Principal reforço contratado pelo Palmeiras para 2015 até o momento, o meia Zé Roberto foi apresentado na Academia de Futebol na manhã desta quinta-feira. Recebido pelo diretor Alexandre Mattos na sala de imprensa, o veterano ganhou do dirigente a camisa 11, número que antes era utilizado no Verdão por Wesley, que será jogador do São Paulo assim que seu contrato com o alviverde acabar, no mês de fevereiro.
Apesar da ausência do presidente Paulo Nobre, Mattos manteve o discurso tradicional no clube e pediu que o novo atleta honrasse a camisa. Em clima descontraído, o dirigente apresentou o "jovem" meia-atacante, de 40 anos, ressaltou as qualidades e enalteceu a carreira do jogador, que comemorou a chegada ao novo clube.
- Eu venho muito motivado por uma simples questão. Quando eu completei 30 anos, parece que comecei a viver os melhores momentos da carreira. Quero falar do presente, não do meu passado, ate porque não foi meu currículo que me trouxe, foi meu presente - disse Zé Roberto, que assinou contrato até 31 de dezembro de 2015.
O atleta ainda brincou com a sua carreira e demonstrou não se importar com a idade. Em boa fase, o novo palmeirense ainda prevê uma carreira longa nos gramados.
- Eu devo me aposentar aos 45 anos, para não dizer que vou parar aos 50 anos. Estou com 40, mas me dão 28 ou 30 (risos). Eu me sinto um garotão - completou.
Além de Zé Roberto, o Palmeiras já anunciou a contratação de outros sete reforços: o zagueiro Vitor Hugo, os laterais Lucas e João Paulo, os volantes Amaral, Gabriel e Andrei Girotto, e o atacante Leandro Pereira.
Veja a entrevista completa de Zé Roberto:
BOA FORMA
Eu tirei a camisa e deu para perceber isso. Tenho 40, mas muitos me dão 28 anos. Isso me motiva, chegar aos 40 anos com uma carreira vasta de títulos. Me motiva deixar esse legado. É importante para a juventude que inicia a carreira. É importante para um clube que tem muitos jogadores jovens e tem futuro brilhante. Me sinto um garotão, mesmo com essa idade.
PROJETO DO CLUBE
Projeto é simples. Está chegando o diretor, o gerente, uma comissão experiente, um técnico vencedor, e está buscando peças para juntar com a base do ano passado e montar um time forte. O Palmeiras precisa voltar a ser grande. E para isso, o que precisava era resolver essas questões. Uma diretoria que tem essa visão e os jogadores com sua qualidade somando pelo clube, que é vitorioso. A pré-temporada será sacrificante, porque faremos um trabalho muito forte para dar alegrias aos torcedores.
PRESSÃO E RESPONSABILIDADE
A cobrança e a responsabilidade eu carrego desde os sete anos, quando saí de casa para trilhar meu caminho. Quando virei profissional sempre joguei em grandes equipes e vivi isso. Estou vacinado e sei da responsabilidade que é vestir essa camisa. Se consegui honrar a camisa do Pelé no Santos, as outras são desafio, mas qualquer outra não é desafio tão grande.
PRIMEIRA CONVOCAÇÃO
Quase todos pararam, sou um dos últimos moicanos. Minha primeira convocação foi em 95, no primeiro amistoso após o tetra. Eu não dormi a noite toda porque ia jogar com Bebeto, Romário, Leonardo, Taffarel, Zagallo no comando... Foi quando eu comecei a perceber que jogar com atletas desse patamar eu tinha de me espelhar em alguém. Meu maior espelho era o Leonardo, eu dividi concentração com ele e foi um sonho realizado. Isso vai ficar marcado para sempre. Tive como exemplo, segui a carreira dele e foi um parâmetro para seguir e chegar onde cheguei. Era praticamente a Seleção campeã de 94.
