Estudo revela que mulheres que enfrentam longa jornada de trabalho têm mais dificuldade para engravidar

Quem trabalha mais de oito horas por dia aumenta o tempo para engravidar em 20%, diz estudo

fonte: Guiame, com informações de Assessoria Press Página

Atualizado: Quinta-feira, 17 Setembro de 2015 as 4:23

Um estudo realizado na Universidade de Harvard (Estados Unidos) analisou dados de 1.739 enfermeiras com idade média de 33 anos e que estavam tentando engravidar. O questionário aplicado avaliou, inclusive, detalhes da jornada de trabalho, bem como escalas e esforço físico. A maioria trabalhava somente no turno da manhã ou da noite, sendo que 16% enfrentavam escalas rotativas. Mais de 30% afirmaram trabalhar acima de oito horas diárias. Resultado: trabalhar mais de 40 horas por semana pode aumentar em 20% o tempo que a mulher leva até ficar grávida – comparando com quem trabalha entre 21 e 40.

mulher no trabalhoOs pesquisadores também revelaram que 44% delas estavam acima do peso ou eram obesas e 22% eram fumantes ou ex-fumantes. Em um ano, 16% das participantes não tinham engravidado, enquanto 5% não conseguiram engravidar num período de dois anos. As enfermeiras que levantavam cargas pesadas mais de 15 vezes por dia levaram um tempo superior para engravidar de cerca de 50% em relação àquelas cujas rotinas não incluíam muito esforço físico. A associação entre fazer esforço físico e levar mais tempo para engravidar foi mais observada entre mulheres com sobrepeso ou obesas.

Na opinião do especialista brasileiro em Medicina Reprodutiva, Assumpto Iaconelli Junior, diretor do Fertility Medical Group (SP), um dos problemas mais observados entre os casais que buscam ajuda especializada para engravidar é a falta de tempo destinado às relações sexuais frequentes para atingir o objetivo, especialmente durante a ovulação feminina. “A fadiga gerada por trabalhos extenuantes, associada muitas vezes ao estresse mental e emocional de determinadas ocupações profissionais, têm sido bastante recorrentes, já que impactam o bem-estar físico e mental das pessoas. Quando esse fator determinante encontra outras variáveis, como idade avançada, excesso de peso, doenças preexistentes, fumo, álcool etc., é hora de recorrer a um tratamento de reprodução assistida”.

Iaconelli diz que, quando um casal resolve engravidar, o tempo de tentativas até atingir o objetivo costuma girar em torno de três meses, mas depende muito de fatores como estilo de vida, idade, e condição da saúde geral. Por isso, é comum que alguns casais levem até um ano para conseguir engravidar. Para os cerca de 10% a 15% de casais que não engravidam dentro desse espaço de tempo, o ideal é buscar ajuda especializada. “Em alguns casos, pequenos ajustes no estilo de vida do casal podem fazer grande diferença nos resultados. Além de relações sexuais mais frequentes (duas vezes por semana, pelo menos), também fazemos um acompanhamento nutricional e psicológico para que o casal adquira hábitos mais saudáveis de vida e alimentação, além de manter o estresse sob controle”.

Entretanto, a paciente com mais de 35 anos tem apenas 10% de chance por mês de engravidar. De acordo com o especialista, quem tem vinte e poucos anos, todo mês tem entre 20% e 25% de chance de engravidar. Dos 30 aos 34 anos, as chances caem para 15% ao mês. Depois dos 35 anos, essa possibilidade cai consideravelmente. “Quem tem mais de 35 anos e tentou engravidar por seis meses sem sucesso não deve esperar muito para buscar ajuda especializada. Além de a paciente às vezes precisar somente de um ‘empurrãozinho’, com regulação de vitaminas, hormônios, dieta etc., pode ser necessário seguir com tratamentos mais complexos, como a indução da ovulação, transferência de gametas, inseminação artificial por doador, doação de óvulos, injeção intracitoplasmática de espermatozoides, fertilização in vitro etc. O importante é saber que há várias formas de alcançar o desejo de ter um filho e não desanimar”.

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