O acordo nuclear feito entre os Estados Unidos e o Irã tem sido recusado no Congresso americano pela maioria republicana e também por democratas de origem judaica. A fim de convencer os parlamentares, o presidente americano Barack Obama discursou na American University, em Washington, nesta quarta-feira (5).
Obama argumentou que a única alternativa ao acordo com o Irã seria uma nova guerra no Oriente Médio. Isso, para ele, seria pior para todos os países. "A rejeição a este acordo nos deixa com uma só alternativa: uma nova guerra no Oriente Médio", afirmou. "Uma guerra nuclear seria muito mais perigosa para a América, para Israel e para o mundo do que este acordo."
Para exemplificar a proporção do problema que gera uma nova guerra, Obama relembrou os conflitos no Afeganistão e no Iraque, que começaram no governo do adversário republicano George W. Bush, que durou entre 2001 e 2009. "Se aprendemos algo desta década, é que guerras têm como resultado a perda de vidas e de recursos. As potências não podem agir de forma impulsiva. Não é porque a linha dura do Irã reage desta maneira que devemos ser assim."
Ele criticou a oposição política que defenderem o aumento das sanções econômicas para dar fim ao programa de atividade nuclear da República Islâmica. Para ele, um acordo melhor que o conseguido "é uma fantasia". "Estes argumentos não se baseiam no conhecimento da sociedade iraniana. As sanções não vão forçar o fim de todo o programa nuclear. Tentem derrubar este acordo e vocês conseguirão um pacto melhor. Para o Irã."
Obama disse ainda entender as preocupações do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Mas disse que ele está errado. "Ninguém critica o fato de que Israel tenha um forte ceticismo contra qualquer acordo. Mas o fato é que, com ajuda americana, Israel é capaz de se defender de qualquer ameaça à sua segurança."
O acordo
Em reunião na terça-feira (4) com lideranças judaicas, Obama disse que precisaria recorrer a uma ação militar, o que seria pior para Israel. O encontro foi uma resposta ao lobby israelense contra qualquer pacto com os iranianos.
Pela proposta assinada entre a República Islâmica e as potências do grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha), o Irã se compromete a reduzir seu enriquecimento de urânio. O Teerã se compromete a permitir a inspeção das instalações nucleares por monitores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em troca, os países retirarão sanções econômicas e políticas ao país.