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Após greve na terça, sindicatos argentinos ameaçam parar por 36 h

Trabalhadores falam de greve em meados de abril, se não forem atendidos. Greve de transportes desta terça foi a 4ª de transportes desde 2007.

fonte: globo.com

Atualizado: Quarta-feira, 1 Abril de 2015 as 8:33

Greve geral na Argentina
Greve geral na Argentina

Uma greve de 24 horas nos trasportes por uma redução do imposto sobre os salários paralisou nesta terça-feira (31) grande parte da atividade na Argentina, sete meses antes das eleições presidenciais.

A greve foi convocada por três das cinco centrais de trabalhadores em que se divide o sindicalismo argentino. Para se diferenciar da convocação que não incluía comícios e passeatas, os grupos de esquerda organizaram piquetes nos principais acessos a Buenos Aires.

Os sindicatos anunciaram que, se não conseguirem o que querem, farão uma nova greve, desta vez por 36 horas em meados de abril.

Essa é quarta greve de transportes desde o início do governo Cristina Kirchner, em 2007. Apenas automóveis particulares circulavam nesta terça-feira por Buenos Aires por causa do protesto que atingiu todas as modalidades de transporte público, sejam ônibus de passageiros urbanos ou de longa distância, metrô e trens.

As companhias aéreas Aerolíneas Argentinas, Austral, LAN e TAM tiveram que cancelar seus voos, enquanto as demais empresas sofreram desvios e atrasos.

Nesta quarta-feira (1º), os voos voltaram a operar normalmente.

"Me dói que eles (sindicalistas) façam paralisação, porque têm que dar um pouquinho de seu salário para que se pague aos outros companheiros, aos aposentados, aos que precisam de água potável", reagiu a presidente Cristina Kirchner em um ato público diante de milhares de seus partidários na periferia.

Alta adesão
"Cerca de 95% das pessoas teriam trabalhado, mas não podem porque não têm como se deslocar", disse o chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, ao chegar nesta terça-feira à Casa Rosada.

Em reação, um dos líderes do protesto, o dirigente canhoneiro Hugo Moyano, disse em coletiva de imprensa que "a paralisação foi contundente e agora se espera que o governo dê as respostas que os trabalhadores merecem".
Kirchner, peronista como Moyano, provocou os sindicalistas citando uma frase de Evita Perón, uma das lideranças históricas do partido governista: "tenho mais medo da frieza dos corações daqueles que se esqueceram de onde vêm do que dos oligarcas".
"Se tivesse trens, metrô ou ônibus, não teria havido greve, que não foi geral, foi de transportes", ressaltou a presidente.

Os sindicatos são contra o imposto aos salários em escala progressiva que vai até 35% e que se aplica sobre remunerações a partir de 15.000 pesos (cerca de US$ 1.700).

O imposto alcança um universo cada vez maior de trabalhadores porque desde agosto de 2013 o valor mínimo ao qual o imposto é aplicado permanece invariável, enquanto os salários sofreram aumentos pelas negociações paritárias com as empresas.

O ministro de Economia, Axel Kicillof, afirmou que a cobrança "afeta a minoria que ganha mais", aproximadamente 850.000 trabalhadores sobre uma força de trabalho de 11 milhões de assalariados.

O governo precisa dessas receitas fiscais para manter numerosos programas de assistência social para setores menos favorecidos.

O dado oficial não considera a evasão fiscal, já que frequentemente os salários mais altos são pagos informalmente, sem que sejam declarados. Além disso alguns setores têm isenção no pagamento desse imposto, como é o caso do Poder Judicial.

Caminhadas e bicicletas
O terminal de trens de Constitución, por onde chegam diariamente milhares de passageiros da periferia, passou o dia fechado, assim como outras estações centrais da cidade.

"Tive que sair às cinco da manhã. Vim caminhando e hoje vou caminhando a todos os lugares até a noite", contou Elizabeth, de 40 anos, que limpa escritórios do centro de Buenos Aires.

Na capital, que vê a população dobrar durante o dia, alguns táxis circulavam, mas muitos optaram pela bicicleta ou pela caminhada.
"Vejo que tem táxis, prefiro ir agora cedo e voltarei caminhando. São 50 quadras (5 km), mas a saúde não espera, os pacientes não podem esperar", disse à AFP Mariana Bassi, uma médica de 34 anos no bairro de Palermo.

Um rastro de lixo em toda a capital evidencia a falta de coleta pela greve dos caminhões. Os médicos e os bancários, entre outros setores, também aderiram à greve.

A greve provoca perdas por aproximadamente 3 bilhões de pesos (US$ 340 milhões), segundo cálculos da consultora Analytica.

 

 

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