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Funcionamento de escolas no Afeganistão varia de acordo com poder do Taleban

Funcionamento de escolas no Afeganistão varia de acordo com poder do Taleban

Atualizado: Quarta-feira, 13 Fevereiro de 2013 as 6:45

NYT

Instituição para meninos em Marjah, em Helmand, abre as portas apenas quando a política local permite que isso seja feito, mas instabilidade prejudica ensino e frequência de alunos

O diretor de uma escola para meninos em Marjah, no Afeganistão, experimentou nos últimos três anos semestres escolares ininterruptos que lotaram suas salas de aula, atraindo alunos que vivem a quilômetros de distância. Mas a experiência lhe ensinou a não contar com este tipo de sorte.

Em apenas 12 anos, Abdul Aziz, 50, viu pelo menos dois governos anti-educacionais tomarem o poder. Ele abre as portas de sua escola apenas quando a política local permite que isso seja feito, mas com tanta instabilidade ele não consegue atrair bons professores ou mesmo fazer com que a secretaria de educação da província lhe envie livros suficientes. Sua escola é gelada no inverno, escaldante no verão e mal abastecida o ano inteiro, mas pelo menos permanece aberta.

\"Quando o Taleban chegou ao poder na década de 1990, perdemos muitos alunos e muita gente deixou Marjah\", disse. \"Então, em 2002, depois que o Taleban fugiu, as pessoas voltaram e as escolas reabriram até o retorno do Taleban em 2006, e, em seguida, as escolas fecharam novamente. E foram reabertas em 2010, quando os Fuzileiros Navais se instalaram no local.\"

A combinação de insegurança, problemas logísticos e corrupção na maioria das vezes faz com que as escolas que conseguem abrir suas portas não estejam devidamente equipadas ou organizadas e muitos pais continuam desconfiados em mandar seus filhos para que as frequentem.

Ainda assim, há agora 140 mil crianças matriculadas nas escolas da província, de acordo com a secretaria de educação  da província, um número surpreendente levando em consideração que em 2002, quando Niazi começou a dar aulas novamente, apenas 75 alunos estavam matriculados no ensino médio em Lashkar Gah, a capital da província.

Marjah também experimentou uma história de sucesso, ainda que frágil. Com 9 de 15 escolas abertas e 5 mil crianças frequentando as aulas, não há comparação com três anos atrás. Mas as famílias da região estão sempre prontas para tirar seus filhos da escola por causa do medo de represálias do Taleban. Esse temor é constante, apesar de um esforço por alguns dos insurgentes para melhorar sua imagem, permitindo que as escolas de meninos permaneçam abertas em diversas áreas de Helmand, segundo informou Mohammed Nasim Safi, o chefe da secretaria de educação.

O diretor, Aziz, administra a escola Bloco 5 em Marjah, que fica na intersecção de duas estradas de terra. Seus edifícios ficam um de frente para o outro, divididos por um jardim pouco cuidado. No início do inverno, um vento frio toma conta das salas de aulas onde as crianças sentam-se em antigas mesas de madeira.

Sempre falta alguma coisa nas escolas para meninos - não há escolas para meninas em Marjah. Alguns têm cadernos, mas não possuem mochilas ou sapatos, outros têm sapatos, mas não têm cadernos. \"Temos livros para a 1ª, 2ª, 4ª e 6ª séries, mas não para a 3ª série\", disse.

Amanullah, 12 anos, que usava um chapéu de lã e uma jaqueta que era grande demais para ele, prestava atenção à medida que seu professor, um homem de barba grisalha que usava um aparelho auditivo, falava em voz alta aos alunos.

Na sala de aula ao lado, um professor ensinava a língua pashtun com o auxílio de uma vareta, que periodicamente chicoteava de uma forma ameaçadora enquanto as crianças prestavam atenção nele. \"Eu gostaria de ser um médico\", disse Amanullah, \"ou um engenheiro\". 

Em um dia de inverno em Marjah, até mesmo o guarda da escola, Koko Jan, falou sobre o quão importante é ter acesso a educação. Ele mal consegue escrever seu nome. Enquanto observava um repórter tomar notas na escola, ele parecia melancólico e disse: \"Eu gostaria de poder escrever tão rápido quanto você.\"

 

<p class="\&quot;" \"="">Por Alissa J. Rubin


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