Preto no Branco fala sobre a música 'Se Organize': "É um chamado para a nação brasileira"

Em entrevista exclusiva ao Guiame, Clóvis Pinho destacou como o grupo tem trabalhado a mensagem do novo single.

fonte: Guiame, por João Neto

Atualizado: Sexta-feira, 1 Março de 2019 as 12:11

Jean Michel (esquerda) e Clóvis Pinho (direita) formam o Preto no Branco. (Foto: Divulgação)
Jean Michel (esquerda) e Clóvis Pinho (direita) formam o Preto no Branco. (Foto: Divulgação)

Eles já cantaram black, pop, MPB e agora estão até colocando um pé no Axé Music. Com o lançamento do clipe "Se Organize", o grupo vivencia novas experiências sonoras e assegurou que elas têm sido mais que positivas: os têm feito se sentir "em casa".

Em entrevista exclusiva ao Guiame, o cantor e compositor Clóvis Pinho destacou como o novo single está integrando a nova fase do grupo — agora formado por Clóvis Pinho e Jean Michel — e também refletiu sobre a mensagem que a canção quer passar.

Portal Guiame: Vocês lançaram recentemente o clipe "Se Organize". A música é o que vocês mesmos chamaram de "Trap baiano". Como surgiu essa ideia de, além do black, do soul e do pop, agora passear também por esse estilo tão brasileiro?

Clóvis Pinho: Exatamente. A gente lançou a música "Se Organize" como fruto de uma pesquisa sobre o Trap, que é uma variação do Hip Hop e do Rap. A gente transformou com informações do Axé, que é algo muito comum da nossa identidade na Bahia. Eu cresci na Bahia e o baterista, Michel, também. Isso é muito fácil para a gente manipular. Na questão da música "Se Organize", especificamente, a gente tentou trazer informações do Axé Music com o Trap, porque o nosso som não combina com o Axé puro, aquele axé mais comercializado, mais radiofônico. Quando a gente percebeu isso, começou a pesquisar uma forma de juntar o nosso som com um ritmo mais baiano e a gente encontrou o Trap, estudando algumas novidades, dentro da própria música baiana, dentro do mercado da Bahia atual, em bandas como BaianaSystem e A Tocha. Elas são referências dessa mistura que a gente fez.

Portal Guiame: A canção passa uma ideia de motivar as pessoas a viverem uma transformação em Deus, mas ao mesmo "organizando-se". Na sua opinião, é preciso assumir a responsabilidade pela mudança?

Clóvis: Com certeza! A gente, como ser humano, como indivíduo, precisa assumir a responsabilidade pela mudança que a gente escolhe viver, e para evoluir a gente precisa se organizar. Deus é organizado e mostra isso através da sua própria criação: as estrelas no lugar das estrelas, os astros maiores indo e vindo entre o dia e a noite, as águas. A gente desorganiza muita coisa que Deus organizou e depois a natureza acaba respondendo de forma aparentemente brutal, mas é ela mesma requerendo aquilo que a gente tirou da terra, tirando da estrutura da terra, construindo errado, escolhendo lugares errados para morar, enfim... tudo que acontece de desorganização na terra, a gente tem certeza que não vem da parte de Deus. Mas a organização é uma marca dele. E se organizar, principalmente para nós brasileiros, é uma questão de prioridade.

A gente vem de uma história bem difícil com relação a se organizar, politicamente, ideologicamente, como civilização em muitas questões. A favela mal assistida, hospitais mal estruturados... a gente percebe uma desorganização generalizada muitas vezes na história do nosso país. Então, eu acredito que essa música, além de um convite pessoal, individual, para cada um, também é um chamado, um convite para a nação brasileira se organizar mesmo, como diz a própria canção popular brasileira: "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Essa é uma forma de se organizar e mais do que isso, desorganizar os sistemas opressores, aquilo que está à nossa volta, que vira um costume midiático, que vira uma influência para o mal, que torna as pessoas robotizadas. Tudo aquilo que tira a sua origem orgânica e faz com que a gente perca a nossa essência como pessoa que pode se organizar a partir do seu próprio pensamento, seu próprio conceito e estilo de vida. Se organize!

Portal Guiame: Vocês começam o ano de 2019 com uma nova formação. Como vocês enxergam a nova fase do Preto no Branco?

Clóvis: A gente enxerga a nova fase do Preto no Branco de uma forma muito positiva e visceral, porque a gente está tendo o privilégio de fazer coisas agora que a gente sempre quis fazer e só agora está surgindo a oportunidade. Já fomos uma banda de quatro cantores. Isso foi um desafio muito grande, principalmente para mim, que sou vocalista, mas com certeza é um tempo muito precioso para a gente abraçar os desafios e enxergar que tivemos um tempo sim de partilha entre esses quatro cantores, mas que hoje transitam de forma diferente no Reino de Deus. Mas a gente acredita que esse é o momento que o Preto no Branco mais se encontra na sua identidade definitiva. Houve um tempo que a gente trabalhava quatro verdades, de quatro cabeças pensantes, quatro formas, quatro janelas sobre Deus e sobre a vida. Hoje a gente tem situações mais resumidas, questões mais fáceis de apurar no sentido de dar o recado de forma urbanizada, direta, que tenha o efeito imediato na mensagem e na vida de cada um.

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