
Autoridades irlandesas iniciaram a escavação do terreno de um antigo lar para mães solteiras, onde se acredita estarem enterrados os restos de cerca de 800 bebês e crianças que morreram no local.
“É uma história e uma situação extremamente difíceis e angustiantes”, disse o primeiro-ministro irlandês Micheál Martin na segunda-feira (16). “Agora precisamos esperar para ver o que vai se revelar com a escavação.”
O antigo Lar Materno-Infantil Bon Secours, localizado no oeste da Irlanda e fechado em 1961, era administrado por freiras católicas e fazia parte de uma rede de instituições semelhantes espalhadas pelo país ao longo do século XX. Esses lares acolhiam mulheres solteiras grávidas e dezenas de milhares de órfãos, segundo a Associated Press.
Vala comum
Em 2014, a historiadora Catherine Corless descobriu registros de óbito de quase 800 crianças que morreram no Lar Materno-Infantil Bon Secours entre as décadas de 1920 e 1960. Contudo, segundo a AP, ela conseguiu localizar apenas um registro formal de sepultamento.
Posteriormente, investigadores localizaram uma vala comum em uma antiga estrutura de esgoto subterrânea na propriedade. Testes de DNA confirmaram que os restos pertenciam a bebês e crianças pequenas, com idades entre 35 semanas de gestação e 3 anos, segundo a agência de notícias.
Segundo Daniel MacSweeney, responsável pela exumação dos restos mortais infantis, familiares e sobreviventes em breve poderão acompanhar de perto o andamento das obras.
“Esta é uma escavação única e incrivelmente complexa”, afirmou MacSweeney em comunicado.
Especialistas forenses
Qualquer resto mortal recuperado será analisado e preservado por especialistas forenses. Aqueles que forem identificados serão devolvidos às famílias, enquanto os não identificados receberão sepultamento digno. Segundo a AP, a conclusão dos trabalhos está prevista para ocorrer em até dois anos.
As religiosas responsáveis pelo antigo Lar Materno-Infantil Bon Secours haviam emitido anteriormente um “profundo pedido de desculpas”, admitindo que não conseguiram resguardar a dignidade das mulheres e crianças sob seus cuidados, segundo a AP.
Em 2021, o primeiro-ministro Micheál Martin fez um pedido formal de desculpas em nome do Estado, após a divulgação de um relatório que revelou a morte de 9.000 crianças em 18 lares materno-infantis ao longo do século XX na Irlanda.