iG São Paulo
Na Turquia para conversar sobre o conflito sírio, secretária de Estado americana expressa preocupação que país se transforme em santuário para terroristasOs Estados Unidos e a Turquia estão considerando estabelecer zona de exclusão aérea sobre o território da Síria e outras medidas para ajudar os grupos rebeldes sírios, em um momento em que o conflito no país se intensifica.
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A declaração foi feita neste sábado pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Depois de se reunir com o ministro turco de Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, Hillary declarou que Ancara e Washington precisam acertar detalhes do planejamento operacional sobre os meios de dar assistência aos rebeldes que lutam para depor o presidente sírio, Bashar al-Assad.
Imagem de vídeo divulgada neste sábado mostra suposta destruição de casas por bombardeio das forças sírias em Damasco (8/8)
Foto: AP
\"Nossos serviços de inteligência, nossos militares têm responsabilidades muito importantes e papéis a desempenhar, por isso nós vamos criar um grupo de trabalho para fazer exatamente isso\", disse ela.
Indagada sobre se essas conversas incluem opções como a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre o território que os rebeldes alegam controlar, Hillary indicou que essa é uma opção possível.
A imposição da zona de exclusão aérea por potências estrangeiras foi crucial para ajudar os grupos rebeldes da Líbia a depor Muamar Kadafi no ano passado. Mas até recentemente os EUA e aliados europeus manifestavam relutância em assumir um papel militar no conflito sírio, que já dura 17 meses.
Hillary afirmou ainda que ambos os países estabelecerão um grupo de trabalho para planejar uma resposta conjunta à crise na Síria. \"Nosso objetivo número 1 é apressar o fim do derramamento de sangue e do regime de Assad\", disse a secretária de Estado americana, ao lembrar que 2 milhões precisam de ajuda humanitária na Síria.
Acredita-se que os rebeldes sírios venham obtendo armas da Arábia Saudita e do Catar, enquanto os EUA estariam provendo assistência não letal a forças opositoras.
Após a reunião ainda, Hillary e Davutoglu manifestaram temor de que a Síria se torne um santuário para terroristas do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, listado como terrorista pelos EUA) e da Al-Qaeda. A secretária de Estado americana ressaltou que \"ligações entre o libanês Hezbollah, o Irã e a Síria prolongam o regime de Damasco\".
Aleppo
Ao lado de Hillary, o chanceler sírio afirmou que é hora de as potências tomarem medidas decisivas para resolver a crise humanitária em cidades como Aleppo, que está diariamente sob bombardeio das forças de Assad.
Na capital Damasco, forças sírias entraram em confronto neste sábado com rebeldes perto do Banco Central sírio, disseram moradores e a TV estatal.
Os combates começaram depois de uma explosão. A TV estatal informou que \"terroristas\" (termo usado para designar combatentes da oposição) haviam explodido uma bomba em Merjeh. \"Eles estavam atirando para semear o pânico entre os cidadãos\", segundo a emissora.
Na fronteira com a Jordânia, tropas sírias e jordanianas entraram em confronto na noite de sexta-feira, no momento em que refugiados tentavam deixar o território da Síria. Um ativista da oposição síria disse ter visto veículos blindados na área de Tel Shihab-Turra, cerca de 80 quilômetros ao norte da capital jordaniana, Amã, depois que um grupo de refugiados sírios tentou cruzar a fronteira.
Para ajudar refugiados sírios na Turquia, Hillary anunciou uma ajuda de US$ 5,5 milhões (cerca de R$ 11 milhões).
Alemanha
Segundo o chefe do setor de espionagem da Alemanha, Gerhard Schindler, o governo de Assad parece estar em seus momentos finais porque seu Exército está esgotado pelas baixas, deserções e soldados que mudaram de lado.
Schindler afirmou que o Exército de Assad, outrora com 320 mil homens, perdeu cerca de 50 mil deles desde o início do levante contra seu regime, há 17 meses.
Hillary Clinton se espanta com beleza de Palácio Tarabiya, onde é recebida pelo presidente turco, Abdullah Gul, em Istambul (11/8)
Foto: AP
As unidades pequenas e flexíveis da oposição foram minando a força do Exército com táticas e guerrilha, disse ele ao jornal alemão Die Welt, em entrevista publicada neste sábado.
\"Há uma porção de indicadores de que começou o fim do jogo para o regime\", declarou Schindler. \"Isso (as perdas do Exército) inclui aqueles que ficaram feridos, os que desertaram e os cerca de 2 mil a 3 mil que passaram para o lado da oposição armada. A erosão no meio militar continua.\"
*Com Reuters e AFP
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