chineses na zona de defesa aérea taiwanesa.

Por que os exercícios militares da China preocupam?

Os exercícios com munição real são um teste da capacidade militar sob condições semelhantes a uma guerra real — a intenção seria mostrar o nível de força que da China contra Taiwan, se Pequim decidisse assumir o controle da ilha.

Segundo o The Guardian, muitos especialistas concordam que nem os EUA, nem a China, têm apetite para que a tensão se transforme em guerra.  

 
 
 
Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por CNN Brasil (@cnnbrasil) 

De acordo com Justin Bassi, diretor executivo do Instituto Australiano de Política Estratégica, os exercícios militares da China provavelmente são realizados para evitar a escalada dos EUA.

Blake Herzinger, especialista em política de defesa do Indo-Pacífico, disse que os EUA têm sido muito cuidadosos em não expressar apoio à independência de Taiwan, já que essa é a “linha vermelha” da China.

“No envolvimento dos EUA com Taiwan, eles sempre têm o cuidado de garantir o equilíbrio certo entre apoiar Taiwan, mas sem encorajar Taiwan a fazer algo que possa causar um conflito maior”, disse ele.

Amanda Hsiao, analista sênior da China no Crisis Group, disse que, embora a escalada militar da China seja preocupante, não é uma resposta inesperada.

“Pequim está claramente tentando expressar suas objeções resolutas à visita de Pelosi”, disse ela. “Acho que a intenção dos exercícios militares é provavelmente manter a postura e uma demonstração de força militar”.

O jornal chinês Global Times afirmou na quarta-feira que os exercícios visam mostrar que os militares da China são “capazes de bloquear toda a ilha”.

O que está em jogo para o presidente da China?

Desde que Xi Jinping chegou ao poder, em 2012, ele deixou claro que a reunificação com Taiwan está no topo de sua agenda. No entanto, alguns especialistas acreditam que sua resposta à visita de Pelosi está mais ligada a sua afirmação de poder dentro de seu país.


18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China. (Foto: Wikimedia Commons)

Diversos protestos têm sido realizados na China devido a uma desaceleração econômica no país, resultado da rígida política de zero contra a Covid-19 e os longos lockdowns.

“Quando se trata da visita de Pelosi, talvez seja uma oportunidade para Xi Jinping desviar as lentes das questões domésticas e se concentrar no exterior como um método de distração”, disse Jennifer Hsu, pesquisadora do Lowy Institute da Austrália.

“Xi se projeta como o protetor da soberania e integridade territorial da China, da qual Taiwan é parte central”, disse Jade Guan, especialista em política externa da China na Universidade Deakin. “O governo de Xi não pode se dar ao luxo de parecer fraco diante [do Congresso Nacional da China].”

A China tem um papel no fim dos tempos?

Muitos estudiosos das profecias bíblicas acreditam que a Apocalipse faz uma possível referência a China em Apocalipse 16:12-16:

“O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e secaram-se as suas águas para que fosse preparado o caminho para os reis que vêm do Oriente.
Então vi saírem da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs.
São espíritos de demônios que realizam sinais miraculosos; eles vão aos reis de todo o mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso.
"Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante e conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e não seja vista a sua vergonha".
Então os três espíritos os reuniram no lugar que, em hebraico, é chamado Armagedom.”

A passagem bíblica prevê um grande conflito conhecido como a Batalha do Armagedom, que para muitos, ocorrerá no final da tribulação, após o julgamento da sexta taça.

Muitos associam a menção dos “reis do Oriente” à China, indicando a possibilidade do Exército chinês, ou uma aliança liderada por chineses, aproveitar a remoção de uma barreira natural e avançar para o oeste, para se juntar às forças do Anticristo.

Segundo essa interpretação, quando a China se juntar aos exércitos do Anticristo, o julgamento da sétima e última taça será derramado. O Senhor Jesus voltará, o terremoto mais violento de todos os tempos sacudirá o mundo, e as forças do Anticristo e os exércitos do Oriente serão destruídos (Apocalipse 16:17–20; 19:11-21).


Exercícios militares foram realizados pela China próximo a Taiwan. (Foto: Captura de Tela/CNN)

O ministério Got Questions diz que é impossível saber com certeza se a aliança oriental do fim dos tempos seja a China; no entanto, parece provável que a China esteja envolvida nessa aliança. 

“Nos últimos anos, houve um aumento dramático no poder e na influência da China. O desenvolvimento de uma enorme força militar; a intimidação de Hong Kong, Tibete, Taiwan e outras regiões; a busca do domínio econômico global; a retórica agressiva no cenário mundial; e, claro, a perseguição aos cristãos chineses — tudo isso tem sido característico da China. Não é difícil imaginar que os ‘reis do Oriente; que um dia marcharão para Israel incluirão a China”, diz o site.

Na quarta-feira (3), a autora Jennifer LeClaire, conhecida por seu ministério profético e de intercessão, disse ao site Charisma News que Pelosi “está cutucando o dragão”.

“Ela está realmente cutucando um principado. Isso desencadeará uma guerra fria total entre a China e os EUA? Ou a China está apenas cuspindo fogo? Precisamos orar. E precisamos entender que há uma agenda maior aqui”, disse ela.

veja também