A Comissão de Investigação da ONU sobre crimes contra os direitos humanos na Síria, liderada pelo brasileiro Paulo Pinheiro, denuncia em um relatório, divulgado nesta quarta-feira (11) em Genebra, na Suíça, os "crimes contra a humanidade" cometidos pelas forças do presidente Bashar Assad e os "crimes de guerra" da oposição.
A Comissão menciona, sem poder confirmar, "acusações relacionadas à utilização de armas químicas, principalmente pelas forças governamentais".
"Com base nas provas atualmente disponíveis, não foi possível chegar a uma conclusão sobre os agentes químicos utilizados, seu sistema vetor ou os autores destes atos. As investigações continuam", afirma o documento.
"As forças governamentais e seus partidários continuaram executando ataques generalizados contra a população civil, cometendo assassinatos, torturas, estupros e desaparecimentos forçados, que constituem crimes contra a humanidade", afirma o relatório.
O documento também denuncia as "forças antigovernamentais, que cometeram crimes de guerra, assassinatos, execuções sumárias, atos de tortura, sequestros e ataques contra objetivos protegidos".
Para a comissão, uma ação militar na Síria intensificaria ainda mais o sofrimento da população que permanece dentro do país e afastaria uma solução negociada para a guerra civil.
"Não há solução militar", afirmaram os juristas que integram a equipe.
O relatório revela também que grupos armados curdos se transformaram em atores importantes no conflito e recrutam e utilizam crianças como soldados nos confrontos.
A Comissão de Investigação dirigida por quatro juristas internacionais apresentou o relatório sobre o período de 15 de maio a 15 de julho de 2013 ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O documento deve ser entregue posteriormente ao Conselho de Segurança.
A divulgação deste relatório ocorre na véspera de uma reunião crucial entre os responsáveis das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Rússia, em Genebra, para tentar estabelecer um procedimento que coloque sob supervisão internacional as armas químicas do regime sírio. (Com AFP, Reuters e Efe)