O jovem Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, disse em depoimento a três delegados, na tarde desta terça-feira, ter reagido com um estilete à ação policial após ter sido atingido por um disparo efetuado por um policial militar, durante perseguição a ele, no último sábado. O depoimento foi prestado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde ele está internado.
A versão contraria o que foi relatado pelos policiais que participaram da ação: no boletim de ocorrência, os agentes informaram ter atirado em Fabrício apenas depois de terem sido vítimas da tentativa de agressão por parte do rapaz. A ação policial foi classificada como “correta” pelo Secretário de Segurança Pública de São Paulo, que tomou por base imagens de um circuito de segurança que flagraram a perseguição a Fabrício e disse acreditar que os militares teriam agido em legítima defesa.
O depoimento foi acompanhado pelo defensor público Carlos Weis. Para ele, quem agiu em legítima defesa foi o manifestante, e não os policiais, já que ele teria tomado o primeiro tiro, de acordo com sua versão.
— São totalmente incompatíveis as versões apresentadas por ele e pelos policiais. Em pelo menos dois momentos do depoimento, Fabrício reiterou que sacou o estilete apenas depois de ser vítima de um disparo — afirmou Weis.
Os delegados que tomaram o depoimento do rapaz, que continua internado na Santa Casa, não quiseram dar entrevista ao deixar o hospital. Disseram apenas que, na visão deles, o rapaz “apresentou uma versão coerente com a versão policial”. Ao serem perguntados sobre o motivo de Fabrício ter tentado agredir os militares, os delegados não responderam.