Marcada para acontecer provavelmente nesta terça-feira (28), a execução do brasileiro Rodrigo Gularte tem gerado debates e discussões, não apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo.
A polêmica que envolve a ilegalidade do tráfico de drogas, a esquizofrenia diagnosticada por médicos no brasileiro e pena de morte têm marcado este caso.
O prazo dado pela justiça da Indonésia (72 horas), após o anúncio dos nomes dos prisioneiros que serão executados já expirou.
Entre os condenados oito deles são estrangeiros (de fora da Indonésia). Porém um destes não chamou a atenção do público, apesar de sua história, que também poderia ser questionada por tantos.
O australiano Andrew Chan, de 31 anos era integrante da rede de traficantes chamada "Os Nove de Bali" e foi preso em 2005, ao tentar entrar com parte de um carregamento de heroína na Indonésia.
Porém se converteu ao Protestantismo tempos após ser detido e foi ordenado oficialmente pastor no último mês de fevereiro, após estudar Teologia por seis anos.
Ao ser questionado sobre sua condenação e os crimes que cometeu
"Peço desculpas ao povo da Indonésia, eu também peço desculpas à minha família e eu percebo que minhas ações trouxeram vergonha e sofrimento para toda a minha família. Se for perdoado, espero que um dia eu eu seja capaz de ter a minha própria família e trabalhando como pastor para que eu possa dar uma orientação aos jovens. Eu ainda posso contribuir muito durante a minha vida. Eu perdi toda a minha integridade e boa vontade, e trouxe profunda vergonha e sofrimento ultrajante aos meus entes queridos", disse Chan durante uma entrevista em 2010.
Além de Chan, outro cristão está na lista dos condenados à execução desta terça-feira (28), na Indonésia. O nigeriano Okwudili Oyatanze, de 45 anos foi preso em 2001 por traficar 1kg de heroína através do aeroporto de Jacarta.
Na prisão, Oyatanze decidiu mudar o rumo de sua vida e converteu-se ao protestantismo. Posteriormente viria a descobrir o seu talento para a música cristã, compondo mais de 70 canções e chegando a gravar diversos discos, apesar de ainda estar cumprindo pena.
"Ele transformou sua vida na prisão", disse o Rev. Charles Burrows, da Irlanda.
Incoerência?
Talvez este fator venha a esquentar ainda mais a discussão sobre a 'eficácia' da pena de morte. Talvez também gere estranheza pelo fato de seu caso ainda não ter sido citado com tanta repercussão na mídia, como tem acontecido com o caso de Rodrigo.
Fato é que a mobilização do Governo Federal e do Itamaraty para tentar reverter esta condenação de Gularte contrasta com a passividade destas mesmas autoridades com relação ao massacre que cristãos sofreram no passado e continuam sofrendo em tantos outros países, tendo seu sangue estampado nas lentes dos próprios grupos terroristas, que assustadoramente reivindicam a autoria destes massacres.