The New York Times
Confrontado com líder islamita no Egito, programa nuclear do Irã e Hezbollah no Líbano, Israel agora calcula como agir para evitar que armas químicas sírias caíam em mãos inimigas
Nas Colinas do Golan, perto o suficiente da fronteira de Israel com a Síria, dá para ouvir \"o barulho das explosões\", observou o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, em 19 de julho, ao afirmar que o poder do presidente Bashar Assad está desaparecendo. \"A desintegração não é abstrata, é real\", disse Barak depois de uma visita acompanhada por um comandante local. \"Ela está se aproximando.\"
Ameaça: Síria adverte que usará armas químicas se sofrer ataque externo
As mudanças na Síria, embora bem-vindas, apresentam uma série de problemas para Israel, seu vizinho ao sul. Os líderes israelenses estão ficando cada vez mais preocupados que os estoques de armas químicas da Síria caiam nas mãos de grupos desonestos que se opõem a Israel, e com a possibilidade do surgimento de uma multidão de refugiados em sua fronteira. Há preocupação de que o colapso do governo sírio poderia levar a uma guerra civil no Líbano.
Deixando de lado sua preocupação com os palestinos, Israel já foi confrontado com uma série de cálculos complexos.
Ataca os armazéns de armas químicas da Síria ou será que isso fortaleceria o poder de Assad, causando a união dos árabes? Será que o país deve agir sozinho contra o programa nuclear iraniano, que enxerga como uma ameaça existencial, ou deixar os EUA continuarem agindo com diplomacia e impondo sanções? Será que Israel deveria agir mais agressivamente contra o Hezbollah, grupo xiita presente no vizinho Líbano? Como deve se posicionar em relação à mudança da paisagem política do Egito, onde o novo presidente vem da Irmandade Muçulmana?
"A situação da Síria demonstra que o Oriente Médio está desmoronando, uma nova forma de caos está substituindo aquele que já existia\", disse Dore Gold, um diplomata de longa data que agora administra o Centro de Jerusalém para Assuntos Públicos. \"Os fundamentos dessa região estão mudando, você não pode simplesmente voltar a ter as velhas discussões de antigamente.\"
A maior questão atualmente é sobre as armas biológicas e químicas da Síria. Durante mais de 40 anos, a Síria acumulou um grande estoque de gás mostarda, sarin e cianeto, de acordo com afirmações de autoridades americanas.
Isso levantou preocupações de que as armas possam cair nas mãos dos inimigos de Israel, incluindo os radicais islâmicos que se armaram na luta contra Assad, ou o Hezbollah, que está cada vez mais preocupado com a potencial queda de seu patrono.
"Israel não sentará e não fazer nada\", disse Danny Yatom, ex-chefe da agência de inteligência Mossad. \"Se obtivermos informações de que os agentes químicos ou agentes biológicos estão prestes a cair nas mãos do Hezbollah, não pouparemos nenhum esforço para impedir que isso aconteça.\"
*Por Jodi Rudoren
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