O governo da Coreia do Norte ignorou nesta quarta-feira (noite de terça em Brasília) a condenação da ONU (Organização das Nações Unidas) pelo lançamento de um foguete, na última sexta-feira (13), e anunciou o rompimento do acordo com os Estados Unidos para o envio de ajuda alimentícia, assinado em fevereiro.
A informação foi revelada por um comunicado da Chancelaria do país comunista e divulgado pela agência de notícias estatal KCNA, sendo posteriormente reproduzido pela sul-coreana Yonhap.
"Recusamos de forma taxativa o procedimento injusto do Conselho de Segurança da ONU que pisoteia no direito legítimo da República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte] de lançar satélites".
No documento, o país ainda defende as intenções pacíficas do lançamento, contestadas por Coreia do Sul e Estados Unidos, que afirmaram ser um míssil balístico, e denuncia o abuso de poder americano como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
De acordo com o governo comunista, Washington boicota iniciativas espaciais "a favor dos interesses dos países que tentam monopolizar tecnologias sofisticadas, como a de lançamento de satélites".
A partir da atuação de Washington, o regime de Kim Jong-un cancelou o acordo com os americanos, em que receberia cerca de 240 mil toneladas de ajuda alimentícia. O tratado já havia sido considerado nulo na semana passada, pouco antes do lançamento.
INSPETORES ATÔMICOS
Na manhã de terça (17), a Coreia do Norte decidiu não aceitar a presença de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para verificar seu programa de enriquecimento de urânio, informou a agência de notícias japonesa Kyodo e o jornal "Yomiuri Shimbun", citando fontes diplomáticas.
O retorno dos inspetores da AIEA à Coreia do Norte foi aceito a princípio por Pyongyang no final de fevereiro, como parte de um acordo com os Estados Unidos que previa ajuda alimentar americana em troca da suspensão do programa nuclear e de mísseis dos norte-coreanos.
Mas a decisão dos Estados Unidos de suspender a ajuda alimentar após Pyongyang lançar um foguete de longo alcance na última sexta (13) provocou a decisão norte-coreana.
O artefato explodiu em voo dois minutos depois da decolagem. Os Estados Unidos e seus aliados, especialmente Japão e Coreia do Sul, denunciaram um teste de míssil de longo alcance.
REFORÇO
O Conselho de Segurança da ONU reforçou as sanções contra a Coreia do Norte após o lançamento fracassado do foguete, e advertiu que imporá "novas ações" caso o país comunista coloque em andamento um novo teste de míssil.
O corpo de 15 membros aprovou de forma unânime uma declaração que condena fortemente o lançamento de sexta-feira, na qual afirma que este causou "graves preocupações de segurança na Ásia".
O Conselho de Segurança afirmou que o lançamento do foguete, que se desintegrou imediatamente sobre o Mar Amarelo, constituía uma "séria violação" das resoluções 1718 e 1874.
A resolução 1874 de maio de 2009 também instaurou um sistema fortalecido de inspeções de cargas áreas, marítimas e terrestres com destino a, ou proveniente de, Coreia do Norte e uma ampliação do embargo de armas.