Índio permanece em árvore no Maracanã na manhã desta terça

Índio permanece em árvore no Maracanã na manhã desta terça

Atualizado: Terça-feira, 17 Dezembro de 2013 as 6

Índio permanece em árvore no Maracanã na manhã desta terça

O índio Urutau Guajajara, que resistiu à desocupação do antigo Museu do Índio, no Complexo do Maracanã, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (16), passou a madrugada em cima de uma árvore. Bombeiros tentavam negociar e, por precaução, colocaram um colchão embaixo da árvore. O índígena permanecia a uma altura de aproximadamente cinco metros do chão. Ele foi o único que não deixou a área após a reintegração de posse no prédio do antigo museu. Alguns manifestantes também continuavam no local.

Segundo os indígenas, a Justiça não expediu uma nova ordem judicial para a desocupação do imóvel e reintegração de posse. “O governo do estado está usando uma liminar lá de março, do dia 22 de março, que já foi aplicada e suspensa por esse despacho do juiz que unificou todas as ações na esfera federal. Então está suspensa, aquilo não existe”, afirmou o líder indígena Paulo Apurinã.

A Justiça federal informou que depois de março não emitiu novo mandado para desocupação do imóvel. A Justiça ainda informou que o processo está suspendo desde agosto. O governo do estado declarou que se baseou na ordem judicial expedida em março para retirar os índios do prédio. A PM disse que houve resistência e que os policiais precisaram fazer uso de força.

O índio subiu na árvore por volta das 10h e bombeiros foram chamados para retirá-lo. Durante a noite, o advogado dos indígenas voltou ao prédio. Ele diz que tentou entregar água e alimento para  índio, mas foi impedido pelos bombeiros.e classificou a ação como arbitrária.

O advogado Arão da Providência Filho, entrou na 7ª Vara de Fazenda Pública com uma ação civil pública pedindo a reintegração de posse baseado no despacho civil público de 23 de setembro, do juiz Bruno Otero Neves, que determinou que a área de 14 mil metros quadrados [onde está e prédio anexo ocupado pela Odebrecht] seja devolvida aos indígenas.

radial oeste

Alexandre Vasconcelos, funcionário de uma escola técnica e simpatizante da causa, levou comida para o índio Urutau, que estava na árvore. A mulher do índio também esteve no local e tentou entregar comida para ele. Segundo carta lida por uma das lideranças indígenas, a decisão só sairá nesta terça-feira. Por isso, o índio Urutau decidiu permanecer no local.

A carta foi lida pelo índio Ash Ashinka, da etnia Ashinka, do Acre. "Nós sofremos uma violência policial arbitráaria por parte da polícia que chegou sem ordem judicial quando estávamos em luta contra a ocupação do patrimônio indígena que está sendo destruído pela Odebrecht", disse Ash.

Ativistas
Um ativista foi detido durante princípio de confusão entre policiais e defensores do índio, por volta das 12h30. Com ele, 26 pessoas haviam sido levadas para a 18ª DP (Praça da Bandeira) até o horário. De acordo com o delegado titular, Fábio Barucke, 24 pessoas foram ouvidas, autuadas por resistência e liberadas. Uma foi autuada por receptação de material furtado e liberada. Ele foi autuado por desacato e resistência e liberado após pagar fiança.

Cerca de 150 agentes do Batalhão de Choque (BPChq), com apoio do 4º BPM (São Cristóvão), fizeram um cerco na área. Houve momentos de tensão e policiais chegaram a usar gás de pimenta em um princípio de confusão. "Precisamos estabelecer um perímetro de segurança, até porque há risco, algumas pessoas resistiram e houve um tumulto, mas já foi controlado", explicou o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Marcio Rocha.

Protesto contra demolição
A Polícia Militar chegou pela manhã para desocupar o imóvel após o grupo ter invadido, no domingo (15), um prédio vizinho em obras, em protesto contra demolições no local.  Os ativistas reclamaram de violência por parte dos policiais. Em nota, o Batalhão de Choque diz que houve resistência e que foi usada "força proporcional" para conduzir os detidos à DP.

Em nota, o governo do estado afirmou que o antigo Museu do Índio não será derrubado para obras da Copa do Mundo, mas reformado, dando espaço ao Centro de Referência das Culturas Indígenas.

A PM fechou a Radial Oeste por quase três horas, até 10h30, por questão de segurança, segundo a polícia. O trânsito ficou ruim na região até que a via fosse liberada.

Corpo de Bombeiros foi acionado para tentar retirar o índio da árvore (Foto: Janaína Ferreira/G1)Corpo de Bombeiros foi acionado para tentar retirar o índio da árvore (Foto: Janaína Ferreira/G1)

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