Míssil russo interrompe acampamento de crianças em igreja na Ucrânia

Uma série de explosões fizeram tremer as paredes da Ark Church em Dnipro, onde mais de 100 crianças brincavam no retiro de verão.

fonte: Guiame, com informações de The Christian Post

Atualizado: Sexta-feira, 4 Julho de 2025 as 12:13

Mais de 100 crianças estavam na igreja no momento das explosões. (Foto: Cortesia de Sergey Vivchar/The Christian Post).
Mais de 100 crianças estavam na igreja no momento das explosões. (Foto: Cortesia de Sergey Vivchar/The Christian Post).

Um acampamento de crianças em uma igreja na Ucrânia foi interrompido quando um míssil russo caiu próximo ao local, causando ondas de choque que fizeram tremer as paredes e as janelas do templo, em 24 de junho.

Uma série de fortes explosões aterrorizaram as mais de 100 crianças que brincavam no pátio da Ark Church na cidade de Dnipro, no primeiro dia do acampamento.

"Ficamos chocados e foi assustador para muitas das crianças. Então houve outra explosão, depois uma segunda, e depois uma terceira e uma quarta", contou Sergey Vivchar, o pastor da congregação, ao The Christian Post.

Sergey lembrou que a quarta explosão ocorreu muito perto da igreja. Durante o ataque, 50 crianças foram levadas para o porão do templo, onde ficaram abrigadas por cerca de 40 minutos. As outras 50 foram para casa com os pais.

"No porão, sentamos no chão frio, pressionados entre as paredes e o medo. As crianças estavam tremendo. Um abraçou o irmão mais novo, outro se encostou na parede com as mãos sobre as orelhas, como se isso pudesse calar o horror do lado de fora", lembrou o pastor.

"Alguns sussurraram baixinho: 'Mãe, onde você está?', enquanto outros apenas olhavam para o espaço, congelados”.

Vlad, um menino de 13 anos, chorou enquanto segurava a mão de Sergey. O pastor tentou acalmar as crianças com orações e abraços.

Ele disse que vários participantes pediram para ligar para os pais, porém era impossível já que, durante ataques, o governo ucraniano desliga o Sistema Global de Comunicações Móveis para bloquear a navegação dos mísseis.

"Não houve jogos barulhentos, nem risos, nem verão. Havia crianças que já haviam suportado mais do que o coração de qualquer criança deveria ter que suportar", comentou Vivchar.

"E nenhuma foto pode realmente mostrar o que vimos em seus olhos. Mas devemos falar sobre isso, orar e nunca nos acostumar com isso, porque bem ao nosso lado está toda uma geração, filhos da guerra, crescendo com lágrimas nos olhos”.

Após 40 minutos abrigados no porão, as crianças saíram para fora seguros e a programação do acampamento continuou.

No dia seguinte, para a surpresa do pastor, as 50 crianças que haviam ido embora com os pais voltaram para o retiro de verão.

Crianças traumatizadas pela guerra

Nos últimos três anos, a Ark Church tem promovido o retiro para crianças e pré-adolescentes, de 7 a 14 anos, com o propósito de fornecer alívio em meio a guerra da Ucrânia

Segundo Sergey, muitas crianças ucranianas desenvolveram ansiedade, fobias e transtornos psicológicos devido ao conflito.

"Tentamos fazer de tudo para renovar sua infância", observou ele. "Essas crianças têm muita dor, têm muitos problemas por dentro. Muitos lutam contra o medo ou mostram sinais de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Não podemos devolver a infância que perderam, mas podemos dar a eles um momento de paz, um abraço, um espaço seguro”.

Além disso, as crianças lidam com o medo de perder familiares que estão lutando na guerra. 

Ucrânia assolada pelo conflito

Já se passaram mais de 3 anos desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, quando forças russas invadiram o país em 2022.

Cerca de 1,6 milhão de crianças se lembrarão da violência e do estresse da guerra para o qual não estão emocionalmente preparadas.

Em 2021, 6,7 milhões dos 44 milhões de habitantes do país fugiram como refugiados — muitos para a Europa Ocidental. Outros 5 milhões estão deslocados internamente, buscando refúgio em áreas mais a oeste, longe das linhas de frente.

Desde o início da guerra, as igrejas evangélicas na Ucrânia estão lotadas. Uma congregação chegou a alimentar 17.000 pessoas nos três anos de guerra. 

Assim como esta comunidade, centenas de outras igrejas prestam apoio psicológico e espiritual, promovem momentos de oração, oferecem abrigo de longo prazo, realocam pessoas em situação de necessidade para projetos em outras regiões e coordenam a recepção de milhões de euros em ajuda humanitária vinda de doadores de toda a Europa e de outros lugares do mundo.

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