Marisa Lobo critica campanha em desefa à travesti espancada na cadeia; entenda o caso

“Nada justifica a violência sofrida pela Veronica, mas a realidade do que a mídia tem mostrado não é essa. Não foi um espancamento por parte dos policiais, e sim um espancamento dentro da cela. Mas os direitos humanos não querem nem saber”, afirma a psicóloga.

fonte: Guiame, com informações de R7

Atualizado: Segunda-feira, 20 Abril de 2015 as 1:20

Veronica Bolina, o travesti de 25 anos foi preso na sexta-feira (10).
Veronica Bolina, o travesti de 25 anos foi preso na sexta-feira (10).

 

O caso de um travesti, agredido dentro do 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, zona central de São Paulo, no dia 12 de abril tem repercutido amplamente nas redes sociais e dividido opiniões. A campanha “Somos Todas Verônica” tem propagado mensagens de defesa à travesti, que segundo ativistas, foi vitima de homofobia por parte dos policiais.

No entanto, parte da mídia e alguns formadores de opinião, como o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) tem ocultado parte do acontecimento e distorcido quais são os reais heróis e vítimas no caso.

Conhecido pelo nome social Veronica Bolina, o travesti de 25 anos foi preso na sexta-feira (10) por agredir a vizinha Laura, uma idosa de 73 anos, sob efeito de crack. Quando estava detido em uma cela, expôs a genitália e começou a se masturbar, o que provocou a revolta dos outros presos. Para conter a situação, um carcereiro entrou na cela para retirá-la, quando Verônica o atacou com uma mordida na orelha, segundo nota da Secretaria de Segurança Pública.

O caso ganhou grande notoriedade depois que entidades de defesa dos direitos humanos questionaram fotos divulgadas em que Verônica aparece no chão, sem blusa e com o rosto ferido depois de ter apanhado. Por outro lado, imagens do circuito interno da delegacia mostram que o homem ficou quase uma hora com a orelha do carcereiro dentro da boca.

“Mesmo que Verônica esteja sendo acusada por algum tipo de crime, ela deve ser submetida à Justiça, não à tortura. Tem direito ao devido processo, não à exposição covarde de seu corpo machucado através das fotografias tiradas sadicamente por policiais. Tem direito ao seu nome, sua identidade e à sua dignidade, até para que responda pelos atos que lhe são imputados”, disse Wyllys, que irá levar o caso à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, à CPI da Violência contra Jovens Negros e Pobres, à Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher e também à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Críticas de Marisa Lobo

Em um video postado nas redes sociais, a psicóloga cristã Marisa Lobo conta o caso na íntegra e critica o posicionamento de alguns veículos da imprensa, do deputado Jean Wyllys e dos direitos humanos.

“Em primeiro lugar: a travesti não teve cortado o cabelo, porque aquilo é peruca. Então é uma desonestidade intelectual por parte da mídia e de certos deputados em mentir sobre o caso”, comenta .

Diante da situação do carcerário, acusado de torturar a travesti, Marisa Lobo afirma que não passa de vitimização. “Aí vem a imprensa, vem a mídia, vem esse ‘deputadozinho’ defensor dos direitos humanos, Jean Wyllys, e vitimizou a situação porque era uma transsexual.”

“Nada justifica a violência sofrida pela Veronica, mas a realidade do que a mídia tem mostrado não é essa. Não foi um espancamento por parte dos policiais, e sim um espancamento dentro da cela. Mas os direitos humanos não querem nem saber.”

“Parabéns Bia, parabéns à imprensa que tem noticiado de forma correta e mostrado a verdade, parabéns a todos que estão se importando com a dona Laura. Não somos a favor de violência, mas por favor, vitimizar e colocar a Veronica como heroína, sinto muito Jean Wyllys, é só para sua cabeça mesmo”, critica Marisa.

Vítima: dona Laura

Dona Laura, que é corretora de seguros, estava trabalhando no sofá de casa quando Verônica, que mora no mesmo andar, bateu à porta e disse: "você é o Satanás e vou te matar". Depois de invadir o local, começou a dar socos na idosa.

Uma outra travesti que mora no mesmo andar, conhecida como Beatriz, foi quem entrou no apartamento para ajudar Laura. Segundo o boletim de ocorrência, ela também apanhou de Verônica, assim como uma terceira vizinha, Lívia.

A idosa conta que, no momento em que a Beatriz interviu na briga, as duas saíram do apartamento. A idosa então trancou a porta, mas Verônica conseguiu arrombá-la para uma nova agressão, dessa vez com mais violência.

Com uma bengala nas mãos, Verônica quebrou diversos móveis e objetos do flat. Ela ainda teria jogado uma cadeira contra Dona Laura.

“Se não fosse a Bia [travesti], eu estaria morta. Ela salvou a minha vida. Eu nunca tive problema nenhum com a Verônica, pelo contrário, todas as vezes que nos víamos pelo corredor nos cumprimentávamos. Eu nunca reclamei de barulho e nunca briguei. Ele simplesmente invadiu a minha casa e quase me matou”, desabafa Laura.

Laura está com o nariz e um braço quebrados, várias marcas roxas pelo corpo, ligamentos das pernas rompidos e dezenas de pontos no couro cabeludo, após passar por uma cirurgia para tratar um traumatismo craniano. Ela ainda perdeu todos os dentes da parte superior da boca. Desde então, ela só consegue ficar sentada, única posição que encontrou para dormir.

“Cadê a Veronica? Está sendo cuidada pelos direitos humanos. Cadê a Beatriz, a travesti que ajudou a dona Laura? Nós deveríamos estar fazendo a hashtag ‘Somos todos Bia’, porque mesmo a Bia sendo uma travesti, ela enfrentou uma travesti maior que ela para defender uma idosa. Olha a que ponto está chegando essa nação, essa esquizofrenia sexual”, questiona Marisa.

Verônica foi indiciada por tentativa de homicídio contra Laura, dano qualificado, desacato, resistência e lesão corporal, além de tentativa de homicídio pela agressão contra o carcereiro. Os inquéritos correm no 78 e 2° DP. Verônica foi transferida para um presídio na sexta-feira (17). A polícia informou que o agente carcerário passa bem e não ficará afastado do trabalho.

Assista o video de Marisa Lobo:

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