
As igrejas protestantes enfrentam contínuas perseguições nas áreas da Ucrânia sob controle russo. Um relatório de uma entidade dedicada à defesa da liberdade religiosa relata que, neste ano, tribunais russos aplicaram multas elevadas, impuseram restrições e até decretaram o fechamento de templos.
Eric Mock, da Slavic Gospel Association, retrata a realidade dessas igrejas como um conjunto de provações – sendo que enfrentar a vida em uma zona de guerra é apenas o primeiro obstáculo.
“A primeira parte – que remonta a 2014 e à Revolução Laranja – é que as igrejas protestantes são vistas como agentes do Ocidente, como tendo ligações ocidentais”, diz ele.
“Elas são percebidas como instituições que minam a Ortodoxia Russa e a tradição russa. Não são consideradas confiáveis devido à sua relação com o Ocidente”.
Identidade ucraniana
Os membros costumam ser vistos nos territórios ocupados como defensores ardorosos da identidade ucraniana.
“Quando essas igrejas, ou os evangélicos em particular, continuam a manter sua identidade protestante evangélica, e podem manter sua identidade ucraniana, suas vidas se tornam muito complicadas”, afirma Mock.
“Eles não têm acesso aos mesmos recursos, e muitas dessas igrejas são fechadas.”
Mesmo diante de tantos obstáculos, esses fiéis seguem adiante, convictos de um chamado de Deus.
‘Decidiram ficar’
Segundo Mock, muitos deixaram as regiões ocupadas, buscando refúgio na Rússia, Bielorrússia ou em outras áreas da Ucrânia. No entanto, alguns decidiram ficar.
“Essa é a parte essencial que devemos lembrar ao pensar nos cristãos que enfrentam dificuldades nesses territórios ocupados: se eles forem embora, quem levará o Evangelho adiante? Se as pessoas escolherem apenas o conforto em vez de serem luz no meio da escuridão, quem vai se levantar?”, questiona Mock.
“Mesmo nessas áreas ocupadas, os crentes reconhecem que Deus os levantou para um tempo como este.”
“É muito difícil servir essas igrejas, então a principal coisa que fazemos por elas agora é orar. Acreditamos profundamente que há muito poder em muita oração”, diz Mock.
“A maior ferramenta que temos para ver uma situação transformada é clamar ao nosso Deus soberano, o único Deus verdadeiro, que inclusive permite essas dificuldades com o propósito de manifestar Sua grandeza entre as nações.”
“E acho que, em segundo lugar, precisamos valorizar as igrejas ao redor dessas regiões, que também estão orando e acolhendo os refugiados. Fazemos o possível para apoiá-las, já que muitos chegam às suas áreas em busca de respostas.”