Premiê socialista da Espanha se nega a jurar sobre Bíblia em sua posse

Pedro Sánchez se tornou o novo primeiro-ministro da Espanha e deixou claro quais são suas convicções em relação à religiosidade.

fonte: Guiame, com informações de BBC

Atualizado: Segunda-feira, 4 Junho de 2018 as 10:26

O líder socialista Pedro Sánchez fez o juramento apenas diante da Constituição da Espanha. (Foto: Fernando Alvarado/Pool/AP Photo)
O líder socialista Pedro Sánchez fez o juramento apenas diante da Constituição da Espanha. (Foto: Fernando Alvarado/Pool/AP Photo)

A Bíblia Sagrada não fez parte do juramento de posse do primeiro-ministro, pela primeira vez na história da democracia espanhola. Em sua posse no último sábado (2), Pedro Sánchez, do partido Socialista, dispensou os símbolos cristãos e jurou lealdade apenas diante da Constituição da Espanha.

No Palácio da Zarzuela, residência oficial do rei nos arredores de Madri, o socialista rompeu o protocolo adotado por todos os primeiros-ministros que governaram o país após a restauração da democracia, em 1975.

“Prometo, por minha consciência e honra, cumprir fielmente as obrigações do cargo de presidente do Governo, com lealdade ao rei, e guardar e fazer cumprir a Constituição como norma fundamental do Estado, assim como manter segredo das deliberações do Conselho de Ministros”, leu Sánchez, enquanto apoiava a mão direita num exemplar da Constituição de 1978.

O novo presidente se define como ateu e defende o fim do ensino religioso nos colégios públicos. Sánchez acredita que o Estado deve ser laico e completamente desvinculado de qualquer religião.

Após uma mudança introduzida pela Casa del Rey em 2014, foi concedida ao primeiro-ministro a liberdade de fazer o juramento com ou sem presença de símbolos religiosos. No entanto, os últimos governantes haviam optado por manter a tradição de ter Bíblia e crucifixo ao alcance.

Contexto político

A cerimônia de posse ocorreu após o conservador Mariano Rajoy ser forçado a deixar o cargo, diante da aprovação de uma moção de censura (ou de desconfiança) pelo Parlamento.

O Partido Popular do ex-premiê é alvo de um escândalo de caixa dois de campanha, com irregularidades que teriam ocorrido entre 1999 e 2005. Os parlamentares passaram a questionar o governo e Sánchez, que é secretário-geral do Partido Socialista, articulou a moção.

De acordo com a legislação espanhola, o partido que pede a censura do governante deve propor, simultaneamente, um nome para substituí-lo. Sánchez foi indicado e entrou para a história como o primeiro a assumir o cargo sem ser deputado.

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