Vandalizado pelo Estado Islâmico, túmulo de Jonas confirma relato bíblico em Nínive

As inscrições fazem referência ao rei assírio, Assaradão, filho de Senequeribe, conforme citado em II Reis.

fonte: Guiame, com informações do Telegraph

Atualizado: Sexta-feira, 23 Fevereiro de 2018 as 11:49

Pessoas andam em frente às ruínas do túmulo de Jonas, em Nínive. (Foto: ha.rfi.fr)
Pessoas andam em frente às ruínas do túmulo de Jonas, em Nínive. (Foto: ha.rfi.fr)

Inscrições extraordinárias de 2.700 anos foram descobertas sob o túmulo de Jonas, que foi vandalizado pelo Estado Islâmico, quando eles invadiram a cidade de Nínive em 2014.

As incríveis inscrições se referem ao rei assírio Assaradão (filho de Senaqueribe), que é citado na Bíblia em II Reis 19:35-37. A tradução da inscrição diz: "O palácio de Assaradão, rei forte, rei do mundo, rei da Assíria, governador de Babilônia, rei de Suméri e Akkad, rei dos reis do Egito inferior, alto Egito e Kush [um antigo reino localizado ao sul do Egito na Nubia]".

De acordo com inscrições antigas encontradas em outros sítios arqueológicos, os líderes da civilização Kush governaram o Egito. As inscrições mais recentes detalham que o rei Assaradão derrotou os governantes Kush e escolheu novos governantes para governar a nação.

Outra inscrição encontrada sob o túmulo de Jonas diz que o rei "reconstruiu o templo do deus Aššur [o deus principal dos assírios]", as antigas cidades da Babilônia e Esagil e "renovou as estátuas dos grandes deuses".

As inscrições revelam alguns fatos sobre a história familiar de Assaradão, dizendo que ele é de fato foi filho de Senaquerib [reinado 704-681 aC] e descendente de Sargão II (reinado 721-705 aC), que também era chamado de "rei do mundo".

As inscrições não são a única descoberta de que o Estado Islâmico levou inadvertidamente os pesquisadores para baixo do túmulo. No ano passado, como os arqueólogos avaliaram o extenso dano causado pelos militantes, eles encontraram um vasto palácio datado de 600 aC.

"Eu nunca vi algo como isso gravado em rochas neste tamanho grande", disse a Professora Eleanor Robson, presidente do Instituto Britânico para o Estudo do Iraque, ao Telegraph na época. "Os objetos não combinam com as descrições do que pensávamos estar lá, então a destruição do túmulo pelo Estado Islâmico nos levou a um achado fantástico".

"Há uma grande quantidade de história lá, não apenas pedras ornamentais. É uma oportunidade para finalmente mapear o tesouro do primeiro grande império do mundo, do período de seu maior sucesso", acrescentou.

Ex-curadora do museu de Mosul, a Sra. Salih, que supervisionou uma equipe de cinco homens que realizou o trabalho, disse que acredita que o Estado Islâmico tenha saqueado centenas de objetos que estavam no fundo do túmulo, antes que as autoridades recuperassem a cidade de Nínive.

"Eu só posso imaginar o quanto Estado Islâmico descobriu lá antes da nossa chegada", disse ela ao Telegraph por telefone de Mosul. "Nós acreditamos que eles levaram muitos dos artefatos, como cerâmica e peças menores, para vender no mercado negro. Mas o que eles deixaram será estudado e acrescentará muito ao nosso conhecimento sobre o período".

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