Thiago Heleno celebra boa temporada no Verdão
(Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com) Thiago Heleno foi um dos homens de confiança de Felipão em 2011. Contratado por indicação do técnico, o zagueiro se recuperou da má temporada no Corinthians e virou referência na melhor defesa do Campeonato Paulista e segunda menos vazada do Campeonato Brasileiro. Na reta final do Brasileirão, ele sofreu com dores crônicas nos dois pés e teve de passar por intervenção cirúrgica há uma semana. Em recuperação, o zagueiro recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM em sua casa e abordou vários assuntos, inclusive os mais polêmicos.
Thiago Heleno não se esquivou dos comentários sobre o caso Kleber, deu um recado ao desafeto Leandro Castán, do Corinthians, e não se esqueceu de ressaltar as coisas boas mostradas pelo Palmeiras em 2011. Para ele, esse time é capaz de brigar por títulos se contratar mais três ou quatro reforços. No entanto, os problemas internos ainda atrapalham.
- O Palmeiras tem muitas coisinhas que vazam, e isso prejudica. Mas procuro não pensar nisso, chego no clube, pego minhas coisas, treino e depois vou para casa ressaltou o zagueiro.
Confira abaixo a íntegra da entrevista:
GLOBOESPORTE.COM: Como você avalia sua temporada e, principalmente, o desempenho da defesa em 2011?
Thiago Heleno: A defesa foi muito bem. Em alguns jogos não conseguíamos fazer gols, mas segurávamos lá atrás. A defesa começa lá na frente, a marcação foi muito bem desde os atacantes. Tive um bom aproveitamento, joguei muitas vezes, algo que não fazia há umas três ou quatro temporadas. No ano que vem temos de manter isso e fazer o ataque balançar as redes.
O que você acha que faltou nesse ataque? Por que não funcionou bem?
Foram muitas coisinhas. Nenhum atacante nosso teve uma grande sequência, veio Maikon Leite e machucou, Ricardo Bueno custou a entrar, o Fernandão entrou bem e não jogou mais... A saída do Kleber tirou um pouco do poder ofensivo também. Jogador tem de ter sequência, mas isso é coisa do Felipão. Ele que decide quem entra ou não.
O Kleber faz falta?
O Kleber como jogador a gente não discute, a qualidade é muito grande. Disso não tenho o que falar. Mas sabe como são as coisas no futebol... Continuamos o campeonato sem ele e saímos das dificuldades que nós mesmos procuramos.
Coisas do futebol... Que coisas foram essas em relação ao Kleber?
Isso é com ele e o Felipão (risos), eu não tinha nada a ver. Só fiz meu trabalho e deixei eles resolverem por lá.
Os problemas externos do Palmeiras atingem o elenco?
Para mim não atrapalhava nada, porque chegava no clube, pegava meu material, trabalhava, tomava banho e ia para casa. Não ficava querendo saber do que acontecia com Felipão, diretoria, Kleber... Sei que o Palmeiras é cheio de coisinhas, mas procuro não me envolver nelas. Eles se entendem, só queria fazer meu trabalho para não me envolver em coisas fora do campo. Prefiro evitar, porque senão fica aquela coisa na cabeça. Nem notícias eu leio.
Thiago Heleno comemora seu gol marcado pelo Palmeiras na temporada 2011 (Foto: Ag. Estado) Essa briga Kleber x Felipão explodiu depois do caso de agressão ao João Vitor. Como foi esse dia? Como repercutiu no elenco?
É chato você ver um amigo seu sendo agredido, não sei direito até hoje o que aconteceu, quem começou... Sabendo disso resolvemos tomar uma atitude, não foi só o Kleber que se recusou a concentrar. Fomos atendidos pela diretoria, depois a vida seguiu, sem problemas. E hoje o Kleber está seguindo a vida dele e nós seguimos a nossa com o Felipão.
Depois desse caso, você ficou com algum receio de sair na rua?
Continuei tranquilo, segui fazendo tudo da mesma forma, saí sozinho, fui em restaurante sozinho... Claro que é preciso um pouco de cuidado, saber com quem está andando para não dar mole. Mas acho que foi um caso à parte, não pode crucificar toda a torcida por causa de um fato desses, com dois, três, quatro torcedores.
