Jimmy Carter passou seus últimos anos dando aulas na escola dominical de sua igreja

Jimmy Carter faleceu aos 100 anos e permaneceu servindo a Cristo até seus últimos dias de vida.

fonte: Guiame, com informações de Baptist Press e g1

Atualizado: Quinta-feira, 9 Janeiro de 2025 as 10:46

Jimmy Carter. (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons/Commonwealth Club)
Jimmy Carter. (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons/Commonwealth Club)

O ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, que morreu no dia 29 de dezembro, aos 100 anos, foi o primeiro governante americano a se autodenominar um cristão "nascido de novo". Carter falou de sua fé abertamente até seus últimos dias de vida, enquanto dava aula em uma escola dominical. 

O 39º presidente dos EUA era membro da Igreja Batista Maranatha em Plains, Geórgia, e deu aulas na Escola Dominical Batista por décadas. Carter se tornou o governante mais longevo do país. 

Apesar da tentativa malsucedida de reeleição pelo Partido Democrata em 1980, Carter “ajudou a ativar um enorme exército de evangélicos politicamente conscientes nas eleições que se seguiram, a maioria dos quais votou nos republicanos desde então”, escreveram Michael Duffy e Nancy Gibbs no “The Preacher and the Presidents” (“O Pregador os Presidentes”, em português) — um livro sobre os relacionamentos de Billy Graham com líderes dos EUA.

Carter ficou conhecido em seus anos pós-presidenciais por sua mediação de conflitos internacionais e seus esforços para abrigar vulneráveis por meio da organização “Habitat for Humanity”, e recebeu o Prêmio Nobel da Paz e a Medalha Presidencial da Liberdade.

Ao longo de sua vida, Carter se manteve conectado com uma igreja local: “Era uma parte da minha vida, como respirar — como ser um georgiano ou ser um ser humano — fazer parte da vida da igreja”, disse Carter durante uma entrevista publicada no periódico Baptist History and Heritage em 1997.

Carter só faltou um domingo na Maranatha após fraturar a pélvis em 2019. Quando voltou para liderar sua classe da Escola Dominical, ele informou sobre um diagnóstico de câncer que recebeu quatro anos antes e disse sobre aquela época: "Eu presumi, naturalmente, que iria morrer muito rápido".

“Obviamente, orei sobre isso. Não pedi a Deus para me deixar viver, mas pedi a Deus para me dar uma atitude adequada em relação à morte, e descobri que estava absoluta e completamente à vontade com a morte”, disse Carter, de acordo com a CNN.

‘Mais próximo de Cristo’

Conforme “O Pregador e os Presidentes”, Carter começou a declarar que nasceu de novo na campanha presidencial. No entanto, “ele não estava se referindo a sua conversão aos 11 anos na Plains Baptist Church”:

“Ele estava falando sobre sua decisão em 1967, aos 42 anos, de renovar seu compromisso com Cristo após um ano particularmente difícil”, diz o livro. 

“Sua tentativa desesperada de governador da Geórgia em 1966 o deixou angustiado porque foi a primeira vez na vida que ele teve um grande objetivo fracassado: ‘Eu meio que me afastei da minha fé, de mim mesmo e de Deus’”, relatou Carter aos autores Duffy e Gibbs. 

Nesse período, ele seguiu o conselho de sua irmã mais velha e abandonou tudo para se dedicar a Deus por um tempo e obter respostas.

Tempo depois, ele se voluntariou para liderar uma cruzada de Billy Graham. No mesmo ano, se juntou ao seu pastor e alguns cristãos em uma viagem missionária pioneira para Lock Haven, Pensilvânia, onde passaram uma semana visitando 100 famílias.

“Tivemos uma experiência religiosa maravilhosa trabalhando juntos, 18 pessoas aceitaram a Cristo naquela semana, e plantamos uma igreja em Lock Haven antes de partirmos — até alugamos um prédio para a congregação usar”, contou Carter.

