NYT
Após fraco desempenho na TV, equipe democrata subiu o tom contra Romney, fez anúncios agressivos e mudou estratégia para próximos eventos
A campanha do presidente Barack Obama está trabalhando ferozmente para restaurar sua força depois de um desempenho sem brilho no debate presidencial da semana passada, um esforço que começou com uma videoconferência dez minutos antes do término do debate e levou a novos anúncios, um discurso de campanha reescrito, um vazamento cuidadosamente programado e uma inversão de estratégias.
Talvez o mais importante esforço é o que a equipe do presidente vem fazendo para posicionar sua campanha de volta nos trilhos para ganhar os três debates restantes - o próximo, que ocorre na quinta-feira, dia 11 de outubro, será o confronto entre o vice-presidente Joe Biden e Paul D. Ryan. Biden foi para um hotel em Delaware no domingo para três dias de preparativos para o debate.
Sob a tutela de David Axelrod, estrategista-chefe do presidente que está pessoalmente supervisionando os preparativos, Biden está recebendo conselhos sobre como evitar os erros cometidos por Obama e até mesmo como corrigi-los ao ser mais agressivo em relação ao posicionamento republicano. O envolvimento de Axelrod destaca o quanto a campanha de Obama está contando com este debate. Biden leu \"Young Guns\", o livro coescrito por Ryan, e tem praticado as frases de ataque que Obama evitou.
O foco em Biden veio à tona enquanto a campanha de Obama tentava diagnosticar o que aconteceu de errado em Denver e o que devem fazer a respeito disso. Para Obama, foi sem dúvida o ponto mais baixo de sua campanha para um segundo mandato, um fator que proporcionou um novo impulso ao seu adversário. Os próprios grupos de pesquisa da campanha indicaram que ele perdeu. Obama não havia percebido, quando saiu do palco, o quão mal ele havia se saído no debate, mas assessores disseram que ele resolveu intensificar sua estratégia.
"Ele não fica preso no momento. Ele segue em frente \", disse Axelrod. \"Quaisquer que sejam as preocupações sobre ontem, ele acorda no dia seguinte pronto para lidar com o que quer que seja.\"
Na conferência convocada por seus assessores em Denver e Chicago enquanto os candidatos ainda estavam no palco, não houve debate sobre o debate. Nenhum dos conselheiros se enganaram tentando imaginar que o debate havia sido nada mais do que foi: um desastre. Ao invés disso, eles correram para encontrar diferentes maneiras de se recuperar. Eles resolveram atacar Romney levantando dúvidas sobre se ele dizia a verdade. Especialistas em anúncios foram obrigados a trabalhar a noite toda para produzir um anúncio de ataque.
Obama foi auxiliado por dois acontecimentos subseqüentes. Um relatório de trabalho na sexta-feira, dia 05 de outubro, mostrou que o desemprego caiu de 8,1 % para 7,8%, ainda alto, mas de volta ao que era quando ele assumiu o cargo. E sua campanha divulgou particularmente que a arrecadação de fundos estava em alta, dando-lhe uma banca para se recuperar.
Mas o debate continua sendo um evento singular na vida da campanha, assistido por mais de 67 milhões de pessoas - um público maior do que para qualquer um dos debates que Obama participou em 2008, do que qualquer uma de suas convenções de nomeação ou do que qualquer um de seus discursos do Estado da União.
O debate de quinta-feira entre Biden e Ryan pode até não atrair a mesma audiência, mas ambos os lados o veem como sendo crítico e estão se preparando para um confronto contencioso.
Além do debate vice-presidencial, Obama está focado em seu próximo encontro com Romney no dia 16 de outubro. Mas, para um político hipercompetitivo, seu primeiro debate ainda permanece um assunto em aberto. Quando perguntado se Obama estava tirando sarro de seu próprio desempenho no debate, no entanto, um assessor disse: \"Não chegamos a esse ponto ainda.\"
Por Peter Baker e Trip Gabriel