Agentes da Corregedoria do Detran-RJ, com apoio do Ministério Público (MP), da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e diversas delegacias, tinham prendido 88 pessoas, até as 12h desta sexta-feira (18), durante uma operação para desarticular quadrilha de fraudes de documentação e vistorias.
De acordo com a Corregedoria do órgão, a quadrilha que praticava as fraudes faturava cerca de R$ 2 milhões por mês. "Quase 700 carros foram identificados e acreditamos que a quadrilha faturava R$ 2 milhões por mês. A propina gasta pelos proprietários variava entre R$ 50 a R$ 1 mil pelo serviço", afirmou o Anthony Alves, corregedor do Detran.
A megaoperação visa cumprir 122 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão no Rio e outros 16 municípios da Região Metropolitana, Baixada Fluminense e interior do estado. Segundo o Detran, esse é o maior esquema de corrupção da história do órgão.
Ao todo, as promotorias de Santa Cruz, Barra da Tijuca e Campo Grande denunciaram 181 pessoas pelos crimes de associação criminosa, corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, felsificação de documento público, inserção de dados falsos e supressão de documento público. Entre esses, a Justiça requereu a prisão preventiva de 122 pessoas. Entre os procurados estão funcionários de oito postos de vistorias do Detran, entre zangões e despachantes, e pelo menos um dos chefes desses locais.
As investigações sobre a quadrilha do Detran começaram em março deste ano e dão conta que o esquema consiste na aprovação de veículos sem condições mínimas através do pagamento de propina. Em alguns casos, os veículos nem eram levados para os postos e tinham os documentos liberados em troca de propina.
O valor pago aos funcionários variava entre R$ 50 e mais de R$ 1 mil por operação, dependendo do cliente, dos fraudadores envolvidos, da dificuldade e do número de serviços envolvidos. A quadrilha atuava nos postos de Santa Cruz, Campo Grande e Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, Irajá e Vila Isabel, na Zona Norte, Belford Roxo e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, São Gonçalo, na Região Metropolitana, além da sede.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça flagraram inúmeras ligações entre os vários denunciados, tratando do funcionamento da quadrilha. Outras 59 pessoas podem ser presas caso não paguem o valor da fiança estabelecido pela Justiça.
Do total de denunciados, 136 eram funcionarios do Detran e, até as 12h de sexta, 88 pessoas já haviam sido presas na ação conjunta entre a corregedoria do Detran, policiais da delegacia de repressao ao crime organizado (Draco) e Ministério Público. Entre os presos estão 3 policiais miliares que atuavam como peritos licenciadores no esquema.
Segundo o corregedor do órgão, muitos funcionários presos não tinham praticado outros crimes anteriormente. "A maioria dos funcionários não conhecia a seara criminal, eram réus primários e agora podem pegar até 20 anos de prisão", comentou.
A polícia identificou um homem como Marquinhos Santa Cruz, da Zona Oeste do Rio, que seria um dos líderes da quadrilha no Detran e que também estaria articulado com milicianos da Zona Oeste.