A doutrina bíblica da eleição é rica em conteúdo para vida cristã. Quem não se interessa em conhecer essa doutrina, não terá uma vida frutífera na caminhada cristã. É de suma importância de conhecermos a doutrina da eleição, porque quem compreende, estará bem resolvido na sua fé cristã. O reformador João Calvino afirmou que “pela ordem da eleição, que todas as aflições dos crentes são simplesmente os meios pelos quais são identificados com Cristo” (CALVINO, 2014, p. 343). Calvino está explicando que o salvo pela graça de Deus, mesmo enfrentado as aflições da vida, não terá uma fé turbada. Pois a sua identidade está em Cristo Jesus. Enquanto muitos querer viver o encanto da vida, o salvo em Cristo tem a expectativa de viver a eternidade com Ele. Mas surge uma pergunta: a eleição é condicional ou incondicional? Esse assunto divide opiniões entre arminianos e calvinistas. A eleição incondicional é defendida pelos calvinistas, que segundo eles, Deus em Seus decretos, determinou que um grupo de eleitos fosse salvo e outro grupo fosse os não eleitos.
A morte do Senhor Jesus só se aplica aos eleitos. A eleição condicional ensina que Deus, em Seus decretos, determinou que Jesus Cristo é o eleito, o Salvador do mundo. A salvação é oferecida para todos, mas só quem corresponde a Sua graça será salvo. O Arminianismo defende esse posicionamento. Calvinistas e arminianos creem que a salvação é pela graça de Deus. É Deus quem toma iniciativa na mecânica da salvação. Mas no método da eleição, respeitosamente, discordamos dos nossos irmãos calvinistas. Creio que a eleição condicional é mais coerente na interpretação das Escrituras.
O teólogo Shank afirma que “a eleição é primeiro de Cristo e depois dos homens em Cristo” (SHANK, 2015, p. 29). Só é eleito em Cristo quem O recebe em sua vida. Stamps afirma que “a eleição para a salvação em Cristo é oferecida a todos” (STAMPS, 1997, p. 1808). Referências bíblicas: João 3:16,17; 1 Timóteo 2:4-6; Tito 2:11; Hebreus 2:9. A eleição em Cristo é condicional porque podemos rejeitar o convite da salvação. A expressão paulina em Efésios 1:1, que diz “em Cristo Jesus”, significa que condicionalmente, só quem tem a filiação de Deus, recebe o Senhorio de Cristo Jesus em sua vida. A eleição de Cristo não acontece de uma forma aleatória. Ela é condicional porque, segundo Titillo, “a eleição de Jesus Cristo é central, pois todos os demais aspectos da eleição dependem deste” (TITILLO, 2015, p. 30). Quem recebe Cristo Jesus em sua vida, é um eleito. Fará parte do Corpo de Cristo. Participará do propósito da predestinação. Ele predestinou os eleitos em Cristo a serem: chamados (Romanos 8:30); justificados (Romanos 3:24; 8:30); glorificados (Romanos 8:30); conformados à imagem do Filho (Romanos 8:29); santos (Efésios 1:4); redimidos (Efésios 1:7); participantes de uma herança (Efésios 1:14); para o louvor da sua glória (Efésios 1:12; 1 Pedro 2:9); participantes do Espírito Santo (Efésios 1:13; Gálatas 3:14) e criados em Cristo Jesus para boas obras (Efésios 2:10).
Referências bibliográficas:
CALVINO, João. Série Comentários bíblico: Romanos. São José dos Campos/SP: Fiel, 2014.
SHANK, Robert. Eleitos no Filho – Um estudo sobre a doutrina da eleição. São Paulo: Editora Reflexão, 2015.
STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
TITILLO, Thiago. Eleição Condicional. São Paulo: Editora Reflexão, 2015.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Livre pela graça na ótica do Arminianismo