Rodrigo Farah
Ídolo alviverde se despediu dos gramados no empate do Palmeiras de 1999 com a seleção brasileira de 2002
Um gigante deu adeus ao futebol nesta terça-feira. Embalado pelo Pacaembu completamente lotado (mais de 38 mil torcedores), “São Marcos” se despediu dos gramados em uma noite de nostalgia para todos os palmeirenses. O eterno ídolo alviverde até abriu o placar em um gol de pênalti e viu o Palmeiras de 1999 empatar com a seleção do penta de 2002 por 2 a 2. Paulo Nunes ampliou para a equipe do Palestra Itália, enquanto Edilson e Luisão igualaram o placar para o time verde-amarelo.
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Em tempos de tristeza e sofrimento pelo rebaixamento recente, os mais de 38 mil torcedores puderam ao menos presenciar relances de glórias passadas, com a presença de craques como Edmundo, Ademir da Guia e Evair. Mas a estrela máxima foi camisa 12, como não poderia deixar de ser.
“Nosso pensamento foi fazer o torcedor se lembrar de dois times vitoriosos. Só tenho a agradecer o carinho. Muita gente largou compromissos importantes para estar aqui”, disse o veterano de 39 anos.
A torcida do Palmeiras fez um mosaico para homenagear Marcos
Foto: Futura Press
Marcos entrou em campo com a filha no colo
Foto: Futura Press
Imagens do jogo de despedida do goleiro Marcos, no Pacaembu
Foto: Reginaldo Castro/Agência O Dia
Imagens do jogo de despedida do goleiro Marcos, no Pacaembu
Foto: Reginaldo Castro/Agência O Dia
Marcos faz aquecimento antes da partida
Foto: Gazeta Press
Imagens do jogo de despedida do goleiro Marcos, no Pacaembu
Foto: Reginaldo Castro/Agência O Dia
Imagens do jogo de despedida do goleiro Marcos, no Pacaembu
Foto: Reginaldo Castro/Agência O Dia
Mais de 38 mil palmeirenses encheram o Pacaembu com muita alegria
Foto: Douglas Aby Saber/Agência O Dia
A torcida do Palmeiras lotou o Pacaembu
Foto: Gazeta Press
“Eu não queria bater o pênalti. A torcida tem saudade de ver o Evair bater. Pênalti com segurança é no meio do gol. A minha vontade era fazer gol de cabeça, após uma cobrança de escanteio. Só fui bater porque todo mundo foi me buscar. O Dida saiu antes para me ajudar”, completou o goleiro, que foi carregado para a cobrança pelos companheiros.
Com o jogo desta terça, Marcos se aposentou do futebol com nada menos do que 533 partidas vestindo a camisa alviverde – ele é o sétimo jogador que mais defendeu o Palmeiras na história.
Ao longo dos 20 anos de carreira, o camisa 12 consolidou a imagem de eterno ídolo palestrino graças aos mais de dez títulos conquistados – entre eles a Copa Libertadores de 1999 e a Série B do Brasileiro de 2003 (quando rejeitou propostas estrangeiras para ajudar o Palmeiras a se reerguer no futebol nacional).
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Mas a maior conquista da carreira do “santo” foi sem dúvida a Copa do Mundo de 2002. Na ocasião, ele afastou a desconfiança de parte de torcida verde-amarela e ajudou a seleção brasileira a faturar pentacampeonato como um dos destaques do time comandado por Luiz Felipe Scolari.
E para sua despedida oficial, nada melhor do que um confronto entre as duas equipes que consagraram o goleiro. De um lado, o Palmeiras campeão da Libertadores de 1999, com a presença de nomes como Alex, Evair e Galeano. Do outro, a seleção de 2002, recheada de estrelas como Ronaldo, Rivaldo, Cafu e Roberto Carlos.
Após meia hora de atraso por conta de uma série de homenagens ao goleiro, o jogo começou sem grandes emoções. Segundo atleta mais ovacionado pela torcida, Edmundo tentou comandar as arrancadas do Palmeiras junto com Alex, sem sucesso. O mesmo aconteceu do lado da seleção, com Rivaldo e Ronaldo.
Foi só aos 21min que o placar saiu do zero. E justamente com ele. O time alviverde armou rápido contra-ataque pelo meio, e Edmundo sofreu pênalti de Belletti. Foi então que os aficionados palmeirenses começaram a gritar em uníssono para que o camisa 12 se encarregasse da cobrança.
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Mas assim como fez em outras oportunidades da carreira, Marcos se negou a bater a penalidade. Levantou o dedo e disse que não sairia da área. Com a recusa do goleiro, foi necessário que jogadores de ambos os times literalmente carregassem o protagonista da festa para a cobrança. Só então o ídolo do Palmeiras aceitou a responsabilidade.
Na frente de Dida, Marcos não titubeou. Cobrou forte, no alto, sem chance para o atual goleiro da Portuguesa. Depois disso, foi cercado por todos os companheiros e ovacionado pelo Pacaembu lotado.
Com vantagem no placar, o Palmeiras de 1999 manteve leve superioridade no decorrer do primeiro tempo até ampliar o marcador. Aos 41min, Edmundo voltou a armar boa jogada dentro da área e deixou Paulo Nunes livre para ampliar: 2 a 0 antes do intervalo.
Na etapa complementar, tanto Luiz Felipe Scolari como César Maluco aproveitaram para realizar uma série de mudanças na seleção brasileiro e no Palmeiras, respectivamente. Com exatos 12 minutos do segundo tempo, Marcos deu seu lugar no gol para Sérgio. Porém, não abandonou a partida e se tornou o novo centroavante no lugar de Evair.
Quando os fãs ainda vibravam pela mudança, Edilson tratou de esfriar a festa alviverde com gol de cabeça logo em seguida. Pouco depois, Luisão aproveitou rebote de Sérgio e igualou o marcador para fechar o confronto. Luzes apagadas às 12:01 do dia 12/12 e gritos eufóricos direcionados para “São Marcos” enquanto ele dava uma volta olímpica no Pacaembu.
"Meu sonho quando sai de casa, acima de alcançar o sucesso e melhoria de vida, era conquistar o torcedor do meu time de criança. Eu queria que vocês tivessem orgulho de mim, acho que deu certo, saio com meu sonho realizado e sentimento de dever cumprido. Para mim foi uma honra enorme vestir a camisa da seleção e, principalmente, da Sociedade Esportiva Palmeiras. Jamais vou conseguir agradecer vocês por isso. Peço que nunca se esqueçam de mim, porque nunca vou me esquecer de vocês", disse Marcos.