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Incentivo à leitura é saída para melhorar educação

Incentivo à leitura é saída para melhorar educação

Atualizado: Segunda-feira, 2 Abril de 2012 as 8:31

É consenso que a leitura traz benefícios, no entanto, metade da população do País ainda não se interessa pelas obras, segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro. A publicação mostra que os poucos esforços existentes na área da educação, somados à falta de incentivo familiar, resultam numa população que lê no máximo quatro livros por ano.


A terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostra que a maior concentração de leitores está na faixa de 5 a 17 anos - idade escolar -, e a perda do hábito ocorre a partir dos 17 anos.
Os leitores são formados quando criança, por isso a importância de iniciativas que estabeleçam associação do livro com o prazer desde cedo. No Grande ABC, Santo André e Ribeirão Pires apostam em introduzir livros e contação de histórias desde a creche - alunos de 0 a 5 anos. Diadema, São Bernardo e Mauá focam os trabalhos com estudantes do Ensino Fundamental - faixa etária de 6 a 10 anos - na tentativa de incentivá-los a ler. Em São Caetano, a leitura é incorporada no cronograma normal de aula.


São Bernardo mantém dois programas direcionados ao incentivo do hábito. Por meio de convênio com o Ministério da Cultura - R$ 2,5 milhões, sendo R$ 855 mil de contrapartida municipal -, a cidade mantém o Agentes de Leitura. Cada agente recebe bolsa de R$ 350 e acervo de 100 livros para atender até 25 famílias de baixa renda. No caso do Bibliotecas Interativas, são 600 mil livros na rede municipal, sendo 91 bibliotecas no Ensino Fundamental e 44 espaços nas escolas de Ensino Infantil.


Em Diadema, o programa Ler Mais envolve alunos do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, entre 6 e 10 anos, com investimento de R$ 590 mil. Mauá tem os projetos Maleta da Leitura (no qual o aluno leva para casa maleta com livro e cadernos para dividir com os familiares) e Bibliotecas Circulantes (o estudante pode levar o livro para casa). Em Ribeirão Pires as bebetecas atuam no primeiro contato dos pequenos de quatro meses até quatro anos com os livros. O material, que compõe os espaços de leitura, faz parte do projeto pedagógico e beneficia mais de 1.400 crianças de 17 escolas.


FRUTOS
Uma árvore onde livros representam os frutos convida alunos da creche Herbert de Souza, em Santo André a apreciar os exemplares. A atividade é desenvolvida há um ano e meio, pelo menos quatro vezes por semana, com alunos que tem entre 2 e 4 anos. "Embora eles não saibam ler, conseguem tramar uma história por meio das imagens", explica a professora Venessa Camargo, 37 anos. Segundo ela, além de acalmá-los, a leitura trabalha o lado emocional das crianças.


Contação de história é estímulo válido
Engana-se quem acredita que o incentivo à leitura é tarefa exclusiva da escola. Em casa, os pais podem e devem, segundo especialista, estimular as crianças a se interessar pelos livros. Entre as opções, a contação de histórias é uma iniciativa válida, já que valoriza o texto e a interação e ainda auxilia o processo de memorização da criança.


Para o professor de Literatura Brasileira da Fundação Santo André, José Marinho do Nascimento, além de repertório pessoal e sensação de plenitude, a leitura traz benefícios em cinco dimensões: neurofisiológica, cognitiva, afetiva, argumentativa e simbólica. "Normalmente quem lê foge ao senso comum, reflete, argumenta, contra-argumenta, dialoga, interage mais com o mundo ao redor", considera.


O especialista indica aos pais que reservem algum momento calmo pelo menos uma vez por semana para a leitura de jornal, revista ou livro. "É preciso adquirir livros e deixá-los à disposição das crianças em casa", indica. Programar passeios que incluam visitas a livrarias ou bibliotecas também pode ajudar. Tudo, claro respeitando a vontade da criança, já que ler deve ser um exercício de liberdade.


Na hora de avaliar o grau de prazer ou desconforto da criança com a leitura, basta observar os movimentos dela. "As crianças manifestam sua satisfação ou insatisfação muito rápida e sinceramente", diz Nascimento.
O educador faz ainda um alerta sobre a importância da cultura, arte, literatura e leitura para a construção da identidade do ser humano. Segundo ele, um pai que presenteia o filho com um livro não lhe dá apenas o livro, dá a possibilidade de se encontrar.

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