Leda Balbino
Após ser alvo de ataques em evento que oficializou Romney como seu rival, presidente usará encontro de seu partido para defender que ainda é a melhor opção para os EUA
Dias após ser alvo de duras críticas rivais sobre o desempenho da economia americana e de ser um interlocutor imaginário do ator Clint Eastwood na Convenção Republicana, o presidente Barack Obama tem nesta semana a melhor chance até agora na campanha eleitoral para dominar o noticiário e defender sua continuidade na liderança dos EUA por mais quatro anos.
Os argumentos dele e de seus partidários serão apresentados durante os três dias da Convenção Democrata, que começa nesta terça-feira em Charlotte, a maior cidade da Carolina do Norte, com 750 mil habitantes.
A Carolina do Norte é simbólica como palco da Convenção Democrata pelo fato de Obama ter conquistado esse Estado em 2008 com apenas 13.692 votos de diferença (que lhe garantiram 49,9% do total) sobre o então candidato John McCain. A fração percentual de 0,3% em relação ao republicano garantiu a primeira vitória democrata no Estado desde 1976 e teve como principais fatores o alto comparecimento de negros às urnas e o apoio do eleitorado jovem.
Com a Carolina do Norte neste ano atingida por um desemprego de 9,6%, bem acima dos 8,3% nacionais, Obama corre o risco de não conseguir mobilizar a mesma base de apoio e perder por pouco os 15 votos do Estado no Colégio Eleitoral para seu rival Mitt Romney, que aceitou oficialmente a candidatura republicana na quinta-feira durante a convenção de seu partido em Tampa, Flórida.
De acordo com média de pesquisas de agosto feita pelo site RealClearPolitics, Romney lidera no Estado com 46,5% das intenções de voto, enquanto Obama tem 45,8%.
Nos EUA, os presidentes não são eleitos diretamente pelo voto nacional, mas por disputas estaduais que correspondem a votos no Colégio Eleitoral. Em eleições apertadas, como provavelmente será a votação de 6 de novembro, os chamados Estados-pêndulo – que não são tradicionalmente republicanos ou democratas – serão essenciais nas urnas.
Com esse cenário em mente e de olho nos eleitores indecisos a dois meses da eleição, Obama iniciou no sábado uma viagem chamada de “A Estrada para Charlotte”, pela qual visita Iowa, Colorado, Ohio e Virgínia antes de desembarcar na Carolina do Norte.
A Convenção Democrata será aberta na noite de terça-feira na arena da Time Warner Cable por pronunciamentos da primeira-dama Michelle Obama e pelo prefeito de San Antonio (Texas), Julián Castro, que foi escolhido para fazer o discurso-chave em um aceno a eleitores hispânicos cujos votos são essenciais em Estados como Colorado, Nevada e Novo México.
Essa será a primeira vez que um latino fará o discurso-chave da convenção, incumbência que há oito anos ajudou Obama, então um senador pelo Estado de Illinois, a projetar-se nacionalmente e plantar as sementes para sua candidatura em 2008.
O presidente dos EUA será oficialmente nomeado para disputar um novo mandato na quarta-feira durante discurso do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001). Na noite de quinta-feira, o líder americano aceitará a candidatura no Estádio Bank of America, que tem capacidade para quase 74 mil espectadores, depois de pronunciamentos do vice-presidente Joe Biden e do senador por Massachusetts John Kerry.
Com seu primeiro governo sendo marcado por problemas econômicos como alto desemprego, fraco crescimento e temores da volta da recessão, Obama usará a convenção para concentrar-se no futuro, com o argumento de que sua agenda econômica voltada para o fim de corte de impostos para os ricos, redução da dívida e com ênfase na classe média será bem-sucedida em um segundo mandato.
O evento também será um canal para responder mais uma vez a Eastwood, que na semana passada roubou a cena da Convenção Republicana ao expressar as expectativas frustradas em relação ao atual governo ao conversar com um Obama imaginário em uma cadeira vazia.
No Twitter, o presidente respondeu às críticas do consagrado ator e diretor americano publicando uma foto sua sentado de costas, afirmando: “Esse lugar está ocupado.” Nesta semana, terá a chance de tentar provar que ainda merece continuar na cadeira presidencial.
* A repórter viaja como bolsista do World Press Institute