Luiz Felipe Scolari disse que São Paulo é sua casa. Agora ele quer transformar São Paulo na casa da seleção brasileira, pelo menos até dia 12 de junho. O técnico não vê a hora de dirigir a equipe na cidade onde escolheu morar. Gaúcho de nascimento, paulistano por opção, Felipão já comandou o Brasil em Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Fortaleza, Salvador - mas nunca na capital paulista. Nesta sexta-feira, às 16h, contra a Sérvia, finalmente terá sua primeira vez.
O amistoso é o último da Seleção antes da estreia na Copa do Mundo, seis dias depois, do outro lado da mesma cidade que até hoje mantém relação de amor e ódio com a equipe verde e amarela. Felipão e seus 23 jogadores estão determinados a apagar de vez as lembranças de vaias e bandeiras atiradas ao campo.
– Quando se escolhe uma cidade para jogar a seis dias da Copa, a mesma onde vamos estrear, é porque temos confiança que esse torcedor vai nos ajudar a superar as dificuldades. Se a história diz que São Paulo é arredia à Seleção, é hora de mudar essa história. Vamos fazer de São Paulo nossa casa a partir de agora – afirmou Felipão, que admitiu também não ter tido opção de escolher outro palco diante do desejo do presidente da CBF, José Maria Marin.
Em solo brasileiro e no comando da Seleção, o técnico ostenta retrospecto invejável: 15 vitórias, dois empates e uma derrota, justamente em sua despedida após o penta, em 2002. Foram 56 gols a favor (média de 3,1 por jogo) e só nove contra.
Jogar em São Paulo com a seleção brasileira também tem peso especial para alguns jogadores. Uns para matar a saudade, outros que buscam algum tipo de reconciliação. Hoje não há atletas de times paulistas entre os convocados, mas há vários “ex”. Ex-Corinthians, ex-Palmeiras, ex-Santos, ex-São Paulo.
Willian, por exemplo. O meia deixou o Corinthians em meio ao triste ano de 2007, quando o clube caiu para a segunda divisão do Brasileiro. Foi vendido por uma fortuna para o futebol da Ucrânia, e deixou no ar a sensação de que poderia ter evitado o rebaixamento se tivesse ficado.
O santista tem a chance hoje de matar a saudade de Neymar. Com ele no time, o Santos acumulou glórias e dinheiro como há muito não se via - ganhou a primeira Libertadores desde a era Pelé, para resumir. Guardadas as devidas proporções, o são-paulino pode se reencontrar com Hernanes, peça-chave na última fase de brilho do tricolor - o tricampeonato brasileiro entre 2006 e 2008, e o palmeirense vai rever Henrique, capitão da última conquista de elite, a Copa do Brasil de 2012.
Durante toda a semana, os jogadores pediram paciência. Há no grupo a sensação de que, se o mau início do último amistoso contra o Panamá, em Goiânia, se repetir em São Paulo, o público não será tão conivente, e as vaias virão bem mais rapidamente.
– O público vai precisar ter bastante paciência. Não quero mudar a forma de o povo torcer, só dar uma dica do que poderá acontecer. O outro time vai estar fechado e só com o apoio da torcida seremos campeões do mundo – disse o zagueiro Dante.
Depois do amistoso, o Brasil entrará na fase final de preparação para a estreia da Copa, dia 12, contra a Croácia, na Arena Corinthians. México e Camarões completam o grupo A.
FICHA TÉCNICA
Brasil
Julio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar (Willian); Hulk, Neymar e Fred.
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Sérvia
Stojkovic, Basta, Mitrovic, Ivanovic e Kolarov; Tosic, Tadic, Gudelj, Matic e Markovic; Dordevic.
Técnico: Ljubinko Drulovic
Data: 06/06/2014 (sexta-feira)
Horário: 16h (de Brasília)
Local: estádio Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Enrique Cáceres (Fifa-PAR)
Auxiliares: Darío Gaona e Milciades Saldivar (ambos do Paraguai)
Transmissão: a TV Globo, o SporTV e o GloboEsporte.com exibem a partida ao vivo. O site também acompanha em Tempo Real.