Em meio a toda essa turbulência, você chegou a temer pelo rebaixamento?
Na cabeça do jogador isso não passa, tem de pensar sempre positivo. Só dependia da gente, então nos reunimos, fechamos o grupo e decretamos que nada podia acontecer. Claro que de vez em quando vem uma imagem na cabeça, mas procuramos esquecer. E assim terminamos o ano de forma digna.
Sem preocupações, vocês tiveram a chance de tirar o titulo do Corinthians. O discurso oficial foi de respeito, mas esse jogo teve um gostinho diferente?
Foi clássico, sempre tem gostinho especial, ainda mais contra o Corinthians. Pela situação de poder tirar o titulo deles, ganhou em importância. Deixamos a desejar durante todo o ano, então seria muito positivo tirar o titulo deles. Tínhamos de vencer de qualquer forma, infelizmente não deu...
Vocês entraram com uma vontade extra...
É como eu falei, clássico não tem jeito, é especial. Aquelas chegadas mais fortes saíram um pouco do controle, mas não foi nada com maldade. O torcedor merecia a vitória, por isso entramos mordendo, tínhamos de vencer de qualquer jeito. Você se arrepende de algo naquela confusão com o Jorge Henrique (o corintiano deu um chute no vazio, e o zagueiro foi tirar satisfações)?
Estava no banco, mas no calor do jogo, não tem como. Às vezes você até chuta o banco sem querer, porque quer estar lá dentro. Mas não fico chateado com o Jorge Henrique, até porque é uma jogada que o Valdivia também faz. Mas fico triste pelo tumulto que deu, aí já chega o Leandro Castán querendo empurrar... E depois disse que só queria separar... Mas ele defende o dele, eu defendo o meu. Na hora eu achei que tinha de ter ido para cima e fui, não me arrependo. Claro que o ideal é ter um pouquinho mais de tranquilidade nessas horas.
E as provocações do Castán, te incomodaram?
Para mim é tranquilo, o que acontece no campo termina lá mesmo. Ele ficou falando coisinhas de eu ter inveja, essas coisas, será que sou eu que tenho inveja? Se for baixar minha ficha e a dele, vamos ver. Não estou aqui para discutir isso, nem tem discussão. Ele que defenda o dele, e eu fico na minha.
Você se sente vulnerável a provocações?
Não, para mim é tudo muito tranquilo, tem de saber levar as coisas e até se fingir de bobo às vezes, para não ser prejudicado depois.
O Palmeiras tem dificuldades para contratar reforços. Você aconselharia um jogador a atuar pelo clube?
Falaria para qualquer jogador vir, é um time bom, com ótima estrutura e não tem problema de trabalhar. O momento que é complicado. Todo mundo tem objetivos na carreira, jogar em time grande é um deles. Mas no futebol tem muito de dinheiro, então tem de esperar. Para contratar jogador de peso, tem de gastar um pouquinho. Com esse atual time, o Palmeiras é capaz de chegar longe?
Tem, claro. No Paulista perdemos nos pênaltis, na Copa do Brasil tivemos um desastre, uma goleada para o Coritiba que nunca mais vai acontecer. Mas chegando três ou quatro temos mais condições de brigar por títulos.
O que falta para completar esse time? Alguma carência em especial?
Independentemente da posição, tem de chegar para jogar e nos ajudar. Se é de nome ou não, não sei. Tem muito jogador sem nome que chega e estoura no campeonato. É que esse ano foi muito conturbado, seria difícil alguma aposta dar certo.
E em relação à torcida, como você se sente? Tem recebido respaldo?
A relação com o torcedor foi tranquila, mas uma vez ou outra sempre tem torcedor cobrando. Isso ocorre em qualquer clube no momento difícil. Mas não tenho do que reclamar, espero que esse ano seja melhor ainda. Sempre tem aquela cobrança, sabemos da importância de um título. Todo mundo está careca de saber que precisamos de conquistas.
Até mesmo um Paulista seria comemorado?
É um título, pelo tanto de tempo que estamos sem ganhar, ganhar um Paulista ajuda bastante e nos tira todo o peso da cabeça. Aí poderemos dar uma boa sequência no ano, mais leves. Assim teremos um 2012 bem bacana.