POSIÇÃO PREFERIDA
Eu não tenho escolha, estou à disposição e não tenho dificuldade de jogar em nenhuma posição. A camisa 11 foi porque me apresentaram alguns números disponíveis e escolhi a 11 porque usei no Bayern, no Leverkusen, foi pela identificação mesmo. Nada a ver por ser a posição que eu vá jogar.
OSWALDO DE OLIVEIRA
Ele agrega muito na carreira de qualquer um. Nunca tive a felicidade de trabalhar com ele, mas amigos que trabalharam sempre falaram muito bem da conduta, do profissionalismo... Isso foi muito importante para eu vir também. Estou muito ansioso para juntos colocarmos nossas qualidades nesse pensamento de conquista e de agregar algo na carreira de alguém aqui.
PREPARAÇÃO DIFERENTE
Meu diferencial é meu profissionalismo. Assim posso jogar em alto nível com 40 anos. Desde quando percebi que meu corpo é meu instrumento de trabalho eu passei a cuidar dele. Por isso ele é bem cuidado (risos) e me dá a possibilidade de jogar em alto nível. Nas férias eu paro duas semanas e treino as outras. Tenho meu preparador físico pessoal, faço trabalho funcional, e um fator importante é que a genética me ajuda. Nunca tive lesões, não bebo, não fumo, sou casado há 18 anos, namoro muito pouco porque vivia longe da minha esposa, estava com muito vigor (risos). A maior prova foi ter sido o melhor lateral-esquerdo. Vou voltar à ativa agora, vou voltar para casa e preciso fazer gol em casa. Se não fizer, vou me complicar (risos).
VIDA NA EUROPA
Preciso continuar meu livro, ele parou em 2006, a história é muito bonita. Mas vou providenciar para vocês lerem. E minha ida cedo para a Europa foi fundamental para minha longevidade, porque lá os atletas são mais profissionais. Ele passa a ter mais ambição, buscar a excelência e isso me ajudou muito. Muitos jogadores nas férias pegam o preparador do clube para orientar. Foi fundamental, isso me ajudou muito. Muitos jogadores param cedo por lesão, ou por não se cuidar. Eu nunca tive nada de lesão grave, eu coloquei o profissionalismo em prática na carreira, isso foi fundamental. Eu sabia que eu iria muito longe, porque passei a priorizar essas coisas. E quando faz isso a tendência é ir embora. Aconteceu isso comigo e sempre projetei jogar com idade mais avançada. Alguns jogaram até muitos anos, como Júnior no Flamengo, o volante Fernando, eu via esses jogadores com carreira longa e eu me via nesse patamar deles também.
JOGAR COM VALDIVIA
É uma pergunta mais fácil para o treinador, mas colocar dois jogadores inteligentes, com técnica diferencial pelo clube, agrega muito. Mas é relativo. Depende da formação, mas só vejo coisas positivas. E foi um dos fatores que me fizeram vir, poder jogar com alguém da qualidade do Valdivia. A expectativa para o torcedor é grande, ver dois jogadores nesse patamar juntos.
LIDERANÇA COMO OSWALDO FEZ COM SEEDORF
Não falei com ele sobre isso, mas pode comparar a minha trajetória com a do Seedorf. Aqui tem muitos jovens, eu chego para agregar com minha experiência e é muito positivo agregar com esses jovens como o Seedorf fez no Botafogo. Venho com a possibilidade grande de ajudar esses jovens a crescer.
REFORÇOS DE PESO
O Palmeiras começou com isso desde quando trouxe a nova diretoria e os jogadores. E acho que vai chegar mais. Isso mostra uma reformulação, uma atitude, um pensamento de que o clube busca coisas grandes. O que nos resta é juntar nossas forças e trabalhar forte para termos uma base para um ano, que promete muito para nós, que buscamos coisas grandes. A primeira impressão que ficou do nosso primeiro encontro foi de juntar forças desse grande trabalho para ter um grande ano.