Para Carter, esta viagem foi uma experiência transformadora que o deixou “mais próximo de Cristo".


Jimmy Carter foi o 39º presidente dos EUA. (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons/Ava Lowery)

Velório de Carter

O corpo do ex-presidente será sepultado nesta quinta-feira (9). Antes, ele será homenageado por autoridades na Catedral Nacional de Washington. Depois disso, o corpo retornará à Geórgia, onde acontecerão cerimônias privadas.

O cortejo seguirá até a Catedral Nacional de Washington para uma breve cerimônia. Todos os ex-presidentes vivos foram convidados para o funeral. São esperadas as presenças de George W. Bush e Barack Obama, além de Donald Trump, presidente eleito, e Joe Biden.

Carter será sepultado no Parque Histórico Nacional Jimmy Carter, em Plains. Ele será enterrado ao lado da esposa, a ex-primeira-dama Rosalynn Carter. A cerimônia privada começará às 17h20, pelo horário local (19h20, em Brasília).

O funeral de Carter começou no dia 4 de janeiro, na Geórgia. O corpo do ex-presidente passou por sua cidade natal, além do Capitólio Estadual da Geórgia e do Centro Presidencial Carter.

Na última terça-feira (7), a urna com o corpo de Carter foi levada até Washington D.C. para um funeral de Estado. O ex-presidente recebeu homenagens militares e foi transferido até o Capitólio dos Estados Unidos.

Relembre a trajetória de Carter

James Earl “Jimmy” Carter Junior nasceu em 1º de outubro de 1924 na pequena cidade rural de Plains, no estado da Geórgia. Seu pai era um fazendeiro e empresário, e sua mãe trabalhava como enfermeira.

Ele fez o ensino básico em uma escola pública local. Depois, passou pela Faculdade do Sudoeste da Geórgia e pelo Instituto de Tecnologia do estado. Posteriormente, se formou em Ciência em 1946, pela Academia Naval dos Estados Unidos. No mesmo ano, se casou com Rosalynn.

Na Marinha, Carter serviu em submarinos pelos oceanos Atlântico e Pacífico e chegou ao cargo de tenente. Foi escolhido por um superior para entrar no programa de submarinos nucleares e foi enviado para Schenectady, Nova York, onde se formou em tecnologia de reatores e física nuclear.

Após a morte do pai, em 1953, ele saiu da Marinha e voltou para Plains, onde assumiu os negócios da família — que incluíam fazendas e uma empresa de suprimentos rurais.

Carter começou a vida política na cidade, servindo como administrador da educação, do hospital e da biblioteca. Como um dos líderes da comunidade, se filiou ao Partido Democrata.

Em 1962, ele ganhou a eleição para o cargo de senador pelo estado da Geórgia, com mandato de dois anos. Carter adquiriu notoriedade por atacar gastos governamentais e por ser contrário a leis que tiravam o direito de votar dos negros. Foi reeleito em 1964.

O político se candidatou para o governo do estado em 1966, mas perdeu ainda nas primárias do Partido Democrata. Em 1970, conseguiu novos apoios e foi eleito. Durante o mandato, promoveu uma reforma administrativa que reduziu os gastos das agências públicas.

Carter concorreu à Presidência dos Estados Unidos em 1976, vencendo o republicano Gerald Ford, que tentava a reeleição. Ele atuou como presidente dos Estados Unidos entre 1977 e 1981. 

Carter é conhecido por alcançar os Acordos de Camp David, que levaram o Egito e Israel a assinar formalmente um tratado de paz, encerrando 31 anos de guerra entre eles. No âmbito interno, ele criou o Departamento de Educação e o Departamento de Energia.

Além disso, a gestão do então presidente foi marcada por uma forte crise econômica e energética no país, um esforço diplomático de paz no resto do mundo e o sequestro de 52 americanos em Teerã por iranianos.

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