Nova Iorque terá um novo líder com ideias que têm sido tanto abraçadas quanto criticadas, prometendo agitar o cenário político da cidade.
Zohran Mamdani, de 34 anos, que se identifica como muçulmano e socialista democrata, foi eleito prefeito de Nova Iorque na terça-feira (04), após uma campanha marcada por propostas ousadas e declarações controversas.
Ele obteve cerca de 1.036.051 votos, o equivalente a 50,4% do total, derrotando o ex-governador Andrew Cuomo (41,6%), também Democrata, e o republicano Curtis Sliwa (7,1%).
Em seu discurso de vitória, o filho de imigrantes de origem ugandesa e indiana elogiou “donos de bodegas iemenitas, avós mexicanas, motoristas de táxi senegaleses, enfermeiras uzbeques, cozinheiras trinitárias (de Trinidad e Tobago) e tias etíopes” por contribuírem para sua eleição.
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Anti-Israel
Durante a campanha, Mamdani chamou a atenção por sua postura crítica em relação a Israel, recebendo reações da comunidade judaica, especialmente da expressiva população que vive em Nova Iorque, cidade que nos próximos meses será governada por ele.
Mamdani defende o boicote a empresas e produtos israelenses, causando preocupações na comunidade, que considera sua postura antissemita.
O The Jerusalem Post lembra que as próprias palavras de Mamdani ampliaram as preocupações.
Em um vídeo de 2021, que voltou à tona na cobertura recente, ele afirmou que cofundar o capítulo do SJP (Students for Justice in Palestine – movimento estudantil que defende a causa palestina) em Bowdoin e seu ativismo pró-BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel) foram a “principal razão” pela qual decidiu se juntar aos Socialistas Democratas da América.
Em diversos momentos, repetiu o slogan “globalizar a intifada”, expressão interpretada por críticos como um chamado à resistência armada contra Israel e comunidades judaicas em escala global.
Em Nova Iorque, que abriga a maior comunidade judaica fora de Israel, cresce a preocupação com possíveis tensões e atos de provocação contra judeus nova-iorquinos após sua eleição.
Valores cristãos
Suas posições, como a defesa da abolição da propriedade privada, e as duras críticas à atuação da polícia de Nova Iorque geraram debates acalorados durante a corrida eleitoral, dividindo opiniões entre eleitores e analistas políticos.
Após sua eleição para comandar a maior cidade dos EUA, Mamdani enfrentou reações diversas, incluindo críticas de líderes religiosos cristãos.
O pastor Martin Sedra, pastor da Echo Church, fez declarações no Instagram demonstrando preocupação com a escolha, afirmando que teme impactos sobre valores cristãos e a cultura americana.
Segundo Sedra, a vitória representa “um desafio para princípios que considera fundamentais”, e pediu orações pela cidade.
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Especialistas apontam que esse tipo de reação reflete tensões históricas entre grupos religiosos e propostas políticas progressistas.
Poucos dias antes da eleição, a igreja Movement Church publicou em seu Instagram uma postagem afirmando: “Nova Iorque pertence a Jesus”.
E acrescentou: “Cada centímetro quadrado deste planeta, cada bairro e cada quarteirão da cidade de Nova Iorque pertencem a Jesus. Ele é o rei legítimo desta cidade. Que todo joelho se dobre e toda língua confesse: Ele é o Senhor”.
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Impactos
Para seus apoiadores, a vitória representa uma oportunidade de transformação profunda na cidade, com foco em justiça social e redistribuição de recursos.
Já os críticos alertam para possíveis impactos econômicos e sociais das medidas propostas, especialmente em temas como segurança pública e mercado imobiliário.
A posse de Mamdani está prevista para os próximos meses, e especialistas apontam que sua gestão será acompanhada de perto tanto por defensores quanto por opositores, diante das promessas de mudanças estruturais.