Steve Jobs na campanha de divulgação do
Macintosh (Foto: Divulgação)
Microsoft, Hewlett-Packard, Xerox, HTC, Samsung, RIM e Kodak fazem parte de uma longa lista de empresas que tiveram problemas jurídicos com a Apple. Além disso, brigas com grupos de usuários permearam a história da empresa fundada por Steve Wozniak e Steve Jobs , que teve sua morte anunciada na última quarta-feira (5).
E Jobs foi um dos protagonistas em um dos primeiros processos jurídicos envolvendo sua empresa, movido pela Xerox. Em uma história que ficou famosa no Vale do Silício, conta-se que Jobs fez uma visita ao escritório da Xerox em Palo Alto, em 1979, e voltou encantado com a ideia de um "desktop" usada no Xerox Alto, uma espécie de mini computador da Xerox.
No Xerox Alto, a área de trabalho trazia ícones que representavam diferentes tarefas da máquina e que eram comandadas por uma seta, ligada à movimentação do mouse. A ideia foi base para os computadores Apple Lisa e Macintosh.
Em 15 de dezembro de 1989, a Xerox levou a briga à Justiça norte-americana, alegando que a Apple tinha usado ideias de direito da empresa no Lisa e no Macintosh. "O processo da Xerox pede mais de US$ 150 milhões em direitos e danos", diz uma matéria do "New York Times" publicada em dezembro de 1989.
Ao mesmo tempo, a Apple havia patenteado a interface do usuário do Macintosh e também estava brigando na Justiça, acreditando que outras empresas a haviam copiado, diz o "New York Times". Na época, a empresa de Jobs processou a Microsoft e a Hewlett-Packard, por infração de direitos de software.
Na decisão, o juíz determinou que a Apple não poderia patentear a ideia de uma interface gráfica do usuário ou a ideia da organização do computador no modelo "desktop". A decisão saiu apenas em 1994.
Pouco tempo depois, a empresa de Steve Jobs já se envolvia em outra briga com a Microsoft. Em 1995, a empresa colocou a companhia de Bill Gates e a Intel em um processo de roubo de propriedade intelectual e quebra de contrato que movia contra a San Francisco Canyon Company, segundo o "New York Times".
Steve Jobs entre o logo da Apple e o da Microsoft durante apresentação da
Apple em setembro de 2002 (Foto: John Schults/Reuters)
A San Francisco Canyon Company trabalhava com a Apple para desenvolver o Quicktime, software para visualização de conteúdo multimídia. De acordo com a Apple, foram encontradas informações do Quicktime em produtos da Microsoft e em quadros de avisos da Microsoft e da Intel.
Cena do comercial de "Get a Mac"
(Foto: Reprodução)
Com a empresa de Gates, a briga da Apple chegou às mensagens publicitárias da empresa, com a série de vídeos "Get a Mac". Nos vídeos, que foram veiculados entre 2006 e 2009, segundo o site Adweek, o ator Justin Long representa um computador Mac e o humorista John Hodgman como um PC (o computador pessoal da Microsoft, que usa o sistema Windows). Enquanto Long aparece como moderno e integrado, Hodgman chega a cair em tentação e ouvir música em um iPod.
Mas a Microsoft não foi a única a ter problemas judiciais com a Apple. Em 2006, a empresa de Steve Jobs processou a Creative Technology, por infração de patentes do seu iPod, segundo o
"New York Times". De seu lado, a Creative tentou impedir a importação dos iPods, feitos na China.
Já em 2010, a Kodak entrou com uma ação contra a Apple e a RIM, alegando que os celulares feitos pelas empresas infringiam direitos de tecnologias de imagem digital da empresa, segundo o "Wall Street Journal". A empresa também abriu um processo extra somente contra a Apple por infração de patentes relacionadas a "câmeras digitais e processos computacionais".
Mais recentemente, Samsung e Apple têm compartilhado uma longa história judicial. Foram mais de 20 processos sobre patentes abertos em todo o mundo desde abril, segundo a agência Efe. A Apple alega que a Galaxy de celulares e tablets, da Samsung, copia "escancaradamente" os iPhones e iPads.
Usuários
A Apple deu seus tropeços com os usuários, e nem sempre foi perdoada. A divisão sul-coreana da Apple, por exemplo, foi condenada a pagar uma indenização de US$ 946 a um usuário que teve seus dados de localização recolhidos pelo iPhone sem seu consentimento.
O escândalo do rastreamento do software do iPhone e do iPad ficou público em abril de 2011, quando foi publicado que o programa da Apple recolhia e guardava dados de localização dos usuários. As informações ficavam guardadas nos aparelhos por até um ano.
Em outro caso relacionado a reclamações dos usuários, a justiça determinou, em março de 2011, que Steve Jobs deveria responder a perguntas relacionadas a uma ação antitruste relacionada ao mercado de download de músicas, informou a Bloomberg.
O consumidor Thomas Slattery entrou com o processo em 2005, alegando que a Apple limitava a escolha do comprador ao associar o seu iPod à loja de música do iTunes, diz a Bloomberg.