A legislação holandesa para o uso da maconha é tão liberal que mesmo a pop star americana Miley Cyrus não conseguiu provocar muitas controvérsias quando ela fumou a substância no ano passado durante um show em Amsterdã.
Agora, 35 prefeitos pedem autorização ao governo para que suas cidades também possam legalizar a maconha, em um momento para que a Holanda recupere a dianteira na política a favor da cannabis, agora assumida de forma ainda mais aberta por outros países.
Em um manifesto divulgado na semana passada, os mandatários de cidades como Amsterdã, Rotterdã e Utrecht argumentam que a legislação atual, que permite a venda mas proíbe o cultivo da maconha, levam os famosos coffee shops a procurem traficantes para garantir o seu abastecimento, encorajando o crescimento do crime organizado e consumindo um tempo precioso da polícia desmantelando plantações ilegais.
Um estudo divulgado pelo site de notícias Z24 destacou que a legalização total da maconha renderia ao governo o equivalente a US$ 1,4 bilhão por ano, do consumo pelo turista à tributação.
O governo, no entanto, não se sensabilizou com os argumentos.
- Concordamos com a luta contra o crime e o tráfico, mas não com o instrumento que deve ser usado - diz o ministro de Segurança e Justiça, Ivo Opstelten. Segundo ele, uma mudança na legislação não seria bem recebida pelos países vizinhos, já que a maconha cultivada na Holanda poderia ser levada para outras nações, onde o uso da substância ainda é proibida.
Mas a visão sobre a cannabis já está mudando em outras partes do mundo. Nos EUA, estabelecimentos que vendem maconha foram abertos no mês passado no estado do Colorado - o mercado movimentaria, apenas este ano, US$ 67 milhões. As novas leis estaduais regulamentam o crescimento, a venda e a tributação sobre o uso recrecional da substância, e Washington pode seguir o mesmo caminho ainda este ano.
O Uruguai, em dezembro, tornou-se o primeiro país a legalizar totalmente o consumo da cannabis.