
A inteligência emocional começou a ganhar destaque como tema de discussão principalmente a partir da década de 1990, quando o psicólogo e jornalista Daniel Goleman publicou o livro “Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente” em 1995.
Com isso, o tema passou a ser amplamente estudado e debatido, sendo aplicado em diversas áreas da vida, como a profissional, a afetiva e a educacional. Até mesmo nas igrejas, começaram a surgir pregações que abordam a inteligência emocional, além de diversos autores cristãos que exploram esse tema tão rico.
Quero trazer aqui algumas perspectivas sobre a inteligência emocional, que pode ser vista como um recurso interno – uma espécie de central de comando que organiza emoções, pensamentos e energia – sob a ótica bíblica.
Precisamos entender que é dentro de nós que nasce a capacidade de perceber, nomear e compreender o que sentimos. Mas esse valor não se limita ao íntimo; ele se manifesta na forma como nos relacionamos com os outros, nas escolhas que fazemos e na qualidade de vida que construímos.
Em termos bíblicos, Jesus já alertava que “a boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45). Ou seja, o que cultivamos por dentro inevitavelmente transborda para fora.
O primeiro passo nesse processo é o autoconhecimento. Observar as próprias emoções e refletir sobre como elas influenciam o cotidiano é um exercício essencial para crescer em sabedoria. Veja o que a Bíblia nos ensina: “Examinai-vos a vós mesmos” (2 Coríntios 13:5).
Reconhecer que a ansiedade pode alterar nossa conduta em uma reunião, ou que a frustração pode afetar todo o dia, é o início de um caminho de maior liberdade emocional.
Esse exercício não significa controlar cada detalhe do que sentimos, até porque isso causaria ainda mais ansiedade, mas aprender a dialogar com nossas emoções. Em termos práticos, é escolher responder à vida com equilíbrio em vez de reagir impulsivamente.
Em Provérbios 29:11, lemos: “O tolo expande toda a sua ira, mas o sábio a reprime e aplaca.” A sabedoria está em administrar o que sentimos, para que não sejamos escravizados por nossas próprias reações. Isso é pura inteligência emocional, e porque não dizer, espiritual.
Outro aspecto fundamental da inteligência emocional é a empatia. Jesus nos deu o maior exemplo quando chorou diante da dor de Marta e Maria pela morte de Lázaro (João 11:35). Ele mostrou que compreender e partilhar as emoções do outro não nos torna fracos, mas humanos e cheios de compaixão pela dor dos nossos amigos.
A inteligência emocional também se manifesta no domínio próprio. O apóstolo Paulo destacou o “fruto do Espírito”, que inclui o autocontrole (Gálatas 5:22-23).
Ter domínio próprio não é reprimir sentimentos, mas alinhar emoções ao caráter de Cristo. É responder com paciência diante da provocação, com mansidão diante da injustiça e com esperança mesmo em meio às adversidades.
Nesse sentido, o psiquiatra e escritor Augusto Cury nos lembra: “O ser humano verdadeiramente estável e profundo emocionalmente feliz é quando ele tem coragem para investir na felicidade dos outros.”
Isso não é lindo? Pois é o que conseguimos quando nos deixamos ser guiados pela inteligência emocional.
Desenvolver inteligência emocional sob a perspectiva bíblica é um chamado à maturidade espiritual. Não se trata apenas de equilíbrio humano, mas de permitir que o Espírito Santo nos ajude a transformar emoções em testemunhos.
O Pai ama você.
Darci Lourenção (@pra_darci_lourencao) é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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