Igreja histórica que tinha laços com Martin Luther King é destruída por incêndio

O Templo Clayborn sofreu danos significativos e autoridades ainda investigam a causa do incêndio.

fonte: Guiame, com informações de CBS News

Atualizado: Quarta-feira, 30 Abril de 2025 as 4:30

Templo Clayborn. (Foto: Reprodução/CNN)
Templo Clayborn. (Foto: Reprodução/CNN)

Na última segunda-feira (28), uma histórica igreja no Tennessee, Estados Unidos, que sediou o ponto de organização da campanha final de Martin Luther King Jr. em 1968, pegou fogo e sofreu danos significativos.

"O interior foi uma perda total, mas ainda temos alguma esperança de que parte da fachada possa ser preservada", disse a chefe dos bombeiros da cidade de Memphis, Gina Sweat, em uma coletiva de imprensa.

Os bombeiros e a polícia locais estão investigando a causa, juntamente com o Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos EUA. 

Segundo Gina, as chamas começaram na madrugada da última segunda-feira e, pela manhã, os bombeiros ainda trabalhavam para apagar os focos de incêndio

“Engenheiros estruturais terão que entrar e analisar o que sobrou para garantir que possamos deixar como está", explicou Gina.

"Não é apenas uma estrutura. É sagrado e significativo para toda a nossa comunidade", acrescentou.

Relação com Martin Luther King

Em 1968, Martin Luther King foi atraído para Memphis com o objetivo de apoiar cerca de 1.300 trabalhadores de saneamento, predominantemente negros, que entraram em greve para protestar contra o tratamento desumano. 

Dois trabalhadores foram esmagados em um compactador de lixo em 1964, mas o equipamento que estava com defeito não foi substituído. 

Em 1º de fevereiro de 1968, mais dois homens, Echol Cole, de 36 anos, e Robert Walker, de 30, foram esmagados no compactador. Porém, os dois homens eram trabalhadores contratados, portanto não tinham direito a indenização trabalhista e nem possuíam seguro de vida.

Na época, os trabalhadores buscavam se organizar em sindicatos e reivindicavam melhores salários e condições de trabalho mais seguras. As autoridades municipais consideraram a greve ilegal e prenderam dezenas de manifestantes.

Após o incêndio, o filho mais velho de King, Martin Luther King III, compartilhou nas redes sociais que ele e a esposa estão "profundamente tristes com o incêndio devastador":

"As chamas que consumiram o Templo Clayborn não podem apagar seu legado como solo sagrado. Honramos sua história e estamos comprometidos em apoiar os esforços para reconstruir esta pedra angular do movimento pelos direitos civis".

Anteriormente, o Templo Clayborn estava passando por uma reforma de 25 milhões de dólares, com conclusão prevista para 2026. A iniciativa visa preservar a integridade arquitetônica e histórica da igreja de estilo neorromânico. 

Além disso, o projeto busca ajudar a revitalizar o bairro local com um museu, programação cultural e ações de extensão comunitária.

"Esta manhã, acordamos com notícias de cortar o coração: um incêndio devastador devastou um dos maiores tesouros da nossa cidade, o Templo Clayborn", escreveu o prefeito de Memphis, Paul Young, em um comunicado publicado nas redes sociais. 

E continuou: "Clayborn é mais do que um edifício histórico. É um solo sagrado. É o coração pulsante do movimento pelos direitos civis, um símbolo de luta, esperança e triunfo que pertence não apenas a Memphis, mas ao mundo".

O Templo Clayborn

Conforme um comunicado, o Templo Clayborn foi construído em 1892 como a Segunda Igreja Presbiteriana e originalmente atendia uma congregação exclusivamente branca. Em 1949, o prédio foi vendido para uma congregação Metodista Episcopal Africana e renomeado Templo Clayborn.

Os trabalhadores do saneamento de Memphis começaram a greve em fevereiro de 1968, depois que Cole e Walker foram mortos no trabalho.

Então, a igreja sediava reuniões noturnas e os icônicos cartazes da campanha "I am a man” (“Eu sou um homem") eram confeccionados no porão. 

O templo também era um ponto de parada para manifestações até a Prefeitura. Após o assassinato de Martin Luther King e o fim da greve, com os trabalhadores garantindo um aumento salarial, a influência da igreja diminuiu. 

Então, o templo ficou em ruínas e abandonado por anos. Em 2017, graças a uma doação de 400.000 dólares do Serviço Nacional de Parques, a igreja passou por uma reforma.

O Templo Clayborn foi incluído no Registro Nacional de Lugares Históricos em 1979. Anasa Troutman, que lidera o esforço de restauração como diretora executiva do Templo Histórico Clayborn, compartilhou:

"Para todos que amaram, apoiaram e oraram pelo Templo Histórico Clayborn, continuamos comprometidos com sua restauração".

Jimmie Tucker, um dos arquitetos que trabalhou na restauração da igreja durante anos, passou a manhã de segunda-feira trabalhando em um plano para tentar reforçar as paredes externas.

"Como nativo de Memphis, este projeto é pessoal. Tem muito significado. A cidade ajudará a garantir que este lugar sagrado ressurja", afirmou Jimmie.

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