O pecado rouba a fé

O pecado é uma força que corrói, de forma silenciosa e gradual, a relação do ser humano com Deus.

fonte: Guiame, Darci Lourenção

Atualizado: Sexta-feira, 5 Dezembro de 2025 as 10:53

(Foto: Marjhon Obsioma / Unsplash)
(Foto: Marjhon Obsioma / Unsplash)

Esses dias, estava refletindo sobre diversas situações quando, de repente, tive um insight sobre pecado e fé. Por um instante, pensei: “Nada mais distante do que esses dois conceitos”. Mas, logo percebi que, na verdade, existe uma conexão entre esses dois caminhos: o de quem decide se entregar ao pecado e o de quem escolhe trilhar a jornada da fé.

O pecado é uma força que corrói, de forma silenciosa e gradual, a relação do ser humano com Deus. Ele é tão poderoso que a Bíblia afirma: “o salário do pecado é a morte” – ou seja, a separação. Para o pecador contumaz, isso significa viver distante daquele que lhe deu a vida: Jesus!

O profeta Isaías deixou isso evidente ao afirmar: “As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus” (Isaías 59:2).

Por outro lado, a fé é o que nos liga a Deus. É pela fé que nos entregamos a Ele, confiamos n’Ele e seguimos adiante nas diversas direções que a vida nos apresenta.

Interessante que, enquanto refletia sobre a força do pecado que nos assedia, lembrei-me das palavras de Jesus: “Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: ‘Passa daqui para acolá’, e ele passará; nada vos será impossível.” (Mateus 17:20)

Ora, por mais poderoso que seja o pecado, a fé é capaz de vencê-lo! Foi isso que Jesus afirmou. Glória a Deus!

Quando entendemos essas duas realidades – a força do pecado e a aparente fragilidade da fé – percebemos que essa comparação faz sentido apenas sob a ótica humana. No âmbito espiritual, é exatamente o contrário: a fé é infinitamente mais forte e poderosa, mesmo quando parece tão pequena quanto um grão de mostarda.

Mas há algo sobre o qual também comecei a refletir: por que tantos se deixam vencer pelo pecado? A resposta que me ocorreu foi esta: porque essa pessoa não permitiu que a fé fizesse parte de sua vida, assim como permitiu ao pecado. Não se trata do tamanho de um ou de outro, mas da oportunidade que ela deu mais a um do que ao outro.

Quando a alma se afasta dos caminhos do Senhor, algo dentro de nós enfraquece – não apenas a obediência, mas também a confiança.

A fé, que deveria nos servir de âncora, torna-se instável porque o pecado cria um distanciamento afetivo e espiritual.

Mas sabe outra coisa sobre a qual refleti? Essa separação não é apenas espiritual – ela também é emocional, psicológica e existencial.

Do ponto de vista psicológico, o pecado abre fissuras internas. A pessoa passa a lutar com sentimentos de culpa, vergonha, autoacusação e desvalorização – estados que minam a fé. A confiança, essencial para a relação com Deus, dá lugar ao medo e à insegurança.

Quando a mente está dividida, a alma se torna instável. A Bíblia descreve bem essa realidade: “O homem de ânimo dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tiago 1:8).

O pecado produz exatamente isso: uma duplicidade que deixa a pessoa sem firmeza espiritual. Em outras palavras, o pecado rouba a fé!

No campo pastoral, percebo que o pecado rouba a fé também pela perda gradual da sensibilidade espiritual. A pessoa que antes ouvia a voz de Deus com clareza passa a ter dificuldade em discerni-la.

Seu coração se torna endurecido. Esse endurecimento não acontece de repente, mas pela repetição de pequenas concessões, escolhas mal direcionadas e hábitos que silenciam a consciência.

Ao contrário da fé que se alimenta da dependência de Deus, o pecado propõe a autossuficiência. E as decisões que ela terá nunca levarão Jesus em conta.

E é justamente essa independência (ilusória) que enfraquece mais e mais a fé, porque desloca o foco do coração: em vez de depender de Deus, a pessoa passa a depender de si mesma. Enquanto isso, Jesus nos ensinou que sem Ele nada podemos fazer (João 15:5).

O pecado também sabota a fé por meio da distorção da autoimagem espiritual. O indivíduo passa a acreditar que não é mais digno de se aproximar de Deus, que já foi longe demais ou que não há perdão disponível para sua história.

E é nesse ponto que trago a seguinte reflexão final: apegue-se à verdade do Evangelho que confronta essa mentira: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Romanos 5:20). Deus nunca rejeita o coração arrependido; quem foge é sempre o ser humano, não o Criador.

Quando a pessoa volta para Deus com sinceridade, o que o pecado roubou a graça devolve – e devolve com abundância. Assim, a fé renasce, a alma se fortalece e o coração volta a caminhar na presença do Pai.

Nunca se esqueça de que o Pai ama você!

 

Darci Lourenção (@pra_darci_lourencao) é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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