Força-tarefa do Ministério Público Federal considera que já há provas suficientes para pedir a condenação de 15 investigados que estão com a prisão preventiva decretada e seguem na carceragem da Polícia Federal, envolvidos na Operação Lava Jato – que apura suposto cartel entre empreiteiras para fraudar licitações e obter contratos na Petrobras, mediante pagamento de propina a agentes públicos.
Entre eles está o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, acusado de crimes como organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.
As denúncias serão apresentadas antes do recesso do Judiciário, no dia 20 de dezembro, e devem atingir 11 executivos de seis grandes empreiteiras: Camargo Corrêa, Mendes Junior, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e UTC. Nos primeiros depoimentos, alguns executivos alegaram que foram coagidos a pagar propina para manter os contratos com a Petrobras.
Nas denúncias devem ser incluídos, além dos executivos das empreiteiras e do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, também o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que assinou um acordo de delação premiada e cumpre prisão domiciliar, além de Fernando Soares, o Fernando baiano, apontado como operador do PMDB no esquema criminoso, e Alberto Youssef, que está em uma cela separada dos outros presos na Polícia Federal, em Curitiba.
Na decisão que decretou a prisão preventiva dos investigados, o juiz Sérgio Moro informou que os crimes retratam uma empreitada delituoso comum, com a formação do cartel das empreiteiras, as frustrações das licitações, a lavagem de dinheiro, o pagamento de propina a agentes da Petrobras e as fraudes documentais.
O doleiro Alberto Youssef, que também assinou um acordo de delação premiada com a Justiça, já detalhou em mais de 100 horas de depoimentos como funcionava a organização criminosa. O trabalho, que já está perto de ser concluído, demorou mais do que o previsto porque os investigadores têm poupado Youssef de longas sessões de depoimento. Ele sofre de problemas cardíacos e já foi internado três vezes desde que foi preso, em março.
A advogada de Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, o único investigado da operação que ainda está foragido, informou ao Fantástico que ele vai se entregar na sede da Polícia Federal em Curitiba nesta segunda-feira (24). Adarico Negromento é suspeito de fazer o transporte de dinheiro vivo em nome do doleiro Alberto Youssef. O Fantástico foi à casa do investigado neste domingo (23), em São Paulo, mas ninguém atendeu.
O advogado de Renato Duque diz que não teve acesso à delação, o que, segundo ele, configura cerceamento de defesa. Afirmou ainda que a delação premiada não é prova, e sim um meio para se buscar uma prova. Por isso, o advogado considera precipitado o oferecimento da denúncia. Os advogados de Paulo Roberto Costa e de Fernando Soares não foram localizados neste domingo. A defesa do doleiro Alberto Youssef informou que não vai se manifestar.