Manifestantes reclamam de inflação, corrupção, criminalidade e a suposta intenção de reeleição de Cristina Kirchner. Em Londres, argentinos também protestaram
O protesto, que acontece num momento de desaceleração econômica e restrição do governo para compra de divisas, foi convocado pelas redes sociais e meios de comunicação por cidadãos sem filiação política e por membros da oposição, embora não se via bandeiras partidárias nas distintas concentrações.
"Sim à democracia, não à reeleição\", dizia um cartaz de manifestantes no centro de Buenos Aires, onde o trânsito estava congestionado pela extensão do protesto.
Outras pesquisas indicam uma imagem positiva maior para a mandatária, embora também mostrem que sua popularidade caiu pelo menos 10 pontos percentuais neste ano.
Cristina tem um estilo de confronto de gestão e de comunicação, o que faz com que o desconforto sentido pelos opositores diante de suas políticas aumente.
O protesto acontece meses depois que a economia argentina começou a desacelerar após quase uma década de sólido crescimento e num momento em que a inflação, estimada em mais de 20 por cento por ano por analistas privados, afeta o poder aquisitivo da população.
Para tentar frear uma fuga de capital, o governo restringiu ainda mais neste ano as compras de dólares, já limitadas desde 2011, o que provocou um amplo descontentamento em setores da sociedade, principalmente de classe média e alta, acostumados a viajar ao exterior ou poupar em moeda norte-americana.
Reino Unido
Em Londres, dezenas de cidadãos argentinos também fizeram um panelaço na noite desta quinta-feira, diante da embaixada da Argentina, para protestar contra o governo da presidente Cristina Kirchner.
"Quero voltar, mas como a situação está agora não é possível. Está muito complicado para todos\", disse à AFP Micaela, uma jovem de 29 anos que mora há três na capital britânica, onde trabalha com pesquisa de mercado.
"O mais preocupante para mim é a insegurança e a falta de liberdade. Já não há liberdade de expressão (...) e não se pode trocar dólares, as pessoas não podem poupar em dólares. Isto é uma vergonha, com um país cheio de recursos, não há explicação\", destacou Micaela.
Convocados pelas redes sociais, os manifestantes carregavam bandeiras argentinas, balões azuis e brancos e cartazes em espanhol e inglês com frases como: \"Nossos direitos são violados dia a dia\", \"Digam não ao projeto Argenzuela\" e \"Não toquem na Constituição argentina\", em referência aos planos para mais uma reeleição de Cristina Kirchner.
"Pedimos um governo menos corrupto e que haja mais controle no andar de cima, e não no de baixo. Lá em cima é um desastre de corrupção e desperdício de dinheiro por todos os lados, sem qualquer controle. Este dinheiro não é do governo, é do povo\", disse Rodrigo, 40 anos.
***Com informações da AFP e Reuters