Uma simples e hipotética cartilha de Luiz Felipe Scolari aos seus jogadores incluiria duas obrigações: conseguir resultados em campo nas oportunidades dadas e ter bom comportamento no ambiente da seleção brasileira. Lucas, ausente pela primeira vez de uma convocação desde que o técnico assumiu, pecou no primeiro ponto.
Felipão não ficou satisfeito com as atuações do atacante nas chances dadas até agora na seleção. No quesito comportamento, porém, o técnico vê o jogador do PSG como exemplar.
O último teste de Lucas foi na vitória sobre Zâmbia, quando começou como titular.
"Preciso de uma definição mais acentuada sobre um ou outro jogador, ver como eles se comportam jogando desde o início e vou dar essa chance para me ajudar a decidir o que vou ou não fazer", afirmou o técnico antes da partida, em Pequim. "Os jogadores sabem, falo com eles no vestiário. Cada um tem que segurar seu pedacinho", avisou.
O "seu pedacinho" Lucas começou a perder bem antes do recado, durante a Copa das Confederações. Xodó da torcida, seu nome foi gritado nos amistosos antes do torneio e nas primeiras partidas da competição, mesmo quando o time estava vencendo.
Diferentemente da torcida, que o via como substituto de Hulk, para Felipão Lucas era uma ótima opção para a reserva de Neymar. Foi no lugar do atacante do Barcelona que ele entrou na estreia do Brasil na Copa das Confederações, na vitória sobre o Japão, por 3 a 0.
Em 17 minutos em campo, Lucas pouco conseguiu fazer. Foi assim também no segundo jogo do torneio contra o México, quando atuou por 13 minutos. Depois disso, Bernard virou a primeira opção do técnico entre os reservas. Com "alegria nas pernas", como descreveu o treinador, o ex-atleticano ganhou espaço.
Bom moço
A favor de Lucas pesa o fato de ser visto pelo técnico como um jogador com bom ambiente na seleção. Desde que assumiu, Felipão repete sempre que pode que o relacionamento fora de campo é vital para o time.
No PSG, Lucas tampouco vive uma boa fase. Foi titular em três dos 11 jogos do Campeonato Francês e marcou apenas um gol.
"É verdade que eu não tive sequência de jogos, mas no PSG há grande rotatividade. Eu tenho outras qualidades e funções em campo", afirmou Lucas à agência Reuters nesta quinta-feira. "Quando eu piso em campo eu me sinto bem e eu não acho que esta situação vai me impedir de jogar a Copa do Mundo", completou.
Além dos amistosos contra Chile e Honduras, a seleção terá ainda mais um jogo antes da convocação final para a Copa. Será contra a África do Sul, em março. A divulgação da lista de convocados para o Mundial será na primeira semana de